sábado, 5 de janeiro de 2019

A PARÁBOLA DO AMOR AO PRÓXIMO.


*”A PARÁBOLA DO AMOR AO PRÓXIMO.”
(Lucas 10.25-37)
Mensagem preparada para pregação na PIB Linhares, em 06/01/2019, domingo manhã.

Bom dia irmãos,

Vamos continuar meditando nas parábolas de Jesus. Na quinta-feira tivemos a abertura desta pequena série de mensagens sobre as parábolas, refletimos sobre o que é o Reino de Deus, e o preço de ser um discípulo de Jesus e cidadão do seu reino.

Nesta manhã como anunciado, vamos meditar em uma das parábolas mais conhecidas, pessoalmente uma das minhas favoritas, que a chamada parábola do “bom samaritano”.

Por gentileza, abra sua Bíblia no Evangelho Segundo Lucas, capítulo 10, versos 25 a 37:

“25. (...)” (Lucas 10.25-37).

Essa parábola tem como temática o amor ao próximo, por isso o tema da mensagem segue o tema da parábola e a designei o tema de hoje de:

A PARÁBOLA DO AMOR AO PRÓXIMO.

Vamos orar mais uma vez.

É uma história bem conhecida.

*Tudo começa quando Jesus é colocado à prova por um “certo doutor da lei” (verso 25 – provavelmente um Fariseu), que o pergunta: “Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?”.

Guarde esta pergunta na sua mente, ao final vamos voltar a ela.

Mas, aqui já há algo que deve ter parecido um absurdo para os ouvintes.

*O sujeito é um doutor da lei, ou seja, estudou com um rabi de uma escola conhecida, tem o reconhecimento desta escola rabínica, hoje ele teria um diploma superior em Teologia, ele atende pessoas que o procuram para tirar dúvidas sobre a Bíblia e ele vai perguntar para um pregador itinerante que na sua própria terra não teve credibilidade, como é que alguém pode ir para o Céu?

Nem os conhecidos de Jesus que o viram crescendo entendiam de onde vinha sua sabedoria e autoridade (Marcos 6.1-3):

*“1. Jesus saiu dali e foi para sua terra, e os discípulos o seguiram.
2. Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; ao ouvi-lo, muitos se maravilhavam, dizendo: De onde lhe vem essas coisas? Que sabedoria é que lhe foi dada? Como se fazem tais milagres por suas mãos?
*3. Este não é o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E suas irmãs não estão aqui entre nós? E escandalizavam-se por causa dele.” (Marcos 6.1-3).

Nem na sua própria terra as pessoas tinham conhecimento de onde vinha a sabedoria de Jesus, como um homem que até então exercia a função de carpinteiro (ou artífice) podia saber aquelas coisas?

Ele não tinha formação em teologia, não era de linhagem sacerdotal, não era de família de profetas, não era chefe de sinagoga, não era da Tribo de Levi.

Mas mesmo assim aquele que era um doutor da lei estava lhe perguntando como ir para o Céu!

Continuando a narrativa que precede a parábola do bom samaritano, Jesus devolve a pergunta ao doutor da lei (verso 26):

O que está escrito na lei? Como lês?” Em aramaico, a língua falada por Jesus no dia-a-dia, a palavra usada deve te sido “qara”, e pergunta ficaria assim: “Como recitas?”. Os judeus recitavam, e ainda recitam, as escrituras como rezas.

O Doutor da Lei então recitou uma combinação dos textos de Deuteronômio 6.5 e Levítico 19.18:

*“5. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma com todas as tuas forças.” (Deuteronômio 6.5).

“18. Não te vingarás nem guardarás ódio contra gente do teu povo; pelo contrário, amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.” (Levítico 19.18).

Sobre o amor a Deus não pairava qualquer dúvida. Deus era único e conhecido de todos os judeus.

Eles recitavam todos os dias, pela manhã e antes de dormir o Shemá Israel (“Ouve ó Israel”), que no começo era apenas o texto de Deuteronômio 6.4-9, depois passou a englobar também Deuteronômio 11.13-21, e Números 15.37-41. 

Mas sobre quem era “o próximo” que devia ser amado para que se pudesse ter acesso ao Céu, havia discussão entre os doutores da lei.

Havia uma ideia majoritária de que apenas os membros da comunidade judaica eram “o próximo”, incluindo o chamado “prosélito pleno” (prosélito de retidão ou prosélitos de justiça).

O prosélito pleno era uma pessoa nascida em outra nação que só não se tornavam judeus quanto à raça por que isso era impossível, mas se tornavam judeus quanto à religião, pois abraçavam o Judaísmo de forma plena. Eles recebiam a circuncisão; prometiam se submeter a toda Lei Mosaica; eram batizados e até traziam sacrifícios no Templo.

Você encontra essa figura do “prosélito pleno” no texto de Êxodo 12.48:

*“48. Quando, porém, algum estrangeiro estiver vivendo entre vós e quiser celebrar a Páscoa do Senhor, deverá circuncidar todos os homens da família; então poderá celebrá-la e será como o natural da terra. Mas nenhum incircunciso comerá dela.” (Êxodo 12.48).

E haviam os prosélitos que não eram considerados como “o próximo” de um judeu, que eram os “Prosélitos da entrada” (ou prosélitos da porta).

Esses prosélitos da porta eram pessoas que até chegavam a renunciar às suas práticas pagãs e se tornavam simpatizantes da religião judaica. Alguns até frequentavam a sinagoga. Porém, esses prosélitos não chegavam a se enquadrar dentro de todas as exigências da Lei, especialmente com relação à circuncisão, apesar de guardarem muitos dos mandamentos morais.

Mas havia muita discussão entre aos ramos do judaísmo sobre quem era o próximo que se devia amar: Muitos fariseus consideravam que os “não fariseus” (saduceus, essênios, zelotas, herodianos) não eram o seu próximo.

Os essênios (que eram os proprietários dos manuscritos de Cunrã), achavam que só essênios eram o seu próximo.

Não havia uma única forma de pensar, não havia concordância entre as seitas judaicas, sobre quem era o próximo.

Era muito difícil que esses grupos do judaísmo concordassem em alguma coisa sobre a interpretação da lei. Mas em uma coisa TODOS eles concordavam:

Um Samaritano nunca seria o seu próximo!

Jesus contou a história em um nível crescente de desafio e inquietação para seus ouvintes:

*Vinha descendo um homem de Jerusalém para Jericó. Uma viagem realmente de descida, Jerusalém fica em uma região mais elevada, uma viagem de cerca de 27 km, uma estrada perigosíssima.

O homem estava caído, espancado, e certamente morreria se não fosse socorrido!

Então: Lá vem o sacerdote!-Esse vai ajudar o homem ferido pelos marginais”. E o sacerdote passou! Lá vai o pastor da igreja. Passou de longe...

Lá vem o levita! -Esse não é tão especial quanto o sacerdote, mas é um homem de Deus, ele vai ajudar o homem assaltado”. E o levita passou! Lá vai o diácono, ou o Ministro de Música, ou o professor da EBD. Passou...

O público de Jesus com certeza esperava que a próxima figura fosse um judeu comum, um crente, na nossa linguagem, um membro da igreja batista...

Jesus então complica a situação e enfia um samaritano na parábola.

Eu já falei algumas vezes porque os judeus odiavam tanto os samaritanos. Os samaritanos eram judeus mestiços! Mestiço no sentido de que seus ancestrais, que eram judeus puro-sangue do Reino de Israel (o extinto Reino do Norte), foram misturados com povos de várias nações por meio do casamento, quando os Assírios dominaram o Reino do Norte no ano 721 a.C.

Samaritanos eram judeus mestiços na linhagem sanguínea e tinham uma religião mestiça, impura aos olhos dos judeus, porque eles adoram a Deus, mas a outros deuses pagãos também.

E para piorar ainda mais o ódio dos judeus, entre os anos 6 e 9 d.C., durante uma festa da Páscoa (uma das mais sagradas para os judeus) os samaritanos pregaram uma peça terrível nos judeus: no meio da noite jogaram na praça do Templo ossadas humanas, e ossos humanos tornavam o ambiente impuro.

Praça do Templo impura, devido às ossadas, foi uma confusão, porque ninguém queria ficar religiosamente impuro passando pela praça do Templo, mas tinha que ir ao Templo porque era Páscoa. Foi uma confusão tremenda e o ódio pelos samaritanos aumentou muito depois disso.

E poucos anos depois desse ato terrorista dos Samaritanos, Jesus continua a história: Lá vem o Samaritano!  

Jesus gostava de mexer com o que havia de mais profundo no coração das pessoas, para que elas refletissem sobre suas necessidades verdadeiras, sobre seus preconceitos, para enxergar a verdade que Ele queria mostrar.

Há meu filho, os judeus que ouviam Jesus devem ter pensado automaticamente: “Com certeza esse miserável desse samaritano além de não ajudar o homem machucado, ainda é capaz de cortar a garganta dele.”

*Contrariando todas as expectativas, o Samaritano para, trata as feridas, presta os primeiros socorros, usa seus bens para ajudar o homem machucado, paga hospedagem, alimentação e cuidados para ele na hospedaria.

Acho que a gente pode fazer uma pausa aqui para nossa primeira reflexão, que é muito importante, porque é o cerne da parábola, e por isso vamos ficar só com ela hoje. Uma pergunta:

*1) QUEM NÓS EXCLUÍMOS DO NOSSO CONCEITO DE “PRÓXIMO”? (v. 36).

*“36. Qual desses três te parece ter sido o próximo do que caiu na mão dos assaltantes?” (Lucas 10.36).

De quem eu sou o próximo? Quem eu excluo do meu conceito de próximo? Quem está fora da minha obrigação cristã com o próximo?

Os judeus e prosélitos plenos excluíam os não judeus.

Muitos fariseus excluíam os não fariseus. Os essênios excluíam os não essênios.

E, novamente: Quem nós excluímos do nosso conceito de próximo?

Essa é a para parábola de amor ao próximo, ela envolve o segundo mandamento que é de natureza semelhante ao primeiro (Mateus 22.36-39):

*“36. Mestre, qual é o maior mandamento na Lei?
37. Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento.
38. Este é o maior e o primeiro mandamento.
39. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus 22.36-39).

Nós pensamos muitas vezes, e de forma absolutamente equivocada, que a parábola do bom samaritano, como a chamamos, envolve apenas ação social (dar cesta básica, doar uma roupa usada, um remédio, dar uma esmola), quando, na verdade, essa parábola identifica “a expressão pública daqueles que vão para o céu).

A pergunta feita a Jesus foi (v. 25): “Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?”.

Nós temos tanto medo da teologia da salvação pelas obras, que nos furtamos muitas vezes, para nossa conveniência, de fazer boas obras ao nosso próximo.

Você já deve ter ouvido que atos de bondade, as chamadas “Obras” não salvam! Somos salvos pela graça, por meio da fé (Ef 2.8 – vimoso este texto na última quinta-feira).

Mas esquecemos de falar com a mesma convicção que os salvos fazem os atos de bondade, as chamadas “obras”.

São elas que testemunham publicamente sobre a nossa fé e salvação. São elas que mostram de forma concreta, tangível, que fomos salvos por Jesus Cristo.

Nosso Senhor Jesus disse que são essas “obras” que nos serão apresentadas no dia do julgamento final, como provas em um Tribunal, sobre como vivemos a nossa fé no Senhor (Mateus 25.31-46).

Abra a sua Bíblia. É um texto longo, mas necessário para compreendermos quem é o nosso próximo.

(Mateus 25.31-46). Ler na Bíblia.

*Os que vão para o céu: Saciaram a fome de alguém; saciaram a sede; abrigaram estrangeiros; vestiram e aqueceram pessoas com frio; visitaram doentes e presos!

*São aqueles que amaram a Deus em primeiro lugar, mas amaram também o próximo.

Pessoas que investiram seu tempo, seus recursos, suas vidas em ajudar pessoas, em serem o próximo de alguém!

Os que vão para o inferno, disse Jesus, não fizeram essas coisas.

Não podemos excluir ninguém no nosso conceito de próximo!

Não podemos excluir ninguém do nosso amor, dos nossos pensamentos e das nossas ações! Porque todos eles são o nosso próximo.

Uma outra reflexão, ainda sobre quem excluímos do nosso conceito de próximo, é que amar ao próximo envolve não só o dar, mas também o perdoar e o orar pelos que nos odeiam:

*43. Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
44. Eu porém vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;
45. para que vos tornei filhos do vosso Pai que está no céu; porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos.
*46. Pois, se amardes quem vos ama, que recompensa tereis?
47. E, se cumprimentardes somente os vossos compatriotas, que fazeis de especial? Os gentios também não fazem o mesmo?
48. Sede, pois, perfeitos, assim como perfeito é o vosso Pai Celestial.” (Mateus 5.43-48).

*O nosso próximo também pode ser alguém que nos considera um inimigo (alguém a quem essa pessoa quer ver destruído).

Pode ser alguém que nos persegue (que prepara armadilhas, que faz fofoca com nossos nomes no ambiente de trabalho, ou no nosso convívio social).

Nós as temos excluído também do nosso conceito de próximo?

Jesus nos manda orarmos por essas pessoas, elas são nosso próximo também

Vamos ver um vídeo agora, para finalizar entendendo o valor das pessoas que Jesus chama de nosso próximo, e depois estaremos orando!



(Anderson Freire. O bom samaritano).

Esta parábola mostra como um discípulo de Jesus deve amar o próximo!


Nossa proposta como igreja para este ano é ser uma igreja relevante para Linhares!

Mas nós só vamos ser verdadeiramente relevantes para o povo da nossa cidade se primeiro nós os amarmos, então, e só então, eles serão o nosso próximo!

Vamos orar.

ORAÇÃO.

Linhares, 05 de janeiro de 2019.

Marcos José Milagre
Pastor auxiliar da PIB Linhares