“QUAL É O SEU NOME?”
(2 Crônicas 7.14)
Sermão preparado para a PIB Linhares, em
23/07/15, quinta-feira, noite.
Boa noite irmãos.
Eu
peço que vocês abram suas Bíblias no Segundo Livro das Crônicas, Capítulo 7, verso
14:
“14.
e se o meu povo, que se chama pelo
meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha presença, e se desviar dos
seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei
a sua terra.” (2 Crônicas 7.14).
Qual é o seu nome? Vamos orar mais uma vez.
Este versículo é parte da resposta de Deus à
oração do rei Salomão quando da dedicação do primeiro templo de Jerusalém. Deus
promete sarar a terra e perdoar os pecados do povo, não de todo o povo, mas
daqueles que se chamam pelo seu nome, que afirmam ser o seu povo. E para
perdoar e sarar a terra do seu povo Deus exige que ele se humilhe e busque a
sua presença, ore e se arrependa dos pecados cometidos.
Mas que nome é esse, pelo qual os israelitas
eram conhecidos para clamarem a Deus? E principalmente, por qual nome nós nos
chamamos hoje e que diferença isto deve fazer nas nossas vidas?
Esta
é a nossa proposta para a meditação desta noite: Conhecer o nome de Deus, e as
implicações que existem em ser o povo que se chama pelo nome de Deus.
É importante conhecermos o nome de Deus e
como Ele o revelou à humanidade ao longo da história.
Por isso a primeira coisa que eu quero pensar
com os irmãos que ...
1) O NOME DE DEUS REVELA O SEU RELACIONAMENTO ETERNO CONOSCO (2 Cr
7.14).
“14.
e se o meu povo, que se chama pelo meu
nome, se humilhar, orar e buscar a minha presença, e se desviar dos
seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei
a sua terra.” (2 Crônicas 7.14).
Que nome?
Deus revelou o seu nome a Moises antes de
libertar os judeus do Egito.
No livro de Êxodo, capítulo 3, verso 13,
Moisés pergunta o nome de Deus:
“13.
Então Moisés disse a Deus: Quando eu for aos israelitas e lhes disser: O Deus
de vossos pais me enviou a vós, e eles me perguntarem: Qual é o nome dele? Que lhes direi?” (Êx 3.13).
A pergunta de Moisés em hebraico é: Ma shem, “o que é seu nome?”
Moisés estava perguntando muito mais que a
forma de se dirigir a Deus. Moisés queria saber o que era Deus, qual a natureza
dele, qual sua essência, qual o seu caráter.
Uma coisa para entendermos melhor isso é o
fato de que o nome na cultura judaica e mesmo no oriente médio na antiguidade
devia representar o mais próximo possível a essência da pessoa.
Então Deus responde a Moisés (Êxodo 3.14):
“Deus
disse a Moisés: EU SOU O QUE SOU.
Assim responderás aos israelitas: EU SOU me enviou a vós.” (Êx 3.14).
EU SOU O QUE SOU. Em hebraico: ‘ehyeh
Asher ‘ehyeh.
Uma forma abreviada, ou contraída dessa frase
forma o que ficou conhecido como o tetragrama sagrado: YHWH.
O hebraico não possui vogais, por volta do
século 5 depois de Cristo (400 a 500 d.C.) as comunidades judaicas da Palestina
e da Babilônia começaram a inserir alguns sinais sobre as letras hebraicas para
facilitar a pronúncia, mas esses sinais só foram mesmo padronizados por volta
do ano 900 d.C.
Outra curiosidade é que os judeus, por volta
da época do Segundo Templo de Jerusalém, consideraram o nome de Deus
impronunciável.
Então você tem uma palavra sem vogais, para
nós seria uma palavra formada apenas por consoantes, e ela ficou sem ser
pronunciada por centenas de anos.
Por isso a pronuncia do tetragrama YHWH se perdeu.
Você pode estar pensando: “Pastor,
os Testemunhas de Jeová dizem que é Jeová o nome de Deus”.
Se há uma certeza sobre o tetragrama é que
ele não seria transliterado para Jeová ou Javé, por uma questão muito simples,
não existe o som de “J” no hebraico.
O tetragrama é composto por (da direita para
a esquerda é como se lê no hebraico): um Yod, que tem o som de Y (no
português som de I), um Hê (que é representado pela letra H,
mas tem som de R quando no meio da palavra); um Vav (que tem som de V,
mas é transliterado para o W porque no alemão o W tem somo de V, como em
Wagner, e, por fim, outro Hê, que no final da palavra é mudo.
Se você quiser conhecer o nome das vogais
hebraicas basta que você abra sua bíblia no Salmo 119, essas palavrinhas que
você encontra acima do número dos versículos (Álef, Bêt, Guímel, etc.) é o
alfabeto hebraico, não com os símbolos das letras, mas com o nome delas. Você pode
observar que não há nenhuma delas tem som de “J”.
Pastor,
mas qual o sentido disso tudo? Do nome que Deus revelou a Moisés.
Há um sentido espiritual nas palavras de
Deus, sempre há um sentido espiritual nas palavras de Deus.
Deus disse o seguinte em Êxodo 3.15:
“E
Deus disse ainda a Moisés: Assim dirá aos israelitas: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque e o Deus de Jacó me enviou a vós. Este é o meu nome
eternamente, e assim serei lembrado de geração a geração.” (Êx 3.15).
Deus estava assegurando a seu povo a
imutabilidade da relação dele. EU SOU O
QUE SOU.
Deus não era, nem será, ele simplesmente “É”; ontem, hoje e eternamente (por isso ele diz
que é o Deus de Abrão, Isaque e Jacó).
Quando nós lemos na Bíblia tudo aquilo que
Deus fez ao seu povo (a libertação, as curas, o cuidado, os livramentos);
quando lemos sobre tudo que Jesus ensinou e fez aos seus discípulos, nós não
devemos afirmar somente que aconteceu daquele jeito.
Porque a eternidade, a imutabilidade de Deus
nos assegura da mesma forma que podemos ter um relacionamento da mesma forma
próximo com o “EU SOU O QUE SOU”; ou o “EU SOU”; ou o “Eterno”.
Em um mundo em que as coisas mudam a cada
segundo, em que nossa própria vida pode ser ameaçada no segundo seguinte, há
uma constante: a existência de Deus!
Deu
cuidou do seu povo; Deus
cuida do seu povo e nesta noite eu digo a você que veio a este lugar para
cultuar ao Senhor, para conhecer a sua palavra, para ter um relacionamento
pessoal com Ele: Deus, o “EU SOU”, sempre
vai cuidar de nós, o povo que se chama pelo seu nome.
Mas o texto de 2 Crônicas mostra uma segunda
coisa muito importante para o povo
que se chama pelo nome de Deus, é que...
2) O RÓTULO DEVE CORRESPONDER AO CONTEÚDO (2Cr 7.14).
“14.
e se o meu povo, que se chama pelo
meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha presença, e se desviar
dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e
sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14).
Deus é eterno, sempre vai cuidar do povo que
se chama pelo seu nome, mas e quanto a este povo, o que Deus espera dele?
Considerando que os Cristãos são o povo que
se chama pelo nome de Jesus, o que Jesus espera de cada um de nós?
O texto de 2 Crônicas 7.14 vai nos ajudar a
compreender isso.
Como eu disse antes, este versículo é a
resposta de Deus à oração do rei Salomão quando da dedicação do primeiro templo
de Jerusalém, por volta do ano 1.000 a.C.
Ao responder a oração de Salomão, Deus não
disse ao povo: “Olha tá tudo muito bonito, muito legal, a decoração do templo tá show
de bola, e por isso vocês podem viver a vida de vocês da forma que vocês
quiserem, é só lembrar de vir aqui depois e sacrificar uns animais e eu limpo a
barra de vocês, tá tudo certo”.
Deus disse: se vocês, que são o meu povo, que
se chamam pelo meu nome, se humilharem, orarem e buscarem a minha
presença, e se desviar dos seus maus caminhos, então Eu vou ouvir dos céus,
vou perdoar os seus pecados e vou sarar a sua terra.
Deus
fez exigências para aqueles se chamam pelo seu nome: (i)
Humilhação na sua presença (com o sentido de abandonar o ego, a
altivez); (ii) oração; (iii) intimidade (representado por buscar
a presença); (iv) afastamento do mal e santificação (traduzido
por “desviar-se dos seus maus caminhos”).
E só então é que Deus vai ouvir nossa oração,
perdoar nossos pecados e sarar a nossa terra (sendo que tanto perdoar pecados
quanto sarar a terra tem o sentido de restauração: da vida, da família, do
provimento para as necessidades diárias).
“Mas pastor, isso era para os israelitas, é
coisa do velho testamento, não se aplica aos Cristãos...”
Lembram que nome de Deus é (‘ehyeh
Asher ‘ehyeh) “EU SOU O QUE SOU”. O eterno?
Então eu quero ler para você o texto de João 15.5-7:
“5.
Eu sou a videira; vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis
fazer.
6.
Quem não permanece em mim é jogado fora e seca, à semelhança do ramo. Esses
ramos são recolhidos, jogados no fogo e queimados.
7. Se permanecerdes em mim, e as minhas
palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será concedido.”
(João 15.5-7).
À semelhança do texto de 2 Crônicas 7.14,
essas palavras de Jesus nos orientam, nós que nos chamamos pelo nome dele, pelo
nome de Cristãos, a não nos afastarmos, a estarmos em íntima comunhão, em
santidade e serviço, então, só então,
nossas orações serão respondidas.
Aliás, o próprio nome de Jesus foi escolhido
por Deus, e tem um significado muito bonito da missão dele na terra (Mateus
1.21 – o anjo falando a José):
“21.
Ela dará à luz um filho, a quem darás o nome de Jesus, porque ele salvará seu
povo dos seus pecados.” (Mt 1.21).
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Nós
nos chamamos pelo nome de Jesus, o Cristo, então como Cristãos devemos ter
intimidade com Jesus e devemos viver os ensinos de Jesus.
Só então nossas orações serão ouvidas e respondidas,
como diz o texto de Mateus 15.7.
O grande problema é quando uma pessoa quer
ter um conteúdo diferente do rótulo.
Parece aqueles perfumes que você encontra
algumas pessoas vendendo dentro de carrinhos-de-mão, no rótulo você vai ler “Ferrari”, “Chanel”, “Gucci”, sei lá,
vocês escolham o nome.
Mas quando você abre o negócio e cheira, o
nome que vem à mente é “Laqua de lesgoto”
“Cherê de lê guambê”, é horrível.
E realmente é horrível quando o conteúdo de
um produto não corresponde ao rótulo! A gente se sente enganado.
Imagine o que Jesus pensa de alguém que se
chama pelo seu nome (Cristão), mas que o conteúdo não corresponde ao nome.
De cristão só tem o nome, conteúdo de Cristo
mesmo que é bom tem só um pouquinho?
Será que Deus se agrada de um perfume
falsificado? Eu acho que não.
Por isso eu acredito que o apóstolo Paulo
disse em 2 Coríntios 2.15 que nós devemos ser para Deus o “bom aroma (ou perfume) de
Cristo”.
Então queridos irmãos,
nós que nos chamamos pelo nome do Senhor também vivamos como pessoas que servem
ao Senhor: Com dignidade, santidade, honestidade, expressando o fruto do
Espírito com as nossas vidas e exalando o bom perfume de Cristo, porque é assim
que o povo de Deus deve viver: COM O CONTEÚDO CORRESPONDENDO AO RÓTULO!
E, sabendo que Deus é o Eterno “EU SOU”, que
devemos viver de acordo com o nome de Cristo que carregamos, eu quero falar por
fim que..
3) O
NOME QUE CARREGAMOS DEVE NOS LEVAR A SANTIFICÁ-LO (Mt 6.9).
Eu sei que a santidade faz parte do conteúdo
de ser um Cristão, mas ela é tão destacada por Jesus que eu preciso falar dela
um pouco mais.
A santidade do nome de Deus é marcante que
Jesus ao ensinar aos seus discípulos a oração modelo, ele começa assim (Mateus
6.9):
“9.
Portanto, orai deste modo: Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome;” (Mt 6.9).
Mateus escreveu em grego “hagiasthetoû
ónomá soû”. Mas Jesus disse essa frase, no aramaico a frase “santificado seja o teu nome” teria sido
pronunciado mais ou menos assim pelo Senhor Jesus: “Yitqadash shemák”.
Jesus cresceu em uma cultura israelita e
aprendeu que o nome de Deus é santo.
Há uma oração judaica chamada Qadish, ela é
recitada pelo oficial da Sinagoga para marcar o fim de um ato de culto, e ela
enfatiza a grandeza e a santidade de Deus. Essa oração (Qadish) é assim:
“Que seja glorificado e santificado seu
grande Nome no mundo que ele criou segundo sua vontade. Que ele faça prevalecer
seu reino em vossa vida e em vossos dias e na vida de toda a casa de Israel em
breve e num tempo próximo.”
Jesus não copia o Qadish, mas ele nos ensina
que precisamos atentar para a grandiosidade de Deus. Nossas orações não podem
ser exclusivamente antropocêntricas, não podem se ocupar apenas das nossas
necessidades.
É obvio que devemos pedir pelas nossas
necessidades, Jesus nos ensinou isso, o texto de Mateus 7.11 é muito claro.
O problema é quando uma pessoa enxerga Deus
como um entregador de bênçãos, como esses motoboys que trazem o lanche às
nossas casas (a única missão dele é fazer entregas).
Jesus
nos mostra que em primeiro lugar ao orar, devemos externar a Santidade de Deus,
que é representado pelo seu nome, a sua soberania sobre as
nossas vidas, e então, se necessitamos, em segundo lugar pedir pelas nossas
necessidades.
Quem ora desta forma está pedindo para que a
santidade de Deus se manifeste, e se o Pai é santo, seu caráter deve ser
refletido nas vidas de seus filhos.
Quanto nós oramos para que o nome de Deus
seja santo, estamos pedindo também para sermos santos, e santidade não é simplesmente
separação.
Santo é a palavra hebraica qadosh,
que significa “separar” ou “cortar”.
Documentos do oriente antigo usavam essa
palavra, por exemplo, para indicar o corte de uma pedra para ser usada na
construção.
Quando oramos pedindo para que o nome de Deus
seja santificado, estamos pedindo também para sermos separados para sermos
usados por Deus de forma útil, construtiva.
É
assim, que aqueles que se chamam pelo nome de Deus são também santificados, o
pedirem para que o nome do Senhor seja santificado através das nossas vidas.
Que nesta noite possamos guardar muito bem nas nossas mentes e aplicar
tudo isso na nossa vida.
Nós
não precisamos temer o futuro, ou os problemas.
Deus
é eterno, Ele “É”, e sempre vai cuidar e vai estar com aqueles que vivem
de acordo com o nome que abraçaram ao entregarem suas vidas a Jesus.
Uma
vida com conteúdo de acordo com o rótulo de Cristão que
carregamos, em santidade na presença de Deus.
-
Diante disso, eu finalizo e pergunto: QUAL É O SEU NOME diante de Cristo?
Se é
“Cristão”, viva como Cristão!
Vamos orar neste momento.
Linhares, 23 de julho de 2015.
Pr.
Marcos José Milagre
PIB
Linhares
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