sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

NOS PASSOS DA IGREJA: PROCLAMAÇÃO

“NOS PASSOS DA IGREJA: PROCLAMAÇÃO”
(Atos 1.1-11)
Sermão preparado para a PIB Linhares, em 02/01/16, domingo, manhã.

Bom dia.

Esse é nossa primeira reunião como Primeira Igreja Batista de Linhares no ano de 2016, por isso eu quero voltar aos nossos primeiros passos como igreja de Cristo.

Para tanto eu quero dar uma olhada no livro de Atos, que é chamado por alguns teólogos como “Atos dos Apóstolos”, em razão da narrativa da atuação de alguns apóstolos.

Outros teólogos preferem o nome “Atos do Espírito Santo”, em razão de que este livro narra o começo da era do Espírito Santo, após a ascensão de Jesus, porque, na verdade, é o Espírito Santo quem dirige a ação dos apóstolos e dos demais discípulos.

E a ação de todas essas pessoas, na forma em que é narrado o livro de Atos por Lucas, tem uma única finalidade: a Proclamação do Evangelho.

Por gentileza, abra sua Bíblia no Livro de Atos, capítulo 1, a partir do verso 1º:

“1.(...).” (Atos 1.1-11).

O verso primeiro mostra que o Livro de Atos foi escrito para “Teófilo”. A maioria dos escritores acredita que Teófilo tenha sido realmente uma pessoa uma pessoa a quem Lucas dirigiu seu escrito, mas parte acredita que Teófilo na verdade sejam todos os crentes, porque seu nome significa “amigo de Deus”, então o livro de Atos teria sido dirigido a todos os amigos de Deus.

O Livro de Atos é um relato vivo da igreja logo depois que Jesus regressou ao Céu e de quando iniciou o tempo do Espírito Santo.

Assim como Deus Pai se mostrou mais intensamente no Antigo Testamento, e Jesus, havia se revelado aos homens, como foi registrado nos evangelhos, agora era o tempo do Espírito Santo colocar-se mais em evidência.

Mas é muito interessante que Lucas tenha iniciado sua narrativa ainda pegando o gancho da despedida de Jesus de seus discípulos.

Até o verso 9 Jesus ainda está com os discípulos, e é no verso 8 que Lucas insere o que é chamado de “a chave do livro de Atos”.

Porque todo livro é destinado a mostrar o cumprimento da palavra de Jesus, de que o evangelho deveria ser pregado por todo o mundo.

E Lucas mostra o evangelho sendo proclamado pela igreja, de Jerusalém a Roma, quando acaba o livro de Atos, Paulo está em prisão domiciliar em
Roma, pregando o evangelho (foi a primeira prisão do apóstolo).

Mas nesta manhã, para falar sobre proclamação do evangelho, eu gostaria de nos identificar com os discípulos de Jesus, para que nós possamos perceber que eles também tinham as suas dificuldades.

Mas a despeito das dificuldades culturais (pregar a não judeus); dificuldades de comunicação (a palavra era pregada a viva voz, sem internet ou redes sociais); dificuldades de liberdade de culto (o cristianismo não era perseguido pelos judeus não convertidos e depois pelos romanos).

A despeito de todas essas dificuldades o evangelho foi levado ao mundo então conhecido.

E esses versículos vão nos guiar um pouco sobre como foi possível essa proclamação fantástica do evangelho.

Mas eu quero inicialmente mostrar uma dificuldade que os discípulos tinham, e que nós também podemos ter nos nossos dias, que pode certamente dificultar muito a proclamação do evangelho, que é...

1) A NOSSA DIFICULDADE EM ENTENDER A VONTADE DO SENHOR (v. 6-8).

“6. E os que se haviam reunido perguntaram-lhe: Senhor, é este tempo em que restaurarás o reino de Israel?
7. Ele lhes respondeu: Não vos compete saber os tempos ou as épocas que o Pai reservou por sua autoridade.
8. Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra.” (At 1.6-8).

Como nós seres humanos temos dificuldade em compreender a vontade de Deus, que agora está escrita em sua palavra.

Os apóstolos estiveram durante um tempo de aproximadamente três anos convivendo diariamente com Jesus.

Eles já haviam ouvido Jesus dizer que seu reino não era terreno. João 18.36 nos mostra isso:

“36. Jesus respondeu: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus servos lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Entretanto o meu reino não é daqui.” (João 18.36).

Mesmo conhecendo esta verdade os olhos dos discípulos ainda estavam na restauração do reino físico, político de Israel.

Parece insistência, não é?!

Jesus disse: O meu reino não é deste mundo! Antes de Jesus voltar ao céu, lá vem os discípulos com a pergunta de novo: “é este tempo em que restaurarás o reino de Israel?

Insistência humana em que Deus cumpra a nossa agenda.

Mas a agenda de Jesus era outra. Ele diz aos discípulos: Este assunto não diz respeito a vocês. Mas vocês vão receber poder do Espírito Santo para pregar o Evangelho.

Queridos irmãos, este texto mostra como nós seres humanos somos; mesmo nós que somos crentes; quanta dificuldade nós temos em entender e fazer a vontade do Senhor.

Os discípulos já sabiam que o reino de Jesus não era Israel, um país. Eles já tinham recebido a Grande Comissão, mas ainda estavam perseguindo sua própria ideia do que deveria ser o reino de Deus.

Jesus já estava se despedindo e eles ainda não tinham compreendido o que tinham ouvido durante três anos. (thau, boa viagem, mas e aquele negócio que a gente conversou, é assim?).

Ainda hoje parece que muitos crentes estão perguntando a Jesus: “Senhor, eu posso pregar o evangelho ganhando mais dinheiro, ou sendo promovido, ou tendo uma comunhão bem legal com os meus amigos da igreja, daí as pessoas vão ver que é bom ser crente e vão querer conhecer mais o Senhor?

Sucesso, amizades, comunhão com os amigos não são a prioridade na agenda de Deus. A proclamação do evangelho é.

Os versículos que lemos mostram claramente isso. A prioridade no plano de Deus é a salvação das pessoas por meio da proclamação do evangelho pelos crentes.

Mas a grande pergunta é: Quando os crentes vão entender isso? Quando os crentes vão obedecer isso?

No verso 8, eixo central do Livro de Atos, Jesus diz que a vontade do Senhor é que nós sejamos “testemunhas” dEle.

A palavra testemunha tem uma conotação forense.

Durante uma audiência, a testemunha só pode falar daquilo que viu, ou ouviu.

A testemunha não pode expressar sua opinião, porque o que ela “acha” não interessa.

Quando vamos entender que precisamos falar mais daquilo que vimos e ouvimos de Jesus, da transformação que ele fez nas nossas vidas; daquilo que Deus deseja que nós falemos; e que precisamos falar menos daquilo que nós humanamente desejamos falar.

A visão dos apóstolos ainda estava nas coisas deste mundo. Eles pensavam que o batismo no Espírito Santo talvez lhes capacitasse para tornarem Israel o maior reino do mundo, por isso perguntaram a Jesus se quando o Espírito Santo viesse, Israel seria restaurado à glória dos dias de Davi e Salomão.

Eles tinham projetos humanos; tinham desejos humanos.

Não são errados em si mesmos, assim como ser promovido, ganhar mais dinheiro, comprar uma casa melhor, trocar de carro. Não há problema com essas coisas.

Mas o que nós temos que entender, é que isso não é prioridade para Deus.

Não é prioridade para Deus que eu troque de carro, mas que eu me interesse por pessoas, que eu efetivamente pregue a palavra.

E pregar a palavra é falar efetivamente de Jesus às pessoas, é ser uma testemunha de Cristo.

Nós podemos desenvolver a nossa profissão, expandir a nossa empresa, até mesmo tirar férias, ir à praia, passear, são boas coisas, nenhuma dessas coisas nos impede de falar de Jesus.

Mas a nossa falta de compreensão de qual é a vontade do Senhor certamente vai nos impedir de ser uma testemunha de Cristo (onde quer que nós estivermos, fazendo seja lá o que), se eu não entender perfeitamente que a vontade de Jesus é que eu seja sua testemunha, eu não vou falar sobre Jesus.

Esta manhã do primeiro domingo de 2016 é um desafio para cada um de nós, e é um desafio porque até mesmo crentes como os apóstolos tiveram dificuldade com isso.

E é um desafio em compreender que a vontade do Senhor é boa, perfeita e agradável, e que a vontade dele é que nós sejamos testemunhas de Jesus onde nós estivermos, falando do que vimos, ouvimos e da transformação que Ele, Jesus, fez nas nossas vidas.

E um problema merece uma resposta. Se o problema é saber qual a vontade do Senhor e como fazer a vontade do Senhor, o texto nos dá essa resposta, em como superar as dificuldades para proclamação da palavra.

E a resposta é...

2) MANTENDO UM RELACIONAMENTO COM JESUS (v. 12-14).

“12. Então eles voltaram para Jerusalém, vindo do monte chamado das Oliveiras, que fica perto de Jerusalém, à distância de um sábado.
13. Quanto chegaram à cidade, subiram ao aposento superior, onde estavam Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
14. E, unidos, todos se dedicavam à oração, juntamente com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele. ” (At 1.12-14).

Jesus já havia voltado ao Céu, e os seus discípulos haviam ficado na terra. Receberam a ordem para esperar em Jerusalém, até que fossem batizados com o Espírito Santo e, então depois, seriam testemunhas de Jesus até os confins da terra.

O interessante é o modo como eles esperaram.

Segundo o texto, Jesus ascendeu ao Céu no monte das Oliveira, que ficava à distância de um sábado. Mais ou menos um quilômetro, era a distância que um judeu podia caminhar no dia de sábado, segundo as normas judaicas.

Chegaram em uma casa, indicada como sendo a casa da mãe de João Marcos, um grande salão no segundo andar.

E o que eles se dedicaram a fazer? Verso 14.

ORAR!

Uma lição preciosa: Não há como ser testemunha de Jesus, sem uma vida de intimidade com Jesus através da oração.

Eu e você podemos ser os melhores oradores do mundo. Uma dessas pessoa que quando abre a boca já tem um discurso pronto, tem segurança para falar, quando fala as pessoas param para escutar o que está sendo dito.

Mas mesmo que eu e você sejamos oradores fantásticos, isso não fará a menor diferença em ser uma testemunha de Cristo, se em primeiro lugar nós não tivermos intimidade com Cristo em oração.

Talvez seja por isso que alguns crentes pregam pouco, ou quase nada, sobre Jesus: Porque também oram pouco ou quase nada.

A oração nos traz a coragem para pregar no nome de Jesus. Eu mostro isso a você em Atos 4.31:

“31. E, quando terminaram de orar, o lugar em que estavam reunidos tremeu. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a anunciar com coragem a palavra de Deus.” (At. 4.31).

Oração constante resulta em enchimento pelo Espírito Santo, que resulta em coragem para anunciar a palavra de Deus.

É um processo que começa com oração e resulta na proclamação do evangelho.

É como aquelas linhas de montagem, em que uma esteira vai levando as peças e cada funcionário acrescenta uma parte e no final o produto está pronto para ser usado.

Como igreja do Senhor Jesus nós precisamos aprender que sem oração não haverá pregação.

Se você não orar, você não será cheio do Espírito Santo e por isso não terá coragem para pregar o nome de Jesus.

Coragem para pregar Jesus não vem de nós (não é oratória, não é saber falar, não é falar bonito). É o Espírito Santo quem nos concede.

Há muitos crentes que sabem falar bem, que sabem falar muito bonito, que estudaram nas melhores escolhas, fizeram faculdade, mas infelizmente nunca levaram uma pessoa sequer aos pés de Jesus.

Quantas pessoas sem estudo, que não sabem as regras gramaticais, que não sabem sequer ler, mas que levaram incontáveis vida a conhecerem Jesus, simplesmente porque são pessoas de oração.

Eu não sei qual valor você tem dado à oração, mas ela é uma porta de intimidade com Deus, é uma porta para o Espírito Santo nos dar coragem para fazer aquilo para o que fomos chamados: Sermos testemunhas de Jesus, até os confins da terra (passando pelo nosso trabalho, nossa escola, nossas amizades e pela nossa família).

Quanto mais eu estudo a Bíblia, mais eu me convenço de que nós, toda a igreja do Senhor Jesus dos nossos dias, temos perdido grandes oportunidades de testemunhar o agir de Deus porque temos orado pouco, ou quase nada.

Por isso, seguir os passos da Igreja que Jesus fundou é colocar os joelhos não chão e falar com Deus, para que o Santo Espírito nos capacite a sermos usados como testemunhas de Jesus.

Oração, enchimento pelo Espírito Santo, coragem para pregação do nome de Jesus, esse é o caminho de intimidade que precisamos seguir, e pode começar comigo e com você, hoje mesmo.

Eu não quero me estender muito hoje em palavras, mas eu quero orar e quero convidar você a orar comigo, por isso eu reservei uma parte do tempo deste último tópico da mensagem para termos um tempo de oração.

A bíblia nos diz que oração resulta em enchimento do Espírito Santo e Ele nos dá coragem para pregar o evangelho, então eu gostaria que você orasse agora pedindo a Deus que encha você com o Espírito Santo, que lhe dê coragem para pregar o nome de Jesus ao sair por aquela porta.

Eu sei que muitas pessoas têm dificuldade em orar por mais tempo. Mas eu peço a você que não abra seus olhos enquanto eu não orar finalizando este momento.

Eu gostaria de pedir a todos os irmãos que orassem agora, todos. Se você tem outros motivos de oração, coloque-os diante de Deus também, família, trabalho, saúde.

Pela conversão de familiares ou amigos.

Mas vamos orar por um tempo irmãos, é a parte prática da mensagem desta manhã.

Vamos orar neste momento.

Linhares, 02 de janeiro de 2016.


Pr. Marcos José Milagre

Um comentário: