terça-feira, 28 de julho de 2015

AS DIMENSÕES DA CEIA DO SENHOR

“AS DIMENSÕES DA CEIA DO SENHOR”
(1 Coríntios 11.17-25)
Sermão preparado para a PIB Linhares, em 26/10/14, domingo, manhã.

Bom dia irmãos.

Na última oportunidade em que falamos sobre a Ceia do Senhor, pudemos ver o significado da Páscoa Judaica e o momento em que Jesus instituiu a Ceia, fazendo então a nova “aliança em seu sangue”.

O Judaísmo ficou para trás, o Templo, os sacrifícios, a circuncisão, a guarda do sábado. Jesus tinha uma nova aliança para os seus seguidores, os que seriam conhecidos inicialmente como “os do caminho” e depois como “cristãos”.

Nesta manhã nós vamos meditar nas dimensões da Ceia do Senhor.

Por gentileza, abra sua Bíblia na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, no capítulo 11, a partir do verso 17, eu vou ler até o verso 25:

“17. Entretanto, não vos elogio nesta instrução que vos dou agora, pois as vossas reuniões causam mais mal do que bem.
18. Porque, em primeiro lugar, ouço dizer que há divisões entre vós quando vos reunis como igreja; e em parte acredito nisso.
19. E é até necessário que haja divergência entre vós, para que os aprovados se tornem manifestos em vosso meio.
20. Portanto, quando vos reunis no mesmo lugar, não é para comer a Ceia do Senhor.
21. Pois, quando comeis, cada um toma antes a sua própria refeição. Assim, um fica com fome, e o outro se embriaga.
22. Será que não tendes casa onde comer e beber? Ou desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direis? Irei elogiar-vos? Não, nisso não vos elogio.
23. Pois recebi do Senhor o que também vos entreguei: o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão
24. e, depois de ter dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim.
25. Do mesmo modo, depois de comer, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.
26. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte do Senhor, até que ele venha.
27. Por essa razão, quem comer do pão ou beber do cálice do Senhor de maneira indigna será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor.
28. Examine, pois, o homem a si mesmo, e dessa forma como do pão e beba do cálice.
29. Pois quem come e bebe sem ter consciência do corpo do Senhor, como e bebe para sua própria condenação.” (1 Coríntios 11.17-29).

Este é o texto em que o Apóstolo Paulo disciplina a Ceia do Senhor para a Igreja de Corinto.

E Paulo não estava simplesmente ensinado sobre a Ceia, pois a igreja em Corinto praticava muitas coisas que contrariavam a palavra do Senhor.

Aqui no caso da Ceia, eles se reuniam, e muitos deles não para proclamar a “morte do Senhor, até que Ele venha”, como diz o verso 26, mas para encher a pança.

Era aquele ditado: “quem chega primeiro bebe água limpa”. Por isso Paulo diz nos versos 20 a 22 que alguns tomavam a refeição de forma que outros ficavam com fome.

A visão que alguns desses membros da igreja de Corinto tinham da ceia é que era simplesmente uma refeição, em que eles iam simplesmente para saciar a fome.

Paulo então ensina que a Ceia do Senhor tem um significado muito mais espiritual que material, o que nós vamos pensar nesta manhã como sendo as dimensões da Ceia do Senhor, ou aspectos da Ceia do Senhor.

E o primeiro aspecto que eu destaco é...




1) O NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS (vv. 25-26)



“25. Do mesmo modo, depois de comer, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.
26. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte do Senhor, até que ele venha.” (1 Cor 11.25-26)

A primeira dimensão da Ceia do Senhor é o nosso relacionamento com Deus.

Isso precisa estar impregnado nas nossas mentes, ou este momento será só mais uma liturgia da Igreja, como nós vemos em outras denominações. Pessoas se reunindo para um momento mágico, com ar de espiritualidade, mas que não tem a menor ideia do que está acontecendo.

Conosco não pode acontecer isto. Cada pessoa aqui presente precisa estar convicta que a Ceia do Senhor é um memorial deixada pelo próprio Jesus para nós nunca nos esquecermos o motivo da nossa fé, ou em quem nós depositamos a nossa fé: Jesus Cristo!

No antigo testamento nós encontramos alguns memoriais das antigas alianças firmadas por Deus com seu povo.

E a palavra hebraica para aliança é berit da raiz barah, que significa carne (carne porque a aliança só poderia ser desfeita pela morte (a destruição da carne) de quem firmava a aliança, não é assim na aliança do casamento – “até que a morte nos separe”). Mas como Deus não morre, a aliança da parte de Deus é eterna.

Outro significado aceito pelos estudiosos para a origem da palavra hebraica berit (aliança) é que ela está relacionada com a palavra acadiana birtu, que significa laço ou vínculo, ou seja, estabelecer uma situação legal por meio de um testemunho acompanhado de juramento. Por isso seu caráter perpétuo que também não pode ser quebrado.

Como exemplos de alianças firmadas no antigo testamento, nós temos depois do dilúvio, a aliança firmada por Deus com Noé e seus descendentes (Gênesis 9.8), de que Ele não destruiria a humanidade novamente com o dilúvio, e o memorial dessa aliança foi o arco-íris (Gn 9.13).

Depois nós temos a aliança do Monte Sinai (Êxodo 19.5), em que Israel seria seu povo, sua propriedade exclusiva dentre todos os povos. Os memoriais dessa aliança foram dois: O primeiro deles era “A LEI”, entregue aos Israelitas por meio de Moisés, cujo livro é chamado de “Livro da Aliança” em Êxodo 24.7.

E segundo memorial da aliança mosaica ou aliança do Monte Sinais foi o “Sangue”, ou o “Sangue da Aliança” que o Senhor fez com os Israelitas (Êxodo 24.8).

Então chegamos ao Novo Testamento, onde Jesus diz que a Ceia do Senhor é “A Nova Aliança”, no seu sangue.

Nesta manhã em que celebramos este memorial chamado de Ceia do Senhor tenha na sua mente que você está reafirmando a sua aliança com Deus. E Deus está te lembrando que você tem uma aliança com ele.

E uma aliança que não pode ser quebrada, porque foi firmada com o Eterno Deus, selada com o sangue do seu próprio filho.

Agora eu e você, que um dia recebemos Jesus como Senhor e Salvador das nossas vidas é que somos povo de propriedade exclusiva de Deus, como diz o apóstolo Pedro, na sua 1ª Carta, capítulo 2, verso 9:

“9. Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2.9).

Por isso Paulo ensinou aos crentes de Corinto que a Ceia do Senhor não era só uma refeição.

E nós também não podemos nos esquecer disso: Este é um momento de nós lembrarmos que temos uma aliança com o próprio Deus, inquebrável, e não só lembrarmos, mas reafirmarmos nossa aliança, nosso compromisso com Deus por meio do sangue de Jesus, vertido em nosso favor.

Mas além do aspecto da aliança com Deus, Paulo também chama a atenção dos Crentes em Corinto e também a nossa atenção para outro aspecto da Ceia do Senhor, que é...



2) A NOSSA ALIANÇA COM O CORPO DE CRISTO – A IGREJA (vv. 21-22).



21. Pois, quando comeis, cada um toma antes a sua própria refeição. Assim, um fica com fome, e o outro se embriaga.
22. Será que não tendes casa onde comer e beber? Ou desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direis? Irei elogiar-vos? Não, nisso não vos elogio.

Nós temos uma aliança pessoal com Deus, e está é uma das dimensões da Ceia do Senhor, mas nós também temos uma aliança coletiva com Deus, como Igreja do Senhor.

A Igreja é a instituição mais fantástica da Terra, porque é por meio dela que Deus escolheu proclamar as boas novas de salvação por meio de Jesus Cristo unicamente. Deus poderia ter feito isso de muitas formas, mas nós, como igreja do Senhor, é que fomos escolhidos para ter este privilégio.

E o pior é que tem muita gente desprezando a igreja do Senhor, envergonhando a igreja do Senhor. Tem gente que diz que é Cristão e ao mesmo tempo diz que não acredita na igreja do Senhor.

O mais recente senso do IBGE mostra que nós temos no Brasil a assustadora quantia de 4 milhões de pessoas que afirmaram ser Cristãos e não são membros de nenhuma igreja Cristã. É o movimento conhecido como “os sem igreja”. Cerca de 10% dos “evangélicos” do país.
Isso me lembrou uma experiência pessoal.

Em 2002 eu era Terceiro Sargento do Exército, e apesar de trabalhar no 19º Batalhão Logístico que ficava em Niterói, no Rio (hoje ele foi transferido para outra localidade) os terceiros sargentos tiravam serviço de Comandante da Guarda na Brigada, que ficava no Forte Gragoatá, próximo ao Campus da Universidade Federal Fluminense.

Ao render um colega que era de outro Batalhão eu vi a Bíblia dele aberta em cima da cama, no alojamento de Comandante da Guarda, e perguntei de qual igreja ele era. Ele me respondeu que não era de igreja nenhuma, e que não acreditava que um Crente precisava estar em uma igreja.

Isso me soou tão estanho como alguém dizer que existe um quadrado redondo. Um crente sem igreja é algo ilógico, não  há fundamento Bíblico para isso.

A menos é claro que o crente ele esteja isolado fisicamente, como por exemplo os nossos irmãos presos em solitárias na China por serem cristãos. Ou em uma parte do mundo que a perseguição seja tão grande que ele não possa se reunir para cultuar, mas ser um “sem igreja” por opção não é algo compreensível.

A presença de cada um de nós na igreja é tão importante que Paulo disse em 1 Coríntios 12.17 que:

“17. Vós sois o corpo de Cristo e, individualmente, membros desse corpo.” (1 Cor 12.27).

Não existe privilégio maior que ser chamado de “membro do corpo de Cristo”.

Paulo ainda vai nos chamar em 1 Cor 2.9 de “lavoura de Deus” e “Edifício de Deus”.

Deus cultiva os crentes na lavoura que é a igreja, nos edifica mutuamente, como edifício de Deus.

A igreja é tão importante no plano histórico de Deus, que o livro do apocalipse foi entregue “às igrejas”, não a pessoas individualmente (Apocalipse 22.16):

“16. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testemunhar essas coisas em favor das igrejas. Eu sou a raiz e geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã.” (Ap 22.16).

Esse é outro aspecto da Ceia do Senhor que nós podemos destacar, de que ela é um evento de culto coletivo a ser prestado como memorial, algo que nós não podemos esquecer de fazer como Igreja do Senhor, até que o Senhor da Igreja volte.

E uma das preocupações de Paulo ao escrever este texto que lemos para a igreja em Corinto, foi a forma como alguns crentes estavam encarando a sua presença na igreja: Um local de satisfação de suas necessidades pessoais e não um lugar de crescer em santidade e serviço ao Senhor junto com outros crentes.

A declaração doutrinária da Convenção Batista Brasileira, que é a forma como nós Batistas interpretamos a Bíblia, diz o seguinte sobre a igreja:

“Tais congregações são constituídas por livre vontade dessas pessoas com finalidade de prestarem culto a Deus, observarem as ordenanças de Jesus, meditarem nos ensinamentos da Bíblia para a edificação mútua e para a propagação do evangelho.”

Por isso a Ceia do Senhor também é uma oportunidade para cada um de nós, cada parte do “Corpo de Cristo”, que é a Igreja, avaliar (1) porque eu escolhi fazer parte desse corpo; e (2) qual o meu compromisso com esse corpo.

Nós somos responsáveis uns pelos outros, para cuidar uns dos outros, para crescermos juntos em santidade. Juntos, sempre juntos, nos momentos difíceis, nos momentos alegres. Do berçário ou túmulo, como dizia o Pr. Nilson do Amaral Fanini, mas juntos.

Nós precisamos rememorar isso também enquanto estamos na Ceia do Senhor.

Por fim, a terceira dimensão da Ceia do Senhor é que ela...

3) É UMA AUTO ANÁLISE ESPIRITUAL (v. 26).

27. Por essa razão, quem comer do pão ou beber do cálice do Senhor de maneira indigna será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor.
28. Examine, pois, o homem a si mesmo, e dessa forma como do pão e beba do cálice.

Esta é a terceira dimensão da Ceia do Senhor, a auto análise dos que participam deste memorial.

É o momento de reflexão que você faz a auto análise da sua vida como cristão.

Não é momento de um avaliar o outro, por isso Paulo diz no verso 28 que cada um examine a si mesmo.

O que eu tenho feito da nova vida que o Senhor me concedeu? Eu tenho amado a Deus sobre todas as coisas? Tenho amado meu próximo como a mim mesmo? Tenho sido santo, porque Deus é santo?

Para os casados: Tenho amado minha esposa como Cristo amou a igreja? A esposa: Tem submissa ao seu esposo?

Como filho, eu tenho honrado seus pais?

E por aí vai. Eu tenho colocado em prática toda a orientação que o Senhor meu deu por meio da sua palavra?

Eu hoje sou um crente melhor do que ontem? Porque o conceito de santidade é crescer em separação do mundo e separação para Deus, a cada dia, todos os dias. Isso é santidade, e é isso que Deus espera de nós.

Por isso a Ceia do Senhor tem também essa maravilhosa dimensão, de que Deus nos dá a oportunidade de refletirmos sobre a nossa vida na presença Dele.

E é muito mais precioso este momento do que apenas refletir ou lembrar do que temos feito ou deixado de fazer, mas é pensar no porque fazer ou deixar de fazer não para alcançarmos algum favor de Deus, mas porque primeiramente fomos alcançados pela imerecida e maravilhosa Graça do Senhor nosso Deus.

É isso que vai dar sentido à nossa auto reflexão: O que eu preciso fazer ou deixar de fazer agora que Deus me salvou, e Ele me salvou não porque eu merecia (porque a Bíblia diz em Romanos 6.23 que nós merecíamos a morte, não a vida), mas Ele escolheu me salvar pela sua Graça!

Os elementos da Ceia do Senhor têm este simbolismo: o pão simboliza o corpo de Jesus, moído, assim como o trigo o foi.

O suco da uva só pode se extraído porque ela foi esmagada, assim como Jesus o foi, por isso ele simboliza o sangue vertido pelo nosso Salvador.

E a auto análise é essa: Diante do sacrifício de Jesus por mim, quem eu preciso ser diante dele. Como eu tenho usado a vida que ele me deu?

Isso cada um de nós precisa fazer neste momento em que refletimos um pouco sobre as três dimensões da Ceia do Senhor nas nossas vidas.

Eu quero convidar o grupo de louvor aqui à frente, e enquanto estivermos cantando esta música os irmãos diáconos estarão distribuindo o primeiro elemento da ceia. Todos que vão receber este primeiro alimento, por gentileza se coloquem de pé.

Devem receber os elementos da Ceia os membros de uma igreja batista da mesma fé e ordem (ou seja, igrejas batistas filiadas à Convenção Batista Brasileira), que estejam em plena comunhão com a sua igreja, os queridos visitantes não devem ficar constrangidos por não participarem da ceia conosco, pois a Ceia do Senhor é um momento de íntima comunhão que devem participar aqueles que tem um pensamento comum.

Por isso nós partimos do princípio que os membros de uma igreja batista filiada à Convenção Batista Brasileira tem um pensamento uniforme sobre como enxergar diversos assuntos Bíblicos, você pode ler isso em um documento que nós adotamos e que se chama Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira.

Por isso não há motivo nenhum para o querido visitante ficar constrangido se você não é membro de uma igreja batista que integra a Convenção Batista Brasileira.

MÚSICA

O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e deu graças (ORAÇÃO).

Depois de ter dado graças o partiu e disse: Este é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim.” Em memória de Jesus, comamos todos deste pão.

Vamos cantar esta próxima música e, enquanto cantamos, todos que receberam o primeiro elemento da Ceia devem se colocar de pé para receber o segundo elemento da ceia.

Do mesmo modo, depois de comer, tomou o cálice dizendo. Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Vamos orar. (ORAÇÃO).

“Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Fazei isso todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.” Em memória de Jesus, bebamos do cálice.

Os nossos diáconos estarão recebendo os cálices e os irmãos que trouxeram seus dízimos e ofertas para consagrarem ao Senhor também virão à frente, este é um privilégio dos membros desta igreja, nossos visitantes não devem ficar constrangidos de nenhuma forma.

Vamos orar neste momento.

Linhares, 28 de julho de 2014.


Pr. Marcos José Milagre

QUAL É O SEU NOME?

“QUAL É O SEU NOME?”
(2 Crônicas 7.14)
Sermão preparado para a PIB Linhares, em 23/07/15, quinta-feira, noite.

Boa noite irmãos.

Eu peço que vocês abram suas Bíblias no Segundo Livro das Crônicas, Capítulo 7, verso 14:

“14. e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha presença, e se desviar dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14).

Qual é o seu nome? Vamos orar mais uma vez.

Este versículo é parte da resposta de Deus à oração do rei Salomão quando da dedicação do primeiro templo de Jerusalém. Deus promete sarar a terra e perdoar os pecados do povo, não de todo o povo, mas daqueles que se chamam pelo seu nome, que afirmam ser o seu povo. E para perdoar e sarar a terra do seu povo Deus exige que ele se humilhe e busque a sua presença, ore e se arrependa dos pecados cometidos.

Mas que nome é esse, pelo qual os israelitas eram conhecidos para clamarem a Deus? E principalmente, por qual nome nós nos chamamos hoje e que diferença isto deve fazer nas nossas vidas?

Esta é a nossa proposta para a meditação desta noite: Conhecer o nome de Deus, e as implicações que existem em ser o povo que se chama pelo nome de Deus.

É importante conhecermos o nome de Deus e como Ele o revelou à humanidade ao longo da história.

Por isso a primeira coisa que eu quero pensar com os irmãos que ...
        
1) O NOME DE DEUS REVELA O SEU RELACIONAMENTO ETERNO CONOSCO (2 Cr 7.14).

“14. e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha presença, e se desviar dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14).

Que nome?

Deus revelou o seu nome a Moises antes de libertar os judeus do Egito.

No livro de Êxodo, capítulo 3, verso 13, Moisés pergunta o nome de Deus:

“13. Então Moisés disse a Deus: Quando eu for aos israelitas e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós, e eles me perguntarem: Qual é o nome dele? Que lhes direi?” (Êx 3.13).

A pergunta de Moisés em hebraico é: Ma shem, “o que é seu nome?

Moisés estava perguntando muito mais que a forma de se dirigir a Deus. Moisés queria saber o que era Deus, qual a natureza dele, qual sua essência, qual o seu caráter.

Uma coisa para entendermos melhor isso é o fato de que o nome na cultura judaica e mesmo no oriente médio na antiguidade devia representar o mais próximo possível a essência da pessoa.

Então Deus responde a Moisés (Êxodo 3.14):

“Deus disse a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Assim responderás aos israelitas: EU SOU me enviou a vós.” (Êx 3.14).

EU SOU O QUE SOU. Em hebraico: ‘ehyeh Asher ‘ehyeh.

Uma forma abreviada, ou contraída dessa frase forma o que ficou conhecido como o tetragrama sagrado: YHWH.

O hebraico não possui vogais, por volta do século 5 depois de Cristo (400 a 500 d.C.) as comunidades judaicas da Palestina e da Babilônia começaram a inserir alguns sinais sobre as letras hebraicas para facilitar a pronúncia, mas esses sinais só foram mesmo padronizados por volta do ano 900 d.C.

Outra curiosidade é que os judeus, por volta da época do Segundo Templo de Jerusalém, consideraram o nome de Deus impronunciável.

Então você tem uma palavra sem vogais, para nós seria uma palavra formada apenas por consoantes, e ela ficou sem ser pronunciada por centenas de anos.

Por isso a pronuncia do tetragrama YHWH se perdeu.

Você pode estar pensando: “Pastor, os Testemunhas de Jeová dizem que é Jeová o nome de Deus”.

Se há uma certeza sobre o tetragrama é que ele não seria transliterado para Jeová ou Javé, por uma questão muito simples, não existe o som de “J” no hebraico.
 

O tetragrama é composto por (da direita para a esquerda é como se lê no hebraico): um Yod, que tem o som de Y (no português som de I), um (que é representado pela letra H, mas tem som de R quando no meio da palavra); um Vav (que tem som de V, mas é transliterado para o W porque no alemão o W tem somo de V, como em Wagner, e, por fim, outro Hê, que no final da palavra é mudo.

Se você quiser conhecer o nome das vogais hebraicas basta que você abra sua bíblia no Salmo 119, essas palavrinhas que você encontra acima do número dos versículos (Álef, Bêt, Guímel, etc.) é o alfabeto hebraico, não com os símbolos das letras, mas com o nome delas. Você pode observar que não há nenhuma delas tem som de “J”.

Pastor, mas qual o sentido disso tudo? Do nome que Deus revelou a Moisés.

Há um sentido espiritual nas palavras de Deus, sempre há um sentido espiritual nas palavras de Deus.

Deus disse o seguinte em Êxodo 3.15:

“E Deus disse ainda a Moisés: Assim dirá aos israelitas: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó me enviou a vós. Este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração a geração.” (Êx 3.15).

Deus estava assegurando a seu povo a imutabilidade da relação dele. EU SOU O QUE SOU.

Deus não era, nem será, ele simplesmente “É”; ontem, hoje e eternamente (por isso ele diz que é o Deus de Abrão, Isaque e Jacó).

Quando nós lemos na Bíblia tudo aquilo que Deus fez ao seu povo (a libertação, as curas, o cuidado, os livramentos); quando lemos sobre tudo que Jesus ensinou e fez aos seus discípulos, nós não devemos afirmar somente que aconteceu daquele jeito.

Porque a eternidade, a imutabilidade de Deus nos assegura da mesma forma que podemos ter um relacionamento da mesma forma próximo com o “EU SOU O QUE SOU”; ou o “EU SOU”; ou o “Eterno”.

Em um mundo em que as coisas mudam a cada segundo, em que nossa própria vida pode ser ameaçada no segundo seguinte, há uma constante: a existência de Deus!

Deu cuidou do seu povo; Deus cuida do seu povo e nesta noite eu digo a você que veio a este lugar para cultuar ao Senhor, para conhecer a sua palavra, para ter um relacionamento pessoal com Ele: Deus, o “EU SOU”, sempre vai cuidar de nós, o povo que se chama pelo seu nome.

Mas o texto de 2 Crônicas mostra uma segunda coisa muito importante para o povo que se chama pelo nome de Deus, é que...

2) O RÓTULO DEVE CORRESPONDER AO CONTEÚDO (2Cr 7.14).

“14. e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha presença, e se desviar dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14).

Deus é eterno, sempre vai cuidar do povo que se chama pelo seu nome, mas e quanto a este povo, o que Deus espera dele?

Considerando que os Cristãos são o povo que se chama pelo nome de Jesus, o que Jesus espera de cada um de nós?

O texto de 2 Crônicas 7.14 vai nos ajudar a compreender isso.

Como eu disse antes, este versículo é a resposta de Deus à oração do rei Salomão quando da dedicação do primeiro templo de Jerusalém, por volta do ano 1.000 a.C.

Ao responder a oração de Salomão, Deus não disse ao povo: “Olha tá tudo muito bonito, muito legal, a decoração do templo tá show de bola, e por isso vocês podem viver a vida de vocês da forma que vocês quiserem, é só lembrar de vir aqui depois e sacrificar uns animais e eu limpo a barra de vocês, tá tudo certo”.

Deus disse: se vocês, que são o meu povo, que se chamam pelo meu nome, se humilharem, orarem e buscarem a minha presença, e se desviar dos seus maus caminhos, então Eu vou ouvir dos céus, vou perdoar os seus pecados e vou sarar a sua terra.

Deus fez exigências para aqueles se chamam pelo seu nome: (i) Humilhação na sua presença (com o sentido de abandonar o ego, a altivez); (ii) oração; (iii) intimidade (representado por buscar a presença); (iv) afastamento do mal e santificação (traduzido por “desviar-se dos seus maus caminhos”).

E só então é que Deus vai ouvir nossa oração, perdoar nossos pecados e sarar a nossa terra (sendo que tanto perdoar pecados quanto sarar a terra tem o sentido de restauração: da vida, da família, do provimento para as necessidades diárias).

Mas pastor, isso era para os israelitas, é coisa do velho testamento, não se aplica aos Cristãos...

Lembram que nome de Deus é (‘ehyeh Asher ‘ehyeh) “EU SOU O QUE SOU”. O eterno?

Então eu quero ler para você o texto de João 15.5-7:

“5. Eu sou a videira; vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6. Quem não permanece em mim é jogado fora e seca, à semelhança do ramo. Esses ramos são recolhidos, jogados no fogo e queimados.
7. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será concedido.” (João 15.5-7).

À semelhança do texto de 2 Crônicas 7.14, essas palavras de Jesus nos orientam, nós que nos chamamos pelo nome dele, pelo nome de Cristãos, a não nos afastarmos, a estarmos em íntima comunhão, em santidade e serviço, então, só então, nossas orações serão respondidas.

Aliás, o próprio nome de Jesus foi escolhido por Deus, e tem um significado muito bonito da missão dele na terra (Mateus 1.21 – o anjo falando a José):

“21. Ela dará à luz um filho, a quem darás o nome de Jesus, porque ele salvará seu povo dos seus pecados.” (Mt 1.21).

O nome de Jesus, em grego Iēsús, que é o correspondente hebraico a Yehshuah, significa: O Senhor salva.

Nós nos chamamos pelo nome de Jesus, o Cristo, então como Cristãos devemos ter intimidade com Jesus e devemos viver os ensinos de Jesus.

Só então nossas orações serão ouvidas e respondidas, como diz o texto de Mateus 15.7.

O grande problema é quando uma pessoa quer ter um conteúdo diferente do rótulo.

Parece aqueles perfumes que você encontra algumas pessoas vendendo dentro de carrinhos-de-mão, no rótulo você vai ler “Ferrari”, “Chanel”, “Gucci”, sei lá, vocês escolham o nome.

Mas quando você abre o negócio e cheira, o nome que vem à mente é “Laqua de lesgoto” “Cherê de lê guambê”, é horrível.

E realmente é horrível quando o conteúdo de um produto não corresponde ao rótulo! A gente se sente enganado.

Imagine o que Jesus pensa de alguém que se chama pelo seu nome (Cristão), mas que o conteúdo não corresponde ao nome.

De cristão só tem o nome, conteúdo de Cristo mesmo que é bom tem só um pouquinho?

Será que Deus se agrada de um perfume falsificado? Eu acho que não.

Por isso eu acredito que o apóstolo Paulo disse em 2 Coríntios 2.15 que nós devemos ser para Deus o “bom aroma (ou perfume) de Cristo”.

Então queridos irmãos, nós que nos chamamos pelo nome do Senhor também vivamos como pessoas que servem ao Senhor: Com dignidade, santidade, honestidade, expressando o fruto do Espírito com as nossas vidas e exalando o bom perfume de Cristo, porque é assim que o povo de Deus deve viver: COM O CONTEÚDO CORRESPONDENDO AO RÓTULO!

E, sabendo que Deus é o Eterno “EU SOU”, que devemos viver de acordo com o nome de Cristo que carregamos, eu quero falar por fim que..

3) O NOME QUE CARREGAMOS DEVE NOS LEVAR A SANTIFICÁ-LO (Mt 6.9).

Eu sei que a santidade faz parte do conteúdo de ser um Cristão, mas ela é tão destacada por Jesus que eu preciso falar dela um pouco mais.

A santidade do nome de Deus é marcante que Jesus ao ensinar aos seus discípulos a oração modelo, ele começa assim (Mateus 6.9):

“9. Portanto, orai deste modo: Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome;” (Mt 6.9).

Mateus escreveu em grego “hagiasthetoû ónomá soû”. Mas Jesus disse essa frase, no aramaico a frase “santificado seja o teu nome” teria sido pronunciado mais ou menos assim pelo Senhor Jesus: “Yitqadash shemák”.

Jesus cresceu em uma cultura israelita e aprendeu que o nome de Deus é santo.

Há uma oração judaica chamada Qadish, ela é recitada pelo oficial da Sinagoga para marcar o fim de um ato de culto, e ela enfatiza a grandeza e a santidade de Deus. Essa oração (Qadish) é assim:

“Que seja glorificado e santificado seu grande Nome no mundo que ele criou segundo sua vontade. Que ele faça prevalecer seu reino em vossa vida e em vossos dias e na vida de toda a casa de Israel em breve e num tempo próximo.”

Jesus não copia o Qadish, mas ele nos ensina que precisamos atentar para a grandiosidade de Deus. Nossas orações não podem ser exclusivamente antropocêntricas, não podem se ocupar apenas das nossas necessidades.

É obvio que devemos pedir pelas nossas necessidades, Jesus nos ensinou isso, o texto de Mateus 7.11 é muito claro.

O problema é quando uma pessoa enxerga Deus como um entregador de bênçãos, como esses motoboys que trazem o lanche às nossas casas (a única missão dele é fazer entregas).

Jesus nos mostra que em primeiro lugar ao orar, devemos externar a Santidade de Deus, que é representado pelo seu nome, a sua soberania sobre as nossas vidas, e então, se necessitamos, em segundo lugar pedir pelas nossas necessidades.

Quem ora desta forma está pedindo para que a santidade de Deus se manifeste, e se o Pai é santo, seu caráter deve ser refletido nas vidas de seus filhos.

Quanto nós oramos para que o nome de Deus seja santo, estamos pedindo também para sermos santos, e santidade não é simplesmente separação.

Santo é a palavra hebraica qadosh, que significa “separar” ou “cortar”.

Documentos do oriente antigo usavam essa palavra, por exemplo, para indicar o corte de uma pedra para ser usada na construção.

Quando oramos pedindo para que o nome de Deus seja santificado, estamos pedindo também para sermos separados para sermos usados por Deus de forma útil, construtiva.

É assim, que aqueles que se chamam pelo nome de Deus são também santificados, o pedirem para que o nome do Senhor seja santificado através das nossas vidas.

Que nesta noite possamos guardar muito bem nas nossas mentes e aplicar tudo isso na nossa vida.

Nós não precisamos temer o futuro, ou os problemas.

Deus é eterno, Ele “É”, e sempre vai cuidar e vai estar com aqueles que vivem de acordo com o nome que abraçaram ao entregarem suas vidas a Jesus.

Uma vida com conteúdo de acordo com o rótulo de Cristão que carregamos, em santidade na presença de Deus.

- Diante disso, eu finalizo e pergunto: QUAL É O SEU NOME diante de Cristo?

Se é “Cristão”, viva como Cristão!

Vamos orar neste momento.

Linhares, 23 de julho de 2015.

Pr. Marcos José Milagre

PIB Linhares