*”A PARÁBOLA DO AMOR AO
PRÓXIMO.”
(Lucas 10.25-37)
Mensagem preparada para pregação na PIB Linhares,
em 06/01/2019, domingo manhã.
Bom dia irmãos,
Vamos continuar meditando
nas parábolas de Jesus. Na quinta-feira tivemos a abertura desta pequena série
de mensagens sobre as parábolas, refletimos sobre o que é o Reino de Deus, e o
preço de ser um discípulo de Jesus e cidadão do seu reino.
Nesta manhã como
anunciado, vamos meditar em uma das parábolas mais conhecidas, pessoalmente uma
das minhas favoritas, que a chamada parábola do “bom samaritano”.
Por gentileza, abra sua
Bíblia no Evangelho Segundo Lucas, capítulo 10, versos 25 a 37:
“25.
(...)” (Lucas 10.25-37).
Essa parábola tem como
temática o amor ao próximo, por isso o tema da mensagem segue o tema da
parábola e a designei o tema de hoje de:
“A PARÁBOLA DO AMOR AO PRÓXIMO.”
Vamos orar mais uma vez.
É uma história bem
conhecida.
*Tudo
começa quando Jesus é colocado à prova por um “certo doutor da lei”
(verso 25 – provavelmente um Fariseu),
que o pergunta: “Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?”.
Guarde esta pergunta na
sua mente, ao final vamos voltar a ela.
Mas,
aqui já há algo que deve ter parecido um absurdo para os ouvintes.
*O sujeito
é um doutor da lei, ou seja, estudou com um rabi de uma escola conhecida, tem o
reconhecimento desta escola rabínica, hoje
ele teria um diploma superior em Teologia, ele atende pessoas que o
procuram para tirar dúvidas sobre a Bíblia e ele vai perguntar para um pregador
itinerante que na sua própria terra não teve credibilidade, como é que alguém
pode ir para o Céu?
Nem os conhecidos de Jesus
que o viram crescendo entendiam de onde vinha sua sabedoria e autoridade
(Marcos 6.1-3):
*“1. Jesus saiu dali e foi para sua terra, e os
discípulos o seguiram.
2.
Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; ao ouvi-lo, muitos se
maravilhavam, dizendo: De onde lhe vem
essas coisas? Que sabedoria é que lhe foi dada? Como se fazem tais milagres por
suas mãos?
*3. Este não é o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de
José, de Judas e de Simão? E suas irmãs não estão aqui entre nós? E
escandalizavam-se por causa dele.” (Marcos 6.1-3).
Nem na sua própria terra
as pessoas tinham conhecimento de onde vinha a sabedoria de Jesus, como um
homem que até então exercia a função de carpinteiro (ou artífice) podia saber
aquelas coisas?
Ele não tinha formação em
teologia, não era de linhagem sacerdotal, não era de família de profetas, não
era chefe de sinagoga, não era da Tribo de Levi.
Mas
mesmo assim aquele que era um doutor da lei estava lhe perguntando como ir para
o Céu!
Continuando a narrativa
que precede a parábola do bom samaritano, Jesus devolve a pergunta ao doutor da
lei (verso 26):
“O que está escrito na lei? Como
lês?” Em aramaico, a língua falada por Jesus no dia-a-dia, a palavra
usada deve te sido “qara”, e pergunta ficaria assim: “Como recitas?”. Os judeus
recitavam, e ainda recitam, as escrituras como rezas.
O Doutor da Lei então
recitou uma combinação dos textos de Deuteronômio 6.5 e Levítico 19.18:
*“5. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma
com todas as tuas forças.” (Deuteronômio 6.5).
“18.
Não te vingarás nem guardarás ódio contra gente do teu povo; pelo contrário, amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Eu sou o Senhor.” (Levítico 19.18).
Sobre o amor a Deus não
pairava qualquer dúvida. Deus era único e conhecido de todos os judeus.
Eles recitavam todos os
dias, pela manhã e antes de dormir o Shemá Israel (“Ouve ó Israel”), que no começo era apenas o texto de Deuteronômio 6.4-9, depois passou a
englobar também Deuteronômio 11.13-21,
e Números 15.37-41.
Mas sobre quem era “o
próximo” que devia ser amado para que se pudesse ter acesso ao Céu, havia
discussão entre os doutores da lei.
Havia uma ideia
majoritária de que apenas os membros da comunidade judaica eram “o próximo”,
incluindo o chamado “prosélito pleno”
(prosélito de retidão ou prosélitos de justiça).
O prosélito pleno era uma
pessoa nascida em outra nação que só não se tornavam judeus quanto à raça por que isso era
impossível, mas se tornavam judeus
quanto à religião, pois abraçavam o Judaísmo de forma plena. Eles recebiam
a circuncisão; prometiam se submeter a toda Lei Mosaica; eram batizados e até
traziam sacrifícios no Templo.
Você encontra essa figura
do “prosélito pleno” no texto de Êxodo 12.48:
*“48. Quando, porém, algum estrangeiro estiver vivendo
entre vós e quiser celebrar a Páscoa do Senhor, deverá circuncidar todos os homens da família; então poderá celebrá-la e
será como o natural da terra. Mas nenhum incircunciso comerá dela.”
(Êxodo 12.48).
E haviam os prosélitos que
não eram considerados como “o próximo” de um judeu, que eram os “Prosélitos da entrada” (ou prosélitos da porta).
Esses
prosélitos da porta eram pessoas que até
chegavam a renunciar às suas práticas pagãs e se tornavam simpatizantes da
religião judaica. Alguns até frequentavam a sinagoga. Porém, esses
prosélitos não chegavam a se enquadrar dentro de todas as exigências da Lei, especialmente com relação à circuncisão,
apesar de guardarem muitos dos mandamentos morais.
Mas havia muita discussão
entre aos ramos do judaísmo sobre quem era o próximo que se devia amar: Muitos
fariseus consideravam que os “não fariseus” (saduceus, essênios, zelotas,
herodianos) não eram o seu próximo.
Os essênios (que eram os
proprietários dos manuscritos de Cunrã), achavam que só essênios eram o seu
próximo.
Não
havia uma única forma de pensar, não havia concordância entre as seitas
judaicas, sobre quem era o próximo.
Era muito difícil que esses
grupos do judaísmo concordassem em alguma coisa sobre a interpretação da lei.
Mas em uma coisa TODOS eles concordavam:
Um
Samaritano nunca seria o seu próximo!
Jesus contou a história em
um nível crescente de desafio e inquietação para seus ouvintes:
*Vinha
descendo um homem de Jerusalém para Jericó. Uma viagem realmente de descida,
Jerusalém fica em uma região mais elevada, uma viagem de cerca de 27 km, uma
estrada perigosíssima.
O homem estava caído,
espancado, e certamente morreria se não fosse socorrido!
Então:
Lá vem o sacerdote! “-Esse vai ajudar o homem ferido pelos
marginais”. E o sacerdote passou! Lá
vai o pastor da igreja. Passou de longe...
Lá
vem o levita! “-Esse não é tão especial quanto o sacerdote,
mas é um homem de Deus, ele vai ajudar o homem assaltado”. E o levita passou! Lá vai o diácono, ou o
Ministro de Música, ou o professor da EBD. Passou...
O público de Jesus com
certeza esperava que a próxima figura fosse um judeu comum, um crente, na nossa
linguagem, um membro da igreja batista...
Jesus
então complica a situação e enfia um samaritano na parábola.
Eu já falei algumas vezes
porque os judeus odiavam tanto os samaritanos. Os samaritanos eram judeus mestiços! Mestiço no sentido de que seus
ancestrais, que eram judeus puro-sangue do Reino de Israel (o extinto Reino do Norte),
foram misturados com povos de várias nações por meio do casamento, quando os
Assírios dominaram o Reino do Norte no ano 721 a.C.
Samaritanos eram judeus
mestiços na linhagem sanguínea e tinham uma religião mestiça, impura aos olhos
dos judeus, porque eles adoram a Deus, mas a outros deuses pagãos também.
E para piorar ainda mais o
ódio dos judeus, entre os anos 6 e 9 d.C., durante uma festa da Páscoa (uma das
mais sagradas para os judeus) os samaritanos pregaram uma peça terrível nos
judeus: no meio da noite jogaram na
praça do Templo ossadas humanas, e ossos humanos tornavam o ambiente impuro.
Praça do Templo impura,
devido às ossadas, foi uma confusão, porque ninguém queria ficar religiosamente
impuro passando pela praça do Templo, mas tinha que ir ao Templo porque era
Páscoa. Foi uma confusão tremenda e o ódio pelos samaritanos aumentou muito
depois disso.
E poucos anos depois desse
ato terrorista dos Samaritanos, Jesus continua a história: Lá vem o Samaritano!
Jesus
gostava de mexer com o que havia de mais profundo no coração das pessoas,
para que elas refletissem sobre suas necessidades verdadeiras, sobre seus
preconceitos, para enxergar a verdade que Ele queria mostrar.
Há meu filho, os judeus
que ouviam Jesus devem ter pensado automaticamente: “Com certeza esse miserável
desse samaritano além de não ajudar o homem machucado, ainda é capaz de cortar
a garganta dele.”
*Contrariando
todas as expectativas, o Samaritano para, trata as feridas, presta os primeiros
socorros, usa seus bens para ajudar o homem machucado, paga hospedagem,
alimentação e cuidados para ele na hospedaria.
Acho
que a gente pode fazer uma pausa aqui para nossa primeira reflexão, que é muito
importante, porque é o cerne da parábola, e por isso vamos ficar só com ela
hoje. Uma pergunta:
*1) QUEM NÓS EXCLUÍMOS DO NOSSO CONCEITO DE “PRÓXIMO”? (v. 36).
*“36. Qual desses três te parece ter sido o próximo do que caiu na mão dos
assaltantes?” (Lucas 10.36).
De quem eu sou o próximo?
Quem eu excluo do meu conceito de próximo? Quem está fora da minha obrigação
cristã com o próximo?
Os judeus e prosélitos
plenos excluíam os não judeus.
Muitos fariseus excluíam
os não fariseus. Os essênios excluíam os não essênios.
E, novamente: Quem nós excluímos do nosso conceito de
próximo?
Essa é a para parábola de
amor ao próximo, ela envolve o segundo mandamento que é de natureza semelhante
ao primeiro (Mateus 22.36-39):
*“36. Mestre, qual é o maior mandamento
na Lei?
37.
Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma
e de todo o entendimento.
38.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
39. E
o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus
22.36-39).
Nós pensamos muitas vezes,
e de forma absolutamente equivocada,
que a parábola do bom samaritano, como a chamamos, envolve apenas ação social
(dar cesta básica, doar uma roupa usada, um remédio, dar uma esmola), quando,
na verdade, essa parábola identifica “a
expressão pública daqueles que vão para o céu).
A pergunta feita a Jesus
foi (v. 25): “Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?”.
Nós temos tanto medo da teologia da salvação pelas obras,
que nos furtamos muitas vezes, para nossa conveniência, de fazer boas obras ao
nosso próximo.
Você já deve ter ouvido
que atos de bondade, as chamadas “Obras” não salvam! Somos salvos pela graça,
por meio da fé (Ef 2.8 – vimoso este texto na última quinta-feira).
Mas esquecemos de falar
com a mesma convicção que os salvos fazem os atos de bondade, as chamadas
“obras”.
São elas que testemunham
publicamente sobre a nossa fé e salvação. São elas que mostram de forma
concreta, tangível, que fomos salvos por Jesus Cristo.
Nosso
Senhor Jesus disse que são essas “obras” que nos serão apresentadas no dia do
julgamento final, como provas em um Tribunal, sobre como vivemos a nossa fé no
Senhor (Mateus
25.31-46).
Abra a sua Bíblia. É um
texto longo, mas necessário para compreendermos quem é o nosso próximo.
(Mateus 25.31-46). Ler na
Bíblia.
*Os que vão para o céu: Saciaram a fome de alguém; saciaram a
sede; abrigaram estrangeiros; vestiram e aqueceram pessoas com frio; visitaram
doentes e presos!
*São aqueles que amaram a Deus em
primeiro lugar, mas amaram também o próximo.
Pessoas
que investiram seu tempo, seus recursos, suas vidas em ajudar pessoas, em serem
o próximo de alguém!
Os que vão para o inferno,
disse Jesus, não fizeram
essas coisas.
Não
podemos excluir ninguém no nosso conceito de próximo!
Não podemos excluir
ninguém do nosso amor, dos nossos pensamentos e das nossas ações! Porque todos
eles são o nosso próximo.
Uma outra reflexão, ainda sobre
quem excluímos do nosso conceito de próximo, é que amar ao próximo envolve não só o dar, mas também o perdoar e o
orar pelos que nos odeiam:
“*43.
Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
44. Eu
porém vos digo: Amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos
perseguem;
45. para que vos tornei filhos do vosso Pai
que está no céu; porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz
chover sobre justos e injustos.
*46. Pois, se amardes quem vos ama, que
recompensa tereis?
47. E,
se cumprimentardes somente os vossos compatriotas, que fazeis de especial? Os
gentios também não fazem o mesmo?
48.
Sede, pois, perfeitos, assim como perfeito é o vosso Pai Celestial.” (Mateus
5.43-48).
*O nosso
próximo também pode ser alguém que nos considera um inimigo (alguém a quem essa
pessoa quer ver destruído).
Pode ser alguém que nos
persegue (que prepara armadilhas, que faz fofoca com nossos nomes no ambiente
de trabalho, ou no nosso convívio social).
Nós
as temos excluído também do nosso conceito de próximo?
Jesus nos manda orarmos
por essas pessoas, elas são nosso próximo também
Vamos ver um vídeo agora,
para finalizar entendendo o valor das pessoas que Jesus chama de nosso próximo,
e depois estaremos orando!
(Anderson Freire. O bom
samaritano).
Esta parábola mostra como
um discípulo de Jesus deve amar o próximo!
Nossa proposta como igreja
para este ano é ser uma igreja relevante para Linhares!
Mas nós só vamos ser
verdadeiramente relevantes para o povo da nossa cidade se primeiro nós os
amarmos, então, e só então, eles serão o nosso próximo!
Vamos orar.
ORAÇÃO.
Linhares, 05 de janeiro de
2019.
Marcos José Milagre
Pastor auxiliar da PIB Linhares
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