*“GERISIM, JERUSALÉM OU SEU CORAÇÃO, QUAL DOS TRÊS É ADORAÇÃO?”
(João 4.20-24)
Sermão
preparado para a PIB Linhares, em 11/11/18, domingo manhã. Mês da música.
Bom dia.
Como os irmãos tem acompanhado nas mensagens
deste mês, novembro é mês em que nossa igreja se volta para a música.
E a nossa reflexão nesta manhã será sobre
adoração. Na última quinta o Pr. Enilton falou também sobre adoração e nós
vamos continuar falando nesta manhã sobre esse assunto, porque nós não podemos
pensar na música, que uma forma de adoração sem ter muito claro na mente o que
é adoração, a quem eu devo adorar e como devo adorar!
E para nossa reflexão nós vamos usar um texto
bem conhecido, João, capítulo 4, versos 20 a 24, por gentileza, abram suas
Bíblias no texto e assim que o encontrarem se coloquem em pé para ouvir a
leitura:
“20.
Nossos pais adoraram neste monte,
e vós dizeis que Jerusalém é
o lugar onde se deve adorar.
21.
Então Jesus lhe disse: Mulher, crê em mim, a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém
adorareis o Pai.
22.
Vós adorais o que não conheceis; porque a salvação vem dos judeus.
23.
Mas virá a hora, e de fato já chegou, em
que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai no Espírito e em
verdade; porque são esses os adoradores que o Pai procura.
24.
Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem no Espírito e em
verdade.” (João 4.20-24).
Gerisim, Jerusalém ou seu coração, qual dos três é adoração?
Vamos orar mais uma vez.
Adoração é um assunto muito importante, talvez ato mais importante na vida do
Crente e da Igreja.
“-Mas e
o evangelismo, e a ação social, e a oração, e...” Por favor, não me entenda
mal. Estas coisas são muito importantes, mas Deus não nos criou para estes fins
específicos, Deus nos criou para o louvor da sua Glória: Adoração! Efésios
1.11-12:
*“11.
Nele também fomos feitos herança, predestinados
conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o desígnio da sua
vontade,
12. a fim de sermos para o louvor da sua
glória, nós os que antes havíamos esperando em Cristo.” (Ef 1.11-12).
E vamos passar a eternidade em adoração a
Deus (Apocalipse 7.9-10 e 15):
*“9.
Depois dessas coisas, vi uma grande
multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e
línguas, em pé diante do trono e na presença do Cordeiro, todos vestidos com
túnicas brancas e segurando palmas nas mãos;
10. e clamavam em alta voz: Salvação ao
nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.
(...)
*15. Por isso estão diante do trono de Deus e
o servem de dia e de noite no seu santuário, e aquele que está
assentado no trono estenderá o seu tabernáculo sobre eles.” (Ap 7.9-10 e 15).
No verso 15 a palavra “servem” tem origem no grego “latreia”.
Latreia tem
o sentido de serviço na adoração, o ato de adora, de cultuar é latreia.
Por isso a palavra que usamos para adorar falsos deuses (idolatria) tem sua raiz nessa
palavra grega.
*No texto de Romanos 12.1 o apóstolo Paulo
diz:
“1.
Portanto, irmãos, exorto-vos pelas compaixões de Deus que apresenteis o vosso
corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto (latreían - serviço)
racional.” (Rm 12.1).
Nesta manhã estamos prestando um latreían
(culto) a Deus, e vamos passar a eternidade em culto adorando a Deus.
Então se você achava que adoração é um tema
importante, você estava certo, é muito importante e merece toda a nossa
atenção.
EU havia pensado que seria possível responder
nesta manhã a três questionamentos: 1)
o que é adoração? 2) como deve ser a
adoração? e 3) a quem é devida a adoração?
Mas ao escrever a mensagem percebi que o tema
é muito extenso para uma única mensagem de 30 ou 40 minutos, por isso os temas
2 e 3 vão ficar para os dias 15 e 29 deste mês e a nossa reflexão nesta manhã
vai girar apenas em torno do seguinte questionamento:
*1) O QUE É ADORAÇÃO (v. 20 e 21).
Quando você pesquisa no Google imagens a
palavra “adoração”, a imagem que mais aparece é de uma pessoa, homem ou mulher,
com um ou os dois braços levantados (parecendo um jogador de voleibol na rede
fazendo um bloqueio).
Quem gosta de estudar a simbologia da
cultura, vai entender que a nossa cultura entende que aquela imagem representa
adoração. Mas será que a Bíblia confirma essa ideia?
O diálogo entre Jesus e a mulher samaritana
foi em outro sentido:
20.
Nossos pais adoraram neste monte,
e vós dizeis que Jerusalém é
o lugar onde se deve adorar.
21.
Então Jesus lhe disse: Mulher, crê em mim, a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém
adorareis o Pai.
Esta senhora identificada no relato bíblico
como “a mulher samaritana” tinha um conhecimento limitado sobre o que era
adoração.
*Os
Samaritanos, que eram judeus miscigenados, misturados, com outros povos quando
o Reino do Norte (Israel) deixou de existir em 730 a.C. dominado pelos Assírios,
usavam na sua liturgia religiosa somente o Pentateuco, ou, os Livros de Moisés
(Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), o restante da Bíblia
Hebraica (nós a chamamos de Antigo Testamento) era o que eles tinham como dado
por Deus a eles.
Os Judeus tinham os escritos poéticos, os
profetas, os livros históricos.
Mas os judeus também tinham a limitação de
identificar a adoração com os atos litúrgicos realizados no Templo de Jerusalém
(sacrifícios, ofertas, orações, músicas).
Havia sido construído um Templo no Monte
Gerisim, que ficava próximo à cidade onde a mulher samaritana morava, e lá foi
colocado até um bezerro de ouro para adoração, justamente para concorrer com o
Templo de Jerusalém (veja a idolatria).
Mesmo o templo do Monte Gerisim tendo sido
destruído em 129 a.C. pelos judeus, a pergunta da mulher samaritana demonstra
que o ato de ir ao monte adorar e a rivalidade com o Templo de Jerusalém
permaneceu.
Dentro
desta verdade que ambas as culturas tinham, cada um defendia o seu modo de
adoração segundo o seu próprio ponto de vista.
*Havia
uma coisa em comum em ambas as culturas, adoração estava
ligado à ideia de “lugar” (Dt
12.11):
“11.
Então haverá um lugar que o Senhor, vosso Deus, escolherá para ali fazer habitar o seu nome. (...)” (Dt
12.11).
*Até aqui tudo bem, vamos deixar a mulher
samaritana e os judeus um pouco de lado agora, e vamos nos perguntar: qual é a nossa ideia sobre o que seja
adoração?
Terminou o culto, você saiu, atravessou a
faixa de pedestres, vai caminhando descendo a rua no sentido da BR 101, um
conhecido te para e faz uma pergunta trivial: “-O que é adoração?”
O que é que você responderia? (...) “-eu
peço ajuda aos universitários?”.
Tudo bem, digamos que você tenha elaborado
essa resposta e a tenha guardado consigo.
*Você elaborou sua resposta teológica e a tem
na sua mente, para qualquer um que lhe pergunte, mas será que suas palavras e seus atos do dia-a-dia correspondem à resposta
que está na sua mente?
Eu vou explicar: Mesmo sendo oriundos da
Reforma Protestante, mesmo membros de uma igreja batista histórica, nós somos
fortemente influenciados pela cultura católica, em razão da história de
colonização do nosso pais.
Por exemplo, falamos sem perceber a expressão
“Nossa!”
ou “Minha
nossa!” como interjeição de espanto, só que essa expressão é oriunda da
frase de clamor “Minha Nossa Senhora!”, que se refere ao culto católico a Maria
(a doutrina oficial da igreja católica é de que não é culto é veneração – mas
se você se prostra e roga algo a alguém ou a alguma coisa isso é culto, o resto
é semântica).
Outra expressão dessa cultura católica do
nosso pais é a identificação dos locais de culto, que até podemos chamar de
templo (porque a nossa Constituição de 1988 assim o fez no art.150, IV, “b”)
com a “igreja”!
*“-Eu vou na igreja” (construção), “-vamos
pintar a igreja” (construção); “-as lâmpadas da igreja estavam apagadas”
(construção); e tantas outras frases que usamos no dia-a-dia para identificar o
templo com a igreja.
Mas igreja é gente, vem da palavra grega ekklesía
(chamado - fora), assembleia, pessoas. Biblicamente igreja nunca é
identificada com uma construção na Bíblia.
Outra expressão que usamos, e que não é
própria do Novo Testamento, mas do Antigo Testamento e do Judaismo, é
identificar o Templo (esta construção) com a “Casa de Deus”,
*O
Salmista faz isso no Salmo 122, verso 1:
“1.
Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor.” (Sl 122.1).
*O
problema é que o Salmista está falando especificamente do Templo que foi
construído em Jerusalém; templo este que possuía um ambiente
separado (o Santo dos Santos, ou o Santíssimo), onde apenas o Sumo Sacerdote
entrava, uma vez ao ano (Êxodo 30.10; Hebreus 9.7), para oferecer sacrifício
pelo povo (Levítico
16; Hebreus 9.7), onde estava depositada a arca da aliança
(antes de desaparecer) e sobre esta arca o lugar específico que marcava a
presença de Deus naquele local, o propiciatório.
Apenas o Templo de Jerusalém era identificado
como a “Casa do Senhor”!
Deixou de ser com a vinda de Jesus ao mundo,
tanto o é que Jesus diz à mulher samaritana (versos 23 e 24):
23.
Mas virá a hora, e de fato já chegou, em
que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai no Espírito e em
verdade; porque são esses os adoradores que o Pai procura.
24.
Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem no Espírito e em
verdade.” (João 4.20-24).
Acabou! Nenhum lugar mais será chamado de “Casa
de Deus”, como local de adoração, até mesmo porque no ano 70 d.C. os
romanos liderados pelo General Tito destruíram o Templo de Jerusalém, restando
somente o seu Muro Ocidental, que também é chamado de “Muro das Lamentações”
*O marco mais específico dessa mudança está
registrado no texto de Marcos 15.37-38:
“37.
Mas Jesus, dando um alto brado, expirou.
38.
Então o véu do santuário se rasgou em
dois, de alto a baixo.” (Marcos 15.37-38).
*A finalidade do véu era fazer a separação
entre o espaço santo e o espaço santíssimo (onde estava a arca da aliança),
mesmo ainda na época em que o culto era realizado no Tabernáculo (Ex 26.33-34):
*“33.
Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e levarás a arca do testemunho para
dentro do véu. Este véu fará separação
entre o lugar santo e o lugar santíssimo.
34.
Porás o propiciatório sobre a arca do testemunho no lugar santíssimo.” (Ex
26.33-34).
Duas coisas marcam o véu ter sido rasgado:
*(i) a
primeira é que Deus não habitaria mais em templos feitos por mãos humanas (por isso nossos templos não são “Casa de
Deus”). Foi uma das afirmações
do Apóstolo Paulo ao fazer a pregação em Atenas (Atos 17.24):
*“24.
O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de
homens.” (At 17.24).
O mesmo apóstolo Paulo disse que os crentes é
que são verdadeiramente templos onde Deus habita (2 Coríntios 6.16):
“16.
E que acordo tem o santuário de Deus com ídolos? Pois somos santuários do Deus vivo, como ele disse: Habitarei
neles e entre eles andarei; eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.”
(2 Cor 6.16).
*Mas a segunda coisa que o véu rasgado significa
é: (ii) Não há mais barreiras entre
qualquer pessoa e Deus, há um caminho: Jesus Cristo, e no nome de Jesus
nos achegamos a Deus (1 Timóteo 2.5: Porque
há um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem).
“-Pastor, você não devia falar essas coisas,
já tem menos gente vindo no culto de quinta-feira e no domingo pela manhã, se
você falar que o templo não é a “Casa de Deus” muita gente vai começar a
faltar!”.
Eu não tenho nada contra a expressão “Casa do
Senhor”, você pode usar ela de forma poética; é uma expressão que traz beleza,
mas este não é um argumento Bíblico, por isso eu não posso usar algo que não é
Bíblico (dizer que Deus mora em construções) para que as pessoas façam o que é
Bíblico (que é cultuar a Deus junto com a igreja que escolheram).
Aqui nós precisamos entender a força não
aparente das palavras que usamos: Você deve ter assistido um filme chamado “Titanic”.
Quando os vigias observam o iceberg se
aproximando, o que eles veem?
-O gelo que está acima da água! Mas o que é
que afunda o navio?
-O gelo que está abaixo da linha d’água! A
maior parte do iceberg fica abaixo da linha d’água, e não pode ser visto, nem
por isso o perigo é menor.
Nossas palavras representam o gelo acima da
linha d’água, é o que dar para ver, ouvir. Mas o que pode nos afundar nem
sempre é visível!
Quem falta às reuniões da igreja, não por
estar doente (eu na quinta à tarde e noite tive um mal-estar severo e não pude
estar no culto); ou por cumprir uma escala de trabalho, mas falta para relaxar, para dar uma caminhada, ir na academia, não vai
fazer a menor diferença para a presença dela nos cultos eu dizer (sem amparo
bíblico) que o templo é a “Casa do Senhor”.
*Porque
essa pessoa:
(1) ainda
não entendeu o que é adoração!
(2) Ela
não se importa com quem devemos adorar; e
(3) E
o “como adorar” ela faz do jeito dela (aliás uma marca da
pós-modernidade, esse tempo cultural em que vivemos, é que espiritualidade na cabeça de muita gente é vivida como
restaurante self service, o sujeito coloca
no prato somente o que quer, na quantidade que quer, e deixa no prato se não
gostou).
Jesus muda a percepção da mulher samaritana e
chama nossa atenção para mudar também a nossa percepção de que adoração não é
em Gerisim (Samaritano), nem em Jerusalém (Judeu), mas em espírito e em verdade.
A mulher samaritana estava tão interessada em
saber o que para ela era o lugar correto de adoração (quem só lesse a narrativa
bíblica a partir desse versículo iria dizer: que mulher espiritual), mas essa mesma mulher já tinha tido 5 maridos
e o homem que ela tinha agora não era seu marido!
O interesse dela pelo “local certo para adorar” não tinha alcançado sua vida conjugal, sua vida moral, sua rotina diária!
Muita gente tem um conhecimento intelectual,
um pensamento, uma definição do que seja adoração, mas isso não muda a sua vida em nada! Não aproxima a pessoa de Deus,
não a leva a ter um compromisso com Deus e a mudar o que ela sabe que está
errado!
Isso
responde aos nossos questionamentos sobre a importância de saber e praticar
esse conhecimento, do que não é adoração.
Como
crentes, nós precisamos viver aquilo que falamos, ou
estaremos apenas dizendo “Senhor, Senhor”, mas não estaremos fazendo aquilo que
Jesus nos mandou fazer, como Deus Pai falou pela boca do profeta Malaquias 1.6
e o Deus filho disse e foi registrado no Evangelho Segundo Lucas 6.46
Porque parece bobagem ou trivialidade quando
pensamos em adoração, gastar tempo dizendo que igreja não é templo, nem lugar,
que igreja somos eu e você.
Mas isso tem relevância quando o sujeito
pensa que o templo é um local mais espiritual, mais sagrado, que a sala da casa
dele, ou o seu local de trabalho, ou o ambiente virtual que ele frequenta com
seu smartphone, ou seu computador.
O sujeito está com problema, precisando
(entre aspas) “de uma oração forte” então ele vem ao culto (à
Casa de Deus), porque na cabeça dele, Deus está aqui! Aqui tem mais “poder”
para abençoá-lo!
É como se o sinal do wi-fi celestial pegasse
melhor aqui!
Mas a gente só passa 4 horas e meia, mais ou
menos em culto coletivo como igreja. Quinta à noite, domingo pela manhã e à
noite. Depois disso a (Casa de Deus) fecha as portas. Tem gente que passa mais
tempo nas redes sociais (face book, Instagram, twitter...) que nas reuniões da
igreja.
A pessoa vai passar o resto da semana em casa
com o cônjuge e os filhos, com a família, na empresa, trabalhando, na escola,
na faculdade, e na impressão que ele tem de igreja e de adoração lá não é “Casa
de Deus”, então quem é que não mora lá, ou quem é que não está lá?
Deus!
Se Deus não mora fora do templo, eu posso
colar na prova, Ele não está vendo mesmo! Eu posso brigar com a mulher, eu
estou na minha casa, Deus
está na casa dele. Eu posso ser mal-educado (tem crente que não faz a gentileza
de dar um bom dia para ninguém), eu
posso fazer um monte de besteira... Depois eu venho onde eu entendo que é a
casa de Deus e ouço o Pastor Enilton ou o Pastor Marcos pregando, eu canto uma
música e está tudo bem!
Isto não e adoração!
*Assim
como não é adoração a ideia de “assistir um culto”. É outra
ideia que pode estar associada ao pensamento de que Igreja é construção!
A gente assiste um jogo (porque não entramos em campo para jogar), Flamengo e
Botafogo jogaram ontem, os torcedores entraram em campo para jogar? Não, eles
assistiram ao jogo!
A gente assiste um filme ou uma peça de
teatro (porque não estamos atuando no
filme, não somos os atores), quem
assiste um culto é porque não entrou na reunião da igreja para adorar a Deus!
Assistir
culto também não é adoração (e é outra expressão que ouvimos muito:
eu vim assistir o culto)!
Percebem
que as expressões que usamos até agora tem algo por trás que nem sempre
percebemos? É o gelo oculto que afunda o navio!
Até
agora dizemos o que adoração não é: não é ir a um lugar, não é
assistir um culto, agora precisamos começar a dizer o que é adoração.
*Uma
das coisas que Adoração significa é render-se!
Um dos termos mais usados para adorar é a
expressão grega proskuneô, originalmente significava “beijar”, o ato de
adoração grega de dobrar os joelhos, prostrando-se e beijar o chão ou a imagem.
Comunicava a ideia básica de submissão.
Adorar é submeter-se à vontade de um Deus
soberano que é alvo da adoração. Por isso o relacionamento com Ele, a quem
adoro, é do jeito Dele, não o meu, por isso eu não falto aos cultos prestados a
Ele pela igreja, porque entendo que fui criado para essa adoração e nada é mais
importante que adorá-lo. A mulher
samaritana rendeu-se à autoridade de Jesus, e a primeira coisa que ela fez ao
deixar a sua presença foi anunciar que o havia encontrado ao seu povo!
Por isso adoração como rendição à vontade de
Deus se infiltra e se espalha por todos os aspectos e momentos da nossa vida!
*Adoração
também tem o sentido de servir. Já falamos sobre isso
anteriormente, é o grego latreia (traduzido em Romanos 12.1
como culto).
É importante dizer que no texto de Romanos
12.1 Paulo afirma que o culto é racional. Sentimento tem seu lugar na adoração,
mas a adoração não pode ser transformada em um momento para o adorador
extravasar suas emoções (como a história do trenzinho no culto que uma igreja
estava fazendo e o pastor disse ao irmão que a Convenção Batista tinha
flexibilizado).
Também não deve ser um ritual frio,
destituído de sentido, não pode ser um fazer pelo fazer, como se o ritual fosse
mais importante que o desejo de adorar!
Adoração
precisa ser um ato de entrega ao Senhor. O texto de Lucas 2.37
diz que a profetisa Ana, uma viúva com 84 anos, servia prestava culto (latreousa)
ao Senhor no Templo de Jerusalém, numa adoração de jejuns e orações, noite e
dia.
Adoração é prestar culto, como igreja, por
isso o Autor da Carta aos Hebreus diz que não devemos deixar de nos reunir
(Hebreus 10.25):
*“25.
não abandonemos a prática de nos
reunir, como é costume de alguns, mas, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros,
quanto mais vede que o dia se aproxima.” (Hb 10.25).
Adoração não é um mero fazer, ou ir, ou
sentir: adoração é ser, é um estilo
de vida de quem deseja adorar ao Senhor, mas isto ainda não é um conceito
de adoração!
Uma observação feita por um pastor respeitado
no nosso meio, pela sua seriedade e erudição, já está com o Senhor na
eternidade, Pr. Russel Shedd: “(...) qualquer tentativa de definir adoração
será falha”[1].
Por isso fiquemos com a orientação Bíblica
sobre adoração (Salmo 34.1-3):
“1.
Bendirei o Senhor em todo o tempo
(não só nos momentos de culto com a igreja); seu louvor estará sempre nos meus lábios.
2. Minha alma se gloriará no Senhor (eu
adoro individualmente, não só com a igreja); os aflitos ouvirão isso e se alegrarão (adoração conforta o
coração do necessitado).
3.
Engrandecei o Senhor comigo e juntos
exaltemos o seu nome (adoração deve acontecer também com a igreja toda reunida).”
(Salmos 34.1-3).
Gerisim, Jerusalém, ou seu coração, qual dos
três é adoração?
Vamos orar neste momento.
Linhares, 09 de novembro de 2018.
Pr.
Marcos José Milagre
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