*”JUSTIÇA QUE AGRADA A DEUS”
(Miquéias 6.6-8)
Sermão preparado para a PIB Linhares, em 21/02/2021, domingo
noite.
Boa noite irmãos.
Estamos chegando ao fim do
ano eclesiástico de 2020, em março começamos um novo com outro tema, mas ainda
sob o tema geral “Minha razão de viver”,
e do subtema da igreja de fevereiro, “Obediência
e Testemunho” eu quero refletir um pouco com os irmãos nesta noite sobre a
“Justiça que Agrada a Deus”.
Confesso que há dez anos que
prego e em nenhuma oportunidade eu preguei neste tema da Justiça de Deus. Acho
que eu não estava pronto para tratar o assunto com segurança, maturidade e
equilíbrio que a meditação na Palavra, a pesquisa, e a idade proporcionam.
*Faltava maturidade talvez para entender como
este assunto está presente em toda a Bíblia, tanto no Antigo, quanto no Novo
Testamento para responder biblicamente à seguinte pergunta: “qual é a justiça que agrada a Deus?”
E responder esta pergunta
sem qualquer tipo de afetação ideológica extra bíblica, mas pensando exclusivamente
na visão de Deus revelada em sua Santa Palavra sobre o assunto.
Não é um tema que vemos
sendo abordado constantemente, talvez porque temos medo de sermos taxados em um extremo de “esquerdistas”,
“marxistas”, “comunistas”; ou no outro
extremo, sermos acusados de “hipocrisia”, “farisaísmo”, “burguesia”
“alienados sociais”.
Mas compete aos pregadores
da Palavra pregarem todos os assuntos que ela mostra como sendo da vontade de
Deus!
Minha
única preocupação nesta noite é refletir sobre a visão de Deus da Justiça, em
especial a concepção de justiça social, para que, conhecendo a vontade
do Senhor, nós possamos direcionar ou redirecionar nossas vidas para nos
juntarmos ao Senhor e fazer a sua vontade na área da Justiça Social.
Curioso que ontem foi o “Dia
Mundial da Justiça Social” (20 de fevereiro)! Só vi a data depois que já havia
escrito a mensagem!
Para refletirmos sobre o
assunto eu escolhi o texto do Profeta Miquéias, Capítulo 6, versos 6 a 8, e
peço aos irmãos que abram suas Bíblias e fiquem de pé para ouvirem a leitura
que farei:
“6. Com que me apresentarei diante do Senhor e me
prostrarei diante do Deus excelso? Devo apresentar-me diante dele com
sacrifícios, com bezerros de um ano?
7. O Senhor se agradaria com milhares de carneiros, ou com dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo
pelo pecado?
8. Ó homem, ele
te declarou o que é bom. Por acaso o Senhor exige de ti alguma coisa
além disto: que pratiques a justiça,
ames a misericórdia e andes em humildade com o teu Deus?” (Miquéias
6.6-8).
*Escolhi o Livro do Profeta Miquéias
propositalmente para falar sobre a ”JUSTIÇA QUE AGRADA A DEUS”, porque os três grandes temas deste
Livro são (1) o esquecimento do
propósito da vida espiritual; (2) a
injustiça social; e (3) a justiça de
Deus, ou, o julgamento divino.
Os três temas são
consequentes um depois do outro. Um puxa o outro. Quando esquecemos do nosso
propósito espiritual em relação a Deus (relacionamento vertical), esquecemos do
nosso propósito horizontal, e a justiça social está incluso neste e, por fim,
sofremos o que Jesus chamou de “julgamento” da parte de Deus!
*Este livro tão precioso foi escrito pelo
Profeta Miquéias; seu nome “Mi qah yah” significa literalmente “Quem
como Iah”, sendo esta última palavra uma contração do nome sagrado de
Deus, Yahweh). É uma pergunta: Quem é como Yahweh? Quem é como Deus?
*O ministério profético de Miquéias foi
exercido por volta dos anos 730 a 720 a.C., tendo sido contemporâneo do profeta
Isaías, mas enquanto Isaías pregava na corte em Jerusalém, Miquéias pregava na
região rural de Moresete-Gate (Mq 1.14) há cerca de 32 km a sudoeste de
Jerusalém.
Um homem destemido em
denunciar os erros do seu próprio povo e em especial dos líderes do seu povo[1].
Podemos afirmar que Miquéias
é o profeta defensor do homem pobre e comum e que seu livro é o evangelho da
justiça social. Ele denuncia a opressão do fraco, o suborno entre os líderes, a
expulsão de mulheres de seus lares, a prática de toda espécie de roubo, grande
parte dele em nome da religião (Mq 2.1-2 e 9; 3.2,9-11; 6.7-8,11-12; e 7.2-6).
É neste contexto que vamos
encontrar a resposta de qual é a “Justiça que agrada a Deus”. Assim, em
primeiro lugar, para fazer a justiça que agrada a Deus...
*1) É PRECISO CONHECER A VONTADE DE DEUS (o que Deus revelou sobre a
justiça que Ele espera?) (v. 8).
*8. Ó
homem, ele te declarou o que é bom. Por acaso o Senhor exige de ti
alguma coisa além disto: que pratiques a
justiça, ames a misericórdia e andes em humildade com o teu
Deus?” (Miquéias 6.8).
A expressão “andar em
humildade com Deus” tem o sentido de conhecê-lo intimamente e estar atento ao
que Ele deseja e ama.
*O termo hebraico para “justiça” é mishpat,
e “misericórdia é “hesed”.
Mishpat
foca na ação (fazer – é o verbo), enquanto “hesed” é a motivação por
trás da ação, é a razão para fazer justiça!
Mishpat
(justiça) é um termo muito rico, é a palavra que se usa para tratar as pessoas
com imparcialidade, aplicar a mesma punição a quem comete o mesmo erro, ou assegurar os direitos de cada um.
Dar
às pessoas o que lhes é devido, seja punição, seja proteção ou cuidado.
*Nós podemos pensar, ainda hoje, que o
conceito de “Justiça”, portanto, está relacionado a equilíbrio! Acho que por isso ainda hoje o símbolo da
justiça é uma balança.
Feito esta rápida
consideração sobre “justiça” eu quero olhar para os textos bíblicos para
podermos identificar qual a vontade de Deus quando falamos de Justiça e,
especialmente, Justiça Social.
A Bíblia é nosso guia seguro
quando buscamos conhecer a vontade de Deus!
Vou apresentar três textos
bíblicos do Antigo Testamento e três do novo testamento, poderia citar um
número muito maior, mas em razão do tempo, vamos ficar com alguns exemplos:
O primeiro deles é Zacarias
7.9-10. Este texto é uma resposta ao questionamento do povo a Deus se eles
deveriam chorar e jejuar o quinto mês, como tinham feito por anos. Deus
respondeu da seguinte forma, perceba que Deus apresenta aqui o que podemos
chamar de “quarteto da vulnerabilidade”, os quatro grupos mais carentes da
sociedade judaica:
*“9. Assim falou o Senhor dos Exércitos: Praticai
a justiça verdadeira, mostrai bondade e compaixão, cada um para com o seu
irmão;
10. e não oprimais a viúva,
o órfão, o estrangeiro e o pobre; ninguém paneje no coração o mal
contra seu irmão.” (Zacarias 7.9-10).
*A “justiça” (mishpat) de uma sociedade
é avaliada de acordo com o tratamento dado a esses grupos de vulneráveis.
Qualquer negligência em
relação às necessidades de quem faz parte desse quarteto não é simplesmente
falta de misericórdia ou caridade, mas uma
violação direta da justiça que Deus espera. Esse é o significado da
expressão “fazer justiça”!
Segundo texto: Salmos 68.5.
*“5. Pai
de órfãos e juiz de viúvas, é Deus na sua santa morada.” (Sl
68.5).
Quando eu sou apresentado
por um dos irmãos aqui da igreja, os irmãos dizem: Este é o Pastor Marcos, ele
é um dos meus pastores lá da igreja.
Quando eu apresento o Pastor
Enilton, eu digo, este é o meu pastor, ele é pastor da PIB de Linhares.
Se eu for apresentar um dos
irmãos, vai se algo parecido, este é o Fulano, ele é...
A
principal identificação que temos da pessoa é a que falamos ao apresentá-la!
No Salmo 68, verso 5, Deus é
apresentado como Pai de órfãos e juiz
de viúvas!
E
porque escritores da Bíblia apresentam Deus desta forma?
Porque
esta é uma das principais coisas que Ele realiza no mundo. Deus se identifica
com os fracos, ele defende a causa deles!
Último texto do Antigo
Testamento:
Isaías 58.6-7 (mais uma
discussão sobre atos religiosos e justiça social):
*“6. Por acaso não é este o jejum que escolhi? Que soltes as cordas da maldade, que
desfaças as ataduras da opressão,
ponhas em liberdade os oprimidos
e despedaces todo jugo?
7. Não é também que repartas
o pão com o faminto e recolhas
em casa os pobres desamparados? Não é que vistas o nu, o cubras e não
deixes de socorrer o próximo?” (Is 58.6-7).
Eu poderia citar uma
enormidade de textos do Pentateuco, dos Salmos e Provérbios e em especial dos
profetas, mas estes três são suficientes para entender que Deus tem um olhar
muito especial para o necessitado, o carente e o injustiçado!
Mas e no Novo Testamento,
Deus continua como o Pai dos “pobres,
da viúvas do estrangeiro e do órfão”?
Sim, e Jesus Cristo fala da
forma que Deus deseja que os mais necessitados da sociedade sejam tratados em
vários textos, inclusive, citando que a forma como tratamos os mais
necessitados será uma das formas, talvez a mais concreta, como serão
identificados aqueles que são salvos:
O principal texto que
destaca isso é sem dúvida o de Mateus 25.31-46. O texto é bem conhecido, por
isso não vou ler todos os versículos, mas apenas os versos 31 a 36 e o 40:
*“31. Quando, pois, o Filho do homem vier na
sua glória, e todos os anjos com ele, então se sentará no seu trono glorioso;
32. e todas as nações serão reunidas diante dele; e ele
separará uns dos outros, à semelhança do pastor que separa as ovelhas dos
cabritos;
33. e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à
sua esquerda.
34. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita:
Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo;
*35. porque tive fome, e me deste de comer;
tive sede, e me deste de beber; era estrangeiro, e me acolhestes;
36. precisei de roupas, e me vestistes; estive doente, e
me visitastes, estava na prisão e fostes visitar-me.
40. E o Rei lhes responderá: Em verdade vos digo que sempre que o fizerdes a um
destes meus irmãos, ainda que dos mais
pequeninos, a mim o fizestes.”
(Mateus 25 31-36 e 40).
Mais claro que isso
impossível! Eu não precisaria citar qualquer outro texto. Mas como pode surgir
uma pergunta que pode passar pela cabeça de alguém em razão da tradição de
certo seguimento religioso que tem a prática de boas obras como requisito para
salvação, eu quero ler o segundo texto, Lucas 14.12-14.
Este texto mostra que boas
obras não são requisito para salvação,
mas são resultado da salvação pela
graça (Lucas 14.12-14):
*“12. Disse também ao que o havia convidado:
Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos,
nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não aconteça que eles também
te convidem, e recebas isso como retribuição.
*13. Mas, quando
deres um banquete, convida os
pobres, os aleijados, os mancos e os cegos;
14. e serás
bem-aventurado, pois eles não têm com que te retribuir. A tua
retribuição será na ressurreição dos justos.” (Lc 14.12-14).
*Você já deve ter ouvido o hino cristão “Amazing
Grace”, cuja letra é de um pastor anglicano do século 18, chamado John
Newton, ex-traficante de escravos que se converteu ao evangelho e aderiu à luta
de William Wilberforce contra a escravidão na Inglaterra.
John Newton escreveu o
seguinte sobre este texto de Lucas 14.12-14:
*“Chegamos
quase a pensar que Lucas 12.12-14 não faz parte da palavra de Deus (...) e nenhum ensino de Jesus tem sido mais
negligenciado por seu próprio povo. Não acho errado acolhermos nossos amigos;
mas, se essas palavras não nos ensinam
que temos a responsabilidade de, em alguns aspectos, dar preferência aos
pobres, então não entendo o que querem dizer”[2].
O último dos três textos do
Novo Testamento será só uma observação para entendermos plenamente a
importância do tema da Justiça Social aos olhos de Deus.
*Lucas
16.19-31, o ensino de Jesus sobre a vida após a morte, céu ou inferno.
A parábola tem dois
personagens principais, um chamado “Lázaro”,
que era um mendigo que foi negligenciado pelo outro personagem da história,
chamado de “homem rico”, uma
pessoa egoísta e mesquinha, que tinha uma quantidade absurda de bens e
benefícios materiais, mas não atendeu às necessidades mais básicas do mendigo
Lázaro, que morreu à sua porta!
Irmãos, você conhece a
parábola, quem foi para o céu,
e quem foi para o inferno?
O mendigo desamparado, necessitado,
foi para o Céu, o rico egoísta foi para o Inferno!
E podemos depreender do
ensino de Jesus que o rico foi para o Inferno, não por ser rico, mas porque “não ouviu Moisés e os Profetas”
(Lucas 16.29).
Moisés representa a Lei,
logo, o homem deveria ter ouvido a “Lei
e os Profetas”, se tivesse feito isso, se tivesse conhecido a vontade
de Deus sobre “Justiça Social”, certamente
teria usado suas riquezas para suprir as necessidades de Lázaro!
*Não há qualquer dúvida de que Deus se
interessa com muita intensidade
pelo tema da Justiça Social
Nós sabemos que Deus tem um
olhar muito especial sobre o tema da Justiça Social, porque eu tenho que
repartir meus bens com quem passa por privações? Porque eu tenho que investir
meu tempo em visitar doentes, presos, distribuir alimento ou cobertores nas
ruas, investir recursos nisso?
Porque eu tenho que
reivindicar políticas públicas, leis, que atendam às necessidades dos mais
necessitados, que supram os Bairros mais pobres da minha cidade com
equipamentos públicos que possam permitir a estes necessitados, suas famílias,
que possam superar essas necessidades?
Qual a motivação? Isso tudo
é o fazer, é mishpat (justiça), mas qual deve ser a motivação?
A pergunta é:
*2) POR QUE FAZER JUSTIÇA? (qual deve ser a minha motivação?) (v.
8).
*8. Ó
homem, ele te declarou o que é bom. Por acaso o Senhor exige de ti
alguma coisa além disto: que pratiques a
justiça, ames a misericórdia e andes em humildade com o teu
Deus?” (Miquéias 6.6-8).
E a resposta é o que
Miquéias chama de hesed: Misericórdia! Ou, em uma tradução mais próxima: Amor fiel e constante!
*A
justiça social é uma resposta à Graça de Deus!
E eu preciso falar um pouco
com você sobre “graça”.
Nós conceituamos com muita
simplicidade em teologia o termo “graças” como “favor imerecido”!
Não merecemos, mas a
recebemos de Deus e por ela somos salvos, como está escrito em Efésios 2.8-9: “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom
de Deus; não vem das obras, para que ninguém se orgulhe”.
“Dom” é o grego dôron
(presente). Por isso, assim como ninguém merece um presente, nós damos
presente porque queremos ver a outra pessoa feliz, ninguém merece a salvação!
Por isso somos salvos pela
graça, e o Cristianismo é a única religião do mundo que ensina isso!
A maioria das religiões diz
que se você fizer muitas coisas boas ao longo da vida, atos nobres e heroicos,
e acumular essa bondade toda, ao final, Deus vai salvar você pelo seu crédito
espiritual com Ele.
*É como se a salvação fosse uma porta e para
passar por ela, essas outras religiões dizem que você deve chegar carregado de
boas obras, boas ações, atos nobres, e então toda essa carga vai te dar o
direito de passar pela Porta da Salvação se estiver carregando tudo isso!
Não é o que a Bíblia diz, a
Bíblia diz que nenhum merece passar pela porta (Rm 3.23 e 6.23), que todos os
fardos que carregamos não passam pela porta, que eles ficam do lado de cá, nem
as nossas roupas passam pela Porta da Salvação, quem atravessa essa porta
recebe “vestes de justiça” do outro lado (Ap 19.8).
Porque a “Porta da Salvação”
só pode ser atravessada por quem se arrepende de seus pecados com sinceridade e
entrega toda sua vida a Jesus Cristo, que passa a ser o seu Senhor e Salvador!
E essa porta é tão moderna e
sofisticada, que só passa a pessoa, é como se ela se amoldasse ao corpo do
salvo. Por isso, quando falamos de salvação, não há tamanho de pecado,
pecadinho ou pecadão, ninguém passa pela porta se permanecer pecador.
“-Mas eu sou uma pessoa tão
boa, eu alimento os pobres, dou remédio, dou cesta básica..., eu não tenho um
crédito a mais com Deus?”
Não, porque salvação é pela
graça! Pecadinho ou pecadão não fazem diferença. Imagine que o pecado é uma
coisa que gruda em você e quanto mais pecador mais coisas grudadas vão ficar em
você.
Você contou uma
“mentirinha”, só isso, aos seus olhos é uma “mentirinha inocente”, mas a Bíblia
diz que isso é pecado! Então ela grudou em você, como uma poeirinha ou um
dedinho de pecado.
Mas a pessoa que está ao seu
lado diante da “Porta da Salvação é estuprador de crianças, espancador de
idosos e mulheres, traficante e assassino. Quase não consegue andar, de tanto
pecado grudado nele, quilômetros de pecado grudado.
Mas a “Porta da Salvação” é sofisticada,
como eu disse, nem a sua roupa passa, apenas você. Então eu pergunto? Faz
diferença se é um “dedinho de pecado” ou “quilômetros de pecado” para passar na
porta?
Não, não faz, ambos precisam
se arrepender de seus pecados, e entregarem suas vidas a Jesus Cristo! Então a porta se abre para uma nova vida!
Por
isso se chama graça! Favor imerecido!
Por isso precisamos fazer
Justiça Social, por isso precisamos suprir as necessidades dos mais
vulneráveis: pobres, idosos e crianças desamparadas, estrangeiros necessitados,
sem tetos e por aí vai!
Porque tudo o que está conosco não é nosso, é de Deus! Foi-nos
confiado para administrarmos, não é nosso! É para usarmos em benefício tanto nosso
e como daqueles que precisam!
Nenhum
coração que ama a Cristo pode ser frio com os vulneráveis e necessitados,
porque nós éramos absolutamente necessitados diante daquela “Porta da
Salvação”, e Jesus a abriu para nós pela graça, não porque merecíamos!
Não
devemos fazer justiça social (alimentar, vestir, cuidar) por culpa! A
culpa é um péssimo combustível, queima muito rápido, se acaba e não deixa
resultados.
Mas a gratidão é um ótimo
combustível para fazer participar da justiça social desejada por Deus!
*Eu reconheço que tudo o que tenho é de Deus,
estou administrando para Ele e por isso vou compartilhar com quem necessita: Gratidão!
*Eu reconheço que não podia sozinho sair do
pecado, sem Jesus eu ainda estaria condenado, por isso vou ajudar outras
pessoas a saírem das suas dificuldades, porque sozinhas elas não vão conseguir:
Gratidão!
*Eu reconheço que fui curado do pecado pela
Graça de Deus e seu perdão, por isso vou ajudar outros a serem curados das suas
mazelas, espirituais, físicas e emocionais, não porque elas merecem minha
ajuda, mas porque eu não merecia ajuda e Deus assim mesmo Ele me salvou: Gratidão!
Há pessoas que até ajudam os
necessitados, mas só se eles se filiarem à igreja, ou se forem bonzinhos, ou se
comportarem bem! É como se dissessem: “-Eu ajudo quem merece!”.
Já pensou se Jesus salvasse
apenas “quem merece”? Ninguém seria salvo!
Por isso a justiça social
também é um “ministério de misericórdia”, que resulta em ajudarmos mesmo
aqueles que não merecem, porque nós também não merecíamos nada de Deus, e ainda
assim recebemos: Gratidão!
Eu não estou dizendo que
todos os pobres são salvos por serem pobres, ou que eles não têm
responsabilidades, não é isso, a Bíblia elenca que há três causas básicas para
a pobreza: opressão, calamidades e fracasso moral individual.
*Mas seja qualquer uma destas três causas, é o
desejo de Deus que nós enquanto indivíduos nos engajemos em trazer “equilíbrio” ao mundo em que
vivemos, à comunidade da qual fazemos parte!
Ou você acha é que da
vontade de Deus que uma família ou criança passe fome? Ou, seja violentada
sexualmente?
É desejo de Deus que
alcoólatras ou drogatizados permaneça bebendo ou usando drogas?
É da vontade de Deus que
idosos sejam esquecidos em asilos, sem receber amor e atenção?
Seria a vontade de Deus que
as crianças de um bairro pobre não tenham um local adequado para estudar e
fazer atividades físicas, mas se voltem para o uso de drogas ou a prostituição?
Nenhum
cristão vai dizer que qualquer uma dessas coisas é da vontade de Deus!
Deus deseja que tenhamos uma
vida plena: espiritual, emocional, material e social!
Para
finalizar, qual é nosso papel enquanto cristãos e igreja neste mundo de tanta
injustiça social?
O que podemos e devemos
fazer?
O tema do ano eclesiástico
que está acabando não acaba com o ano eclesiástico “Minha razão de viver”, e do subtema da igreja de fevereiro, “Obediência e Testemunho”!
Como igreja, em primeiro lugar, precisamos
evangelizar, precisamos ir até essas pessoas e projetos sociais são uma possibilidade de evangelização, mas
a justiça social não é necessariamente acompanhada da pregação explícita do
Evangelho, como Jesus ensinou em Mateus 5.16 “vejam as vossas boas obras
e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus”).
Em segundo lugar, precisamos
nos nutrir do Evangelho como uma comunidade de fé. Se eu e você não tivermos um
coração alinhado com Deus não teremos um coração alinhado com os que passam
necessidades, os excluídos socialmente. Quem não enxerga e podendo, não supre
as necessidades dos outros é porque o seu coração também não está alinhado com o
coração de Deus!
Terceiro: Como igreja
podemos investir os recursos materiais e os dons e talentos que Deus nos deu
para fazermos justiça social na comunidade onde estamos inseridos!
Falei como igreja, mas e
como indivíduos, profissionais, cidadãos o que podemos fazer!
Tudo que Deus espera de nós!
Alimentar, visitar, socorrer, ensinar, ajudar, começar campanhas para
arrecadação de coisas. Acompanhar famílias até que elas aprendam a caminhar com
as próprias pernas.
Auxiliar pessoas a
encontrarem as portas certas de assistência social oficial pública. Auxílio
jurídico, médico, de enfermagem, assistência social, alimentação, construção ou
reforma e moradias, encaminhamento programas de desintoxicação e reabilitação.
Buscar junto aos órgãos
públicos o cuidado com bairros carentes para que tenham praças, locais de lazer
e esporte, segurança pública, atividades culturais saudáveis.
Talvez nós não saibamos tudo
que é feito pela igreja ou por alguns irmãos na área da justiça social, como
entrega de cestas básicas pagamento de medicamentos, gás, energia elétrica.
Há um irmão da igreja, não
vou citar o nome pois não pedi autorização a ela para isso, mas eu fiquei muito
feliz ao saber que ele coleta frutas, legumes e vegetais nas propriedades
rurais de seus familiares e de outros amigos e distribui a famílias carentes
aqui de Linhares, para que elas tenham uma alimentação mais saudável e
equilibrada. Justiça Social. Gratidão a Deus!
Não há limites para a
justiça social que o povo de Deus pode fazer!
E eu encerro com um
versículo que pode expressar muito bem a intensidade com que Deus quer que a
justiça social seja feita por aqueles que se chamam pelo seu nome, o seu povo: Amós 5.24! O versículo favorito
de Martin Luther King Jr. Para a campanha de direito civis em que ele se
envolveu:
*“24. Corra porém a justiça como as águas, e a
retidão, como o ribeiro perene.” (Amós 5.24).
Esta é a vontade e Deus, que
Ele nos ajude a fazermos a sua vontade, para que as necessidades daqueles que
padecem de fome, frio, doença, medo, angustia tenham as suas necessidades atendias.
Que aqueles que são
explorados, injustiçados em razão da sua cor, sexo, ou condição social possam ver a justiça correndo como as águas
e a retidão como ribeiro perene, pela ação dos filhos de Deus!
Que todos os necessitados vejam as nossas boas obras e glorifiquem
ao nosso pai que está nos céus!
Vamos orar neste momento. Oração.
Linhares, 21 de fevereiro de
2021.
Pr.
Marcos José Milagre
PIB
Linhares
[1] O contexto histórico
político-religioso de Miquéias pode ser visto em 2 Reis 15.17 até 20.21 e 2
Crônicas 26 a 30.
[2] Keller, Thimothy. Justiça
Generosa. São Paulo: Vida Nova, p. 63.
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