segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

CAMINHANDO SOBRE O ABISMO

“CAMINHANDO SOBRE O ABISMO”
(Mateus 14.22-34)
Sermão preparado para a PIB Linhares, em 16/11/14, domingo, noite.

Boa noite irmãos e amigos.

Eu gostaria que nós refletíssemos nesta noite em um dos milagres de Jesus, e para mim, despois da ressurreição de mortos, é o milagre que mais me chama a atenção, o de que Jesus caminhou sobre a água.

E não só Jesus, porque se fosse só Jesus a caminhar seria mais fácil compreender, afinal Jesus é Deus, Deus caminhar sobre a água é moleza, mas e Pedro que era apenas homem?

Porque Pedro também caminhou sobre a água, ainda que por um pouco de tempo.

Eu nunca mais ouvi a história de ninguém que tenha caminhado sobre a água depois disso, então é um evento único que merece toda a nossa atenção.

Por isso a proposta desta noite é analisar essa caminhada de Pedro e ver o que podemos aprender e aplicar às nossas vidas, ao nosso relacionamento com Deus.

E, para começar nossa meditação, abra sua Bíblia no evangelho segundo Mateus, capítulo 14, versos 22 a 34, quando encontrar o texto se coloque de pé para lermos de forma alternada este texto:

“22.” (Mateus 14.22-34).

Nós vemos que Pedro caminhou sobre a água, essa caminhada foi sobre o Mar da Galileia, e Caminhar sobre a água já deve ser algo fantástico, mas também assustador. Madrugada. Vento forte e o abismo abaixo dos seus pés.

É realmente um desafio de fé. Eu nunca tentei caminhar sobre a água, acredito que você também não tenha feito isso, mas, sem querer alegorizar o texto bíblico, todos nós certamente já caminhamos ou ainda vamos caminhar sobre o abismo, como Pedro fez.

Observando nossa existência, a vida do ser humano em família, em todas as atividades que desenvolvemos no nosso trabalho, nos estudos; todos os desafios que enfrentamos no nosso dia-a-dia, certamente em algum momento da sua vida você já sentiu que estava caminhando sobre o abismo.

Por isso o tema da nossa reflexão nesta noite é “Caminhando Sobre o Abismo”, e certamente Deus vai nos ensinar algumas coisas muito importantes ao meditar neste texto.

Por isso mantenha a sua Bíblia aberta para me acompanhar por gentileza.

E a primeira observação a faze sobre o texto e que vai se aplicar a todos nós é que para caminharmos sobre o abismo...

1) PRECISAMOS RECONHECER JESUS (v. 26)

“26. Mas, ao vê-lo andando sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: É um fantasma! E gritaram de medo.” (Mt 14.26).

Eu não sei se você já leu esse capítulo 14 de Mateus, mas uma coisa que nós podemos destacar, por exemplo, é que os discípulos haviam acabado de sair de um culto.

Você percebeu isso?

Os versos antecedentes deste capítulo 14 mostram que Jesus havia recebido a notícia que João Batista havia sido morto a mando de Herodes e por isso ele havia tentado se retirar para um local deserto para refletir sobre isso, talvez passar pelo luto, mas o verso 13 diz que quando as multidões souberam onde Ele estava, elas o seguiram a pé desde as cidades.

Então Jesus teve compaixão dessa multidão de pessoas e curou os enfermos, e depois os alimentou multiplicando os cinco pães e dois peixes.

Os discípulos então haviam presenciado muitas curas e a multiplicação de alimento para cinco mil homens adultos, além das mulheres e crianças.

Quando essa atividade toda acabou é que Jesus obrigou os discípulos a entrarem no barco.

Então os discípulos tinham acabado de sair de um culto com a presença física de Jesus em que presenciaram milagres.

O problema é que algumas horas depois eles já estavam no barco e quando viram Jesus caminhar sobre as águas começaram a gritar: Fantasma, socorro! O verso 26 diz assim:

“26. Mas, ao vê-lo andando sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: É um fantasma! E gritaram de medo.” (Mt 14.26).

Eu fico pensando em Jesus ouvindo um bando e homens barbados gritando com medo de fantasma (Socorro, socorro, fantasma, fantasma).

Mas os judeus acreditavam em fantasmas?

Havia uma crença popular entre os judeus, não era religiosa, seria algo hoje como o saci Pererê, mula-sem-cabeça, alguma coisa desse tipo, de que os demônios saiam à noite para fazer aos homens.

Há até um documento preservado da literatura judaica, de que era proibido um homem saudar o outro à noite, pois o sujeito poderia pensar que era um espírito maligno.

Então o medo dos discípulos era baseado nessa crença popular, se nós lembrarmos que muitos discípulos (como Pedro, André, Tiago, João), eram pescadores, pessoas simples, esse medo possa se explicar por este ponto de vista.

Mas teologicamente falando, os discípulos tiveram medo unicamente porque não reconheceram Jesus. Tanto é que depois que ele se apresentou a eles, tudo se acalmou.

E por que destacar essa informação que o texto traz? Porque é tão importante pensar que os discípulos gritaram como um bando de crianças assustadas?

Porque os discípulos saíram de um culto e horas depois estavam gritando com medo de fantasmas.

Nós estamos em um momento de culto agora, mas esse culto vai acabar daqui a pouco.

E você vai sair daqui também. Como você vai se comportar daqui a algumas horas?

Será que o que você está vivenciando agora, aqui, com a presença de Jesus (sim, porque no texto de Mateus 18.20 Jesus afirmou que onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome, ali ele estaria), então Jesus está presente.

Será que a presença de Jesus neste culto fará diferença na sua vida daqui há algumas horas? Ou será que vamos ficar gritando de medo (fantasma, fantasma) quando Jesus quiser se fazer presente nas nossas vidas.

A primeira lição para caminharmos sobre o abismo é reconhecer Jesus quando ele está na nossa vida.

Porque agora você está em ato de culto. Temos músicas que falam das verdades bíblicas, lemos textos da Bíblia, você se sente seguro, sente que Jesus está aqui, isso traz conforto.

Mas quanto você estiver na travessia da sua vida (assim como os discípulos estavam), assustado ao enfrentar o vento contrário na sua vida, a noite escura, se você não reconhecer Jesus até mesmo a aproximação dele vai lhe causar medo, assim como causou aos discípulos.

Mas não basta reconhecer Jesus, você precisa crer em Jesus, ou você não vai poder se aproximar Deles, isto é o que diz o texto de Hebreus 11.6:

“6. Sem fé é impossível agradar a Deus, pois é necessário que quem se aproxima de Deus creia que ele existe e recompensa os que o buscam.” (Hb 11.6).

Há pastor, mas eu creio em Jesus.

Se você crê ótimo. Mas crê como? Essa crença faz diferença na sua vida?

Porque fé é algo intangível, não há como pesar, medir, ver. Mas a fé verdadeira, essa crença sincera em Jesus, sempre vai resultar em coisas concretas, como por exemplo, o sujeito não ter medo de fantasma.

A carta de Paulo a Tito, capítulo 1, verso 16 diz exatamente isso:

“16. Eles afirmam que conhecem a Deus, mas o negam por suas obras; são detestáveis, desobedientes e incapazes de qualquer boa obra.” (Tt 1.16).

Se você crê em Jesus não o negue depois que esse culto acabar, principalmente se você precisar caminhar sobre o abismo.

Se você está conhecendo Jesus nesta noite, saiba que Ele deseja estar com você, deseja acalmar o vendaval que é contrário na sua vida.

Mas você precisa reconhecê-lo, e precisa crer que ele existe e recompensa os que o buscam, e isso precisa ser algo concreto na sua vida.

Mas uma segunda coisa que o texto nos mostra, é que se você quer caminhar sobre qualquer abismo, em segundo lugar, você deve...

2) DEIXAR A FALSA SENSAÇÃO DE SEGURANÇA (v. 29).

“29. Ele lhe disse: Vem. Descendo do barco e andando sobre as águas, Pedro foi ao encontro de Jesus.” (Mt 14.29).

No meio da madrugada, atravessando um grande lago, um vento forte soprando contra a sua embarcação. Então Jesus aparece caminhando tranquilamente sobre a água. E Pedro pede que ele o convide para caminhar sobre a água.

Sabe o que é que me chama a atenção nessa história?

Foi Pedro sair do barco.

Mas porquê?

Porque o barco significava para Pedro a única coisa que poderia trazer à sua mente algum tipo de segurança.

No meio de um vendaval, atravessando um mar, certamente um barco de madeira pode lhe trazer alguma segurança.

Mas para caminhar sobre o abismo com Jesus você precisa deixar as coisas que lhe dão uma falsa sensação de segurança.

Será que você tem alguma coisa na sua vida que pode estar lhe dando essa falsa sensação de segurança?

O dinheiro que você tem? A sua saúde? Talvez a sua família ou as suas amizades?

Se qualquer uma dessas coisas estiver impedindo você de se aproximar de Jesus, ainda que seja caminhando sobre o abismo, então ela representa uma falsa sensação de segurança.

E eu mostro para você como qualquer coisa que não seja a confiança em Jesus é uma falsa sensação de segurança:

Outro dia eu estava olhando uma reportagem que fez uma revisão do Tsunami de 2004 que varreu o oceano Indico matou cerca de 230 mil pessoas em poucas horas. Cidades inteiras deixaram de existir. O próprio espaço e tempo foi alterado, o eixo da terra foi alterado em 2,5 cm e o dia ficou mais curto em 6.8 microssegundos, porque o planeta passou a girar mais rápido.

Essas 230 mil pessoas morreram. Além de 1 milhão e meio de desabrigados.

Casas e carros perdidos, empresas e empregos deixaram de existir; famílias inteiras mortas.

Se alguém depositava sua esperança, sua confiança nessas coisas a água as levou embora de uma hora para outra.

No que nós temos firmado nossa confiança? Qual é a sua esperança?

Não pode ser em “barquinhos de madeira no meio do mar” (coisas que passam).

Os demais discípulos confiaram no barquinho e não saíram dele.

O grande problema é que nós ficamos agarrados a “barquinhos de madeira”, coisas tangíveis, que podemos nos agarrar, mesmo que elas nos levem para o fundo do mar.

Bens materiais, dinheiro, pessoas. Coisas que hoje estão aqui e amanhã podem não estar conosco.

Eu gosto muito de um texto do apóstolo Paulo que mostra que podemos confiar em Jesus, mesmo em meio à tribulação (Romanos 5.3-5):

“3. E não somente isso, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz perseverança,
4. e a perseverança, a provação, e a aprovação, a esperança;
5. e a esperança não causa decepção, visto que o amor de Deus foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5.3-5).

Jesus é o único em que você pode verdadeiramente confiar sabendo que ele não vai te decepcionar, na verdade ele é o único que concede a verdadeira esperança.

E nós só confiamos nele totalmente quando aceitamos o seu chamado dizendo a cada um de nós: Vem. Como ele disse a Pedro.

Você pode sair deste culto da mesma forma que entrou, confiando em você mesmo e nas coisas que tem acumulado ao longo da sua vida; ou você pode entregar sua vida e seus sonhos a Jesus, Ele é o único que nos garante esperança!

E, por fim, a última coisa que podemos aprender neste texto para podermos caminhar com segurança sobre o abismo, é...

3) PEÇA SOCORRO A JESUS (v. 30 e 31)

“30. Mas, ao perceber o vento, teve medo; e, começando a afundar gritou: Senhor, salva-me.
31. Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou-o e disse-lhe: Homem de pequena fé, por que duvidaste?” (Mt 14.30-31).

Eu preciso explicar uma coisa antes de falar sobre o pedido de socorro a Jesus. É essa fala de Jesus a Pedro: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?

Jesus não estava dizendo que Pedro não tinha fé. Afinal, descer de um barco no meio da madrugada e andar sobre a água não é para qualquer um. Os outros discípulos ficaram no barco, só Pedro desceu.

A palavra grega usada por Jesus para dizer que Pedro tinha pequena fé na verdade significa que Pedro tinha uma fé oscilante. A expressão significa que ele estava vacilando entre dois caminhos.

Então nossa primeira palavra é para os Cristãos. Pedro era um discípulo e ainda assim sua fé era oscilante, parecia uma gangorra, em cima e em baixo.

Como está sua fé meu irmão, minha irmã? O vento tem feito você afundar?

Aliás, porque Pedro ficou com medo do vento? Eu teria ficado com medo da água, pisar sobre água não é algo natural é sobrenatural, mas o vento, ainda que estivesse forte era algo natural.

E além disso o vento, assim como todas as coisas neste mundo, está sujeito à autoridade de Jesus. No verso 32 mostra que assim que Jesus subiu no barco o vento cessou.

O grande problema é esse queridos: às vezes deixamos de olhar para o sobrenatural de Deus e tememos aquilo que é natural.

Quando você deixa de olhar para a onipotência de Deus e começa a olhar para o problema: o desemprego, a enfermidade, a dificuldade relacional no lar.

Mas a promessa de Jesus: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua Justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

Vamos aprender então queridos a olhar para Jesus, não para o vento (as dificuldades, aquilo que nos dá medo), porque quando olhamos para Jesus o resto é ele quem resolve, é ele quem traz a solução.

Mas o texto mostra que Pedro começou a afundar, e o que foi que ele fez?

Ele saiu nadando? Afinal ele era pescador, devia nadar bem.

Foi isso que ele fez?

Não, ele gritou por socorro a Jesus.

Eu não sei se tudo vai bem na sua vida, se sua conta bancária está recheada, se sua casa é uma mansão, se o seu carro é do ano, se sua saúde anda exuberante e se sua família é linda. Só Deus pode conhece a sua vida, e conhece até melhor que você.

Mas ainda que todas essas coisas estejam da forma como eu falei, aparentemente perfeitas, sua vida nunca vai ser perfeita sem que Cristo faça parte dela.

E vão chegar momentos em que você vai se sentir como Pedro: afundando.

O único que pode estender a mão e segurar sua vida é Jesus.

CONCLUSÃO:

Nesta noite, neste pouco tempo em que estivemos refletindo neste milagre em que Deus (Jesus) e um homem (Pedro) caminharam sobre a água pudemos observar que, para que nós também possamos caminhar sobre os abismos que a vida nos apresenta, precisamos reconhecer Jesus, precisamos deixar tudo aquilo que nos impede de irmos até ele (toda falsa sensação de segurança) e por fim, precisamos clamar por Jesus.

Quando eu li a Bíblia a primeira vez e cheguei a este texto em que Pedro clamou pelo socorro de Jesus eu me recordei que já tinha lido isso antes, no Livro do Profeta Isaias (Capítulo 59, verso 1º):

“1. A mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar; nem o seu ouvido está surdo, para que não possa ouvir;” (Is 59.1).

Jesus está com os ouvidos atentos nesta noite para ouvir o seu pedido de socorro, e a mão dele está pronta para salvar, mas o pedir o socorro, ou afundarmos em silêncio, isso é conosco.

Eu não poderia sair deste culto hoje sem perguntar a você se depois de ouvir a palavra, de compreender a palavra, se você quer entregar sua vida a Jesus e ter certeza, que quando precisar caminhar sobre o abismo Jesus estará com você, segurando sua mão.

Segure hoje na poderosa mão de Jesus, entregue sua vida a ele e caminhe com esperança, com paz.

Se você compreendeu a mensagem e quer entregar sua vida a Jesus nesta noite, levante uma de suas mãos para que nós possamos orar juntos.

Eu quero convidar os irmãos diáconos a estarem aqui para receber os dízimos e ofertas dos membros da Igreja, os amados visitantes não precisam ficar constrangidos este é um momento para que os membros possam devolver dízimos e ofertas, mas se você entregou sua vida a Jesus venha aqui na frente também, unicamente para dizer: Jesus eu entrego minha vida nas suas mãos!

Você pode sair daqui como entrou. Mas você pode sair salvo por Jesus, isso é com você, a mão de Jesus está estendida, não encolha a sua.

Fique de pé, vamos orar neste momento.

Linhares, 15 de novembro de 2014.


Pr. Marcos José Milagre