"Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais as suas pisadas." (1 Pedro 2.21).
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
A CEIA DO SENHOR
“A CEIA DO SENHOR”
(1 Coríntios 11.23-25)
Sermão
preparado para pregação na PIB Linhares, em 28/07/14, domingo, manhã.
Bom dia.
Por gentileza, abra sua Bíblia na Primeira
Carta de Paulo aos Coríntios, no capítulo 11, a partir do verso 23, eu vou ler
até o verso 25:
“23.
Pois recebi do Senhor o que também
vos entreguei: o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão
24.
e, depois de ter dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é dado
por vós. Fazei isto em memória de mim.
25.
Do mesmo modo, depois de comer, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova
aliança no meu sangue. Fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de
mim.
26.
Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte do Senhor,
até que ele venha.” (1 Coríntios 11.23-26).
Este é o texto em que o Apóstolo Paulo
disciplina a Ceia do Senhor para a Igreja de Corinto.
Mas como vamos celebrar hoje a ceia do Senhor
eu gostaria que nós refletíssemos nesta manhã um pouco sobre três aspectos da
ceia do Senhor. Porque como nós celebramos a ceia como um memorial até que
Jesus volte, como diz o verso 26, é muito importante que nós tenhamos
conhecimento sobre a origem da ceia, a
sua natureza, o seu simbolismo, e a sua finalidade.
Em um primeiro momento eu quero falar sobre a
origem da Ceia do Senhor que vai nos ajudar a compreender o porquê de Jesus ter
instituído esse memorial.
1) A ORIGEM DA CEIA DO SENHOR (v. 23).
“23.
Pois recebi do Senhor o que também
vos entreguei: o Senhor Jesus,
na noite em que foi traído, tomou o pão” (1 Cor 11.23)
O Apóstolo Paulo nos mostra claramente a
origem da ceia quando diz que “a recebeu do Senhor e a entregou aos Coríntios”.
Foi o próprio Jesus quem determinou que a
ceia fosse celebrada como um memorial, até que ele voltasse.
Por isso eu quero mostrar a você como foi
essa ordem de Jesus que Paulo recebeu e que chegaria até nós, sendo transmitida
a quase dois mil anos.
Deixe sua Bíblia marcada no texto de
Coríntios 11 e vá até ao Evangelho segundo Lucas, no capítulo 22, a partir do
verso 7
Este foi o momento em que foi instituído esse
memorial que nós chamamos de “Ceia do Senhor”, e que para alguns Teólogos é a
Certidão de Nascimento da Igreja, quando ela se desliga do Judaísmo e começa a
trilhar seu próprio caminho.
Nesse dia Jesus disse que nós tínhamos uma
NOVA ALIANÇA no sangue dele. A aliança não era mais a que foi firmada com Moisés,
nem com Davi, mas com Jesus, o Cristo e escrita com o seu próprio sangue vertido
na cruz do Calvário.
Mas uma coisa importante para nós
compreendermos a “Ceia do Senhor” é a informação preciosa do porquê Jesus se
reuniu com seus discípulos para esse jantar, na verdade um jantar de despedida,
porque logo em seguida Jesus seria preso, julgado, condenado e executado, e não
teria mais a companhia dos discípulos.
No verso 8 Jesus fala com todas as letras o
motivo do jantar: “preparai-nos a refeição da Páscoa, para que a comamos”.
Então a Ceia do Senhor, instituída por Jesus,
tem o que nós podemos chamar de suas “raízes”,
na páscoa Judaica (esse é um bom lembrete de que a Páscoa não é uma festa
Cristã, mas Judaica, nós celebramos a Ceia do Senhor).
Os Judeus chamam a “Páscoa” de Pêssach,
que é uma palavra derivada da raiz hebraica passôach, que significa
literalmente “passar por cima”.
Você deve se recordar que a Páscoa foi
instituída por ocasião da libertação do povo judeu do cativeiro egípcio, quando
Deus chama Moisés para liderar o povo à terra prometida (a mesma terra onde nós
temos ouvido falar do conflito entre o Estado de Israel e o Grupo Terrorista
Hamas).
No capítulo 12 do livro do Êxodo você vai
encontrar a instituição do Pêssach (a
Páscoa), o povo judeu era escravo no Egito e Deus ouviu o seu clamor e decidiu
libertá-los da escravidão, por isso a Páscoa celebra a liberdade, por isso um
outro nome para essa festa é Chág Zemán Kerutênu (a época da
nossa libertação).
Êxodo 12 mostra que Deus determinou ao povo
judeu que matasse um cordeiro sem defeito algum, e o sangue deste cordeiro
fosse aspergido nos batentes das casas em que a refeição fosse tomada.
Essa refeição seria a carne do cordeiro,
assada no fogo, acompanhada de pães sem fermento (e não deveria haver nem uma
migalha de pão com fermento na casa), além disso a refeição teria ainda “ervas
amargas”.
A casa que não tivesse a marca do sangue do
cordeiro o anjo da morte passaria e todos os primogênitos daquela casa seriam
mortos.
No verso 14 do capítulo 12 de Êxodo, Deus diz
assim:
14. E este dia será um memorial. Vós
o celebrareis como uma festa ao Senhor e como estatuto perpétuo através de todas as vossas gerações.
Como essa festa foi, e ainda hoje é
um dos principais mandamentos do judaísmo (o que eles chamam de mitzvá
= mandamento), quando Jesus escolheu Pedro e João (você viu isso no verso 8 de
Lucas 22) para preparem a Páscoa para que eles comessem, eles com certeza
seguiram as orientações do judaísmo para isso.
Por isso eu quero mostrar para você; tendo
como fundamento a forma como os judeus celebram a Páscoa hoje; como foi a
refeição que Jesus teve com seus doze Apóstolos.
A Páscoa judaica segue uma ordem de serviço
chamada “Sêder” (que literalmente significa “ordem”).
E algumas coisas não podem faltar em uma
Páscoa Judaica:
a) Vinho;
b) Matsá (que é o pão sem fermento,
deve ter ao menos três desses pães, para relembrar Abrahão, Isaac e Jacob, os
patriarcas – como é exigido o mínimo de três pães o conjunto é chamado de matsót,
plural de matsá);
c) Carpás: um vegetal verde, que pode
ser por exemplo a salsa, para simbolizar a primavera e o renascimento (a Páscoa
também é chamada de “a festa da primavera”;
d) Charósset: uma mistura de maçãs
cortadas, nozes, vinho e temperos, para simbolizar a argamassa que os escravos
preparavam para fazer os tijolos no Egito;
e) Marór: ervas amargas, símbolo da
amargura da escravidão;
f) Betsá: um ovo bem cozido, símbolo de
um sacrifício festivo que era feito à época do templo;
g) Zerôa: um osso chamuscado,
normalmente da perna do animal, símbolo do cordeiro pascal;
h) Água
salgada: símbolo das lágrimas dos antepassados, cujo clamor foi atendido
por Deus;
i) Copo
de Elias: pois os judeus creem que o profeta Elias irá aparecer no Pêssach
para anunciar a redenção final e a chegada do messias;
j) A Hagadá: O livro que conta a história
da tragédia da escravidão, para refletir sobre a beleza da santidade e a
gratidão a Deus pelas bênçãos que ele concedeu.
De tudo isso que estava presente na Páscoa
judaica, Jesus manteve dois elementos simbólicos: O pão e o vinho. Só isso.
Nossos antepassados não foram escravos no
Egito, ao menos eu acredito que não tenhamos nenhum descendente de judeu aqui;
e como eu disse, nossa aliança não é aquela firmada com Abraão, Moisés ou Davi,
mas firmada diretamente com o Deus filho, Jesus Cristo, que morreu em nosso
lugar.
A ceia do Senhor manteve os elementos
simbólicos daquilo que era mais importante na Páscoa: a libertação e o preço
que foi pago pela liberdade.
Um cordeiro foi morto. E o apóstolo João
escreveu no Apocalipse, capítulo 13, verso 8, que o cordeiro foi morto desde a
fundação do mundo.
A morte do cordeiro Jesus, que o outro João,
o Batista chamou de “o cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo” (João 1.29) foi simbolizada pelo pão (sua carne) e pelo
vinho (seu sangue).
Mas Pastor, porque falar tanto da Páscoa
Judaica se nós não a celebramos, se no nosso negócio é a Ceia do Senhor?
Há duas coisas preciosas da Páscoa Judaica
além do simbolismo do pão e do vinho (nós vamos tratar melhor do simbolismo
daqui a pouco) que nós precisamos sempre resgatar: a primeira delas é a
reverência pela Ceia do Senhor (um judeu tem a Páscoa como um dos eventos
mais marcantes na sua vida), muitas pessoas não tem o menor interesse pela
Ceia, ou hoje nós teríamos quase todos os membros da igreja aqui; a segunda é a compreensão do que a
ceia significa, que a morte de Jesus (o cordeiro de Deus) para que eu e você possamos
ser livres da escravidão do pecado, este é o maior evento das nossas vidas,
o dia em que nós nos arrependemos dos nossos pecados e cremos em Jesus, e hoje
temos convicção de que quando findar esta vida estaremos com juntos de Deus.
Por isto, neste momento em que nós estamos
nos preparando para cumprir mais uma vez a ordem de Jesus tenha isso na sua
mente: Você não está simplesmente comendo um pedacinho de pão e um cálice de
suco de uva que os irmãos Diáconos vão lhe entregar, nós estamos aqui hoje,
reunidos como igreja para relembrar que um dia fomos escravos, mas Jesus morreu
no nosso lugar, por isso compreendamos a importância do que estamos prestes a
fazer.
Com a Ceia do Senhor nós deixamos para trás a
Páscoa, e por isso precisamos nos voltar totalmente para a natureza da ceia do
Senhor e o seu simbolismo.
2) A natureza da Ceia do Senhor e seu simbolismo (vv. 23-b a 26).
Quando eu falo em natureza eu quero que nós
pensemos o que é a ceia do
Senhor e quando pensamos em simbolismo, o que está envolvido, é o que significa
partir o pão e comer, e beber o suco das uvas.
Paulo ensinou à igreja em Corinto o que
aprendeu de Jesus, que deveríamos partir o pão juntos e beber do cálice, e isso
deve ser feito em memória dele (versos
24 e 25).
Por isso nós batistas cremos que a Ceia do
Senhor é um memorial, algo para nos recordarmos de forma muito especial do que
Cristo fez em nosso favor.
Uma determinada igreja crê que o pão e o
vinho (e eles usam vinho mesmo) se tornam o corpo e o sangue de Cristo após a
benção do sacerdote, é a chamada “transubstanciação”.
Jesus em momento algum ensinou isso. Ele só
disse: Fazei isso em memória de mim. Digam as palavras que eu estou dizendo,
repartam o pão, lembrem-se o meu sangue vertido na cruz do calvário. Por isso a
ceia é com toda certeza um memorial, a ser observado de forma consciente e com
a devida reverência.
O simbolismo do pão foi mudado da Páscoa para
a ceia. Lá o pão era sem fermento, simbolizando a rapidez com que Deus iria
libertar o povo de Israel do cativeiro.
Com Jesus o pão passa a simbolizar o seu
próprio corpo, que foi chicoteado, esbofeteado, e perfurado.
Como escrito pelo profeta Isaías (53.5) “ele
foi ferido por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas
maldades”.
Você não faz pão sem que antes o grão de
trigo tenha sido triturado e esmagado.
Por isso quando você receber este pequenino
pedaço de pão, lembre-se que assim como os grãos de trigo foram feridos e
esmagados para que o pão chegasse às suas mãos, Jesus foi ferido por causa da
minha e da sua transgressão e esmagado por causa das nossas maldades.
O vinho, deixou de significar alegria na “Páscoa
Judaica”, para simbolizar o próprio sangue de Jesus na “Ceia do Senhor”, que
foi vertido quando ele foi chicoteado, esbofeteado e quando foi crucificado.
O
sangue na concepção judaica tem um significado importantíssimo: ele significa a
própria vida.
Por isso, com fundamento no texto de Gênesis 9.4
“Mas
não comereis a carne com sua vida, isto é, com seu sangue”
até hoje os judeus não consomem nada que tenha sangue. Até a carne dos animais
que eles consideram próprios para consumo (ou
no hebraico, a comida casher -
talvez você tenha ouvido a palavra cosher, que tem o mesmo significado,
só que cosher é yiddish[1]).
Muito embora a maioria dos Cristãos não
observem a dieta cosher (como por exemplo fazem uma denominação sabatista, e eu
ressalto que nós não fazemos isso com fundamento no texto de 1 Tm 4.1-5, Rm
14.1, entre tantos outros textos), mas é importante pensarmos que o simbolismo
de que os judeus criam e creem, que o
sangue simboliza a própria vida de uma pessoa (lembre-se que Jesus foi criado
segundo a cultura judaica), quando Jesus diz que você vai beber o sangue
dele, simbolizado pelo suco da uva, Ele
está dizendo que eu e você vamos receber a própria vida dele.
Você não obtém suco de uva se ela não tiver o
seu invólucro (a casca) rompido, e isso era feito na época de Jesus pisando nos
cachos de uva.
Jesus se submeteu a ser pisado e morto, para
que eu e você pudéssemos receber a sua vida, vida que é simbolizada pelo sangue, que por sua vez, Jesus
disse que seria simbolizado pelo suco de uva que você vai receber daqui a pouco.
Este é o simbolismo da ceia do Senhor.
A morte eterna, longe de Deus, estava
reservada para cada um de nós, em razão do pecado. Paulo diz isso no texto de
Romanos 6.23-a: “O salário do pecado é a morte”.
Por isso Jesus morreu por mim e por você e
por isso nós recebemos vida e não morte, vida eterna junto de Deus.
Foi Jesus quem nos deu essa nova vida. Por
isso estamos reunidos aqui hoje para nos lembrarmos de tudo isso.
Para nos lembrarmos dessa aliança com Deus,
que foi selada com o sangue do próprio “Cordeiro de Deus” (Jesus Cristo), que
tirou os nossos pecados.
Mas a ceia do Senhor tem ainda uma
finalidade, algo muito especial que é...
3) Proclamar a morte de Jesus até a sua volta (v. 26).
26.
Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte do Senhor,
até que ele venha.” (1 Coríntios 11.26).
Quando nós nos reunimos para celebrar a ceia
do Senhor outra coisa espetacular acontece: Nós proclamamos (anunciamos) a
morte de Jesus.
Não só que ele morreu, mas que morreu por
nós, e ainda podemos dizer que ele ressuscitou e venceu a morte, por isso o
sangue simboliza vida, e não só morte.
Isso é, ou não é, o que podemos chamar de
“EVANGELISMO”?
Com certeza podemos!!!
Por isso querido visitante que porventura
esteja conosco nesta manhã, quando você observar os irmãos receberem os
elementos da ceia, o pão e o suco de uva, nós queremos dizer a você: JESUS MORREU PELOS NOSSOS PECADOS, E MORREU
PELOS SEUS PECADOS TAMBÉM!!!
E ele venceu a própria morte e ressuscitou, e
você também pode vencer a morte se você se arrepender dos seus pecados e
entregar sua vida a ele, que é o próprio Autor da vida.
Por isso nós não podemos permitir que alguém
que não seja Cristão participe da Ceia do Senhor, porque somente aqueles que um
dia se arrependeram de seus pecados e entregaram suas vidas a Jesus podem
proclamar o que Jesus fez em suas vidas.
Da mesma forma, nós só podemos permitir que crentes, membros de uma igreja batista da mesma fé e ordem (ou seja,
igrejas arroladas na Convenção Batista do Estado do Espírito Santo e Convenção
Batista Brasileira), que estejam em plena
comunhão com suas igrejas (por isso a necessidade de autoexame)
participem da Ceia do Senhor aqui na Primeira Igreja Batista de Linhares, é o
que chamamos de “Ceia Restrita”.
Por que isso. Nós assim fazemos segundo o
entendimento Bíblico de que a Ceia do Senhor é um momento de íntima comunhão
daqueles que tenham um mesmo entendimento sobre as verdades Bíblicas.
Se nós pensarmos na Páscoa Judaica, ela foi
celebrada a primeira vez lá no Egito em família, dentro das casas. Era um
momento íntimo.
Jesus ao Celebrar a Ceia do Senhor convidou
somente seus apóstolos. Ele tinha muitos discípulos, mas somente os que tinham
o maior grau de intimidade e compartilhavam os seus ensinos (os doze) foram
convidados para a ceia.
Por isso se você não é membro de uma Igreja Batista da mesma fé e ordem ou não esteja em comunhão com a sua
igreja não se sinta constrangido em não participar da Ceia do Senhor, mas use
este momento para refletir sobre o sacrifício de Jesus por você e faça uma
reflexão introspectiva de como você tem respondido ao sacrifício de Jesus. Qual
tem sido o seu relacionamento com Jesus? Qual tem sido o seu compromisso com
Jesus?
Por
isso o nosso convite é que você receba Jesus como Senhor e Salvador da sua vida
e se desejar, seja membro desta igreja por meio do batismo, para que juntos
possamos então Proclamar a Morte de Jesus em nosso favor em todos os momentos
de ceia, até que ele volte para nos levar para junto de Deus.
Enquanto estivermos cantando esta música os
irmãos diáconos estarão distribuindo o primeiro elemento da ceia. Todos que vão
receber este primeiro alimento, por gentileza se coloquem de pé.
O
Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e deu graças , oremos neste momento.
“Depois
de ter dado graças o partiu e disse: Este é o meu corpo que é dado por vós.
Fazei isto em memória de mim.” Em memória de Jesus, comamos todos deste
pão.
Do
mesmo modo, depois de comer, tomou o cálice dizendo. Este cálice é a nova
aliança no meu sangue. Vamos orar.
“Este
cálice é a nova aliança no meu sangue. Fazei isso todas as vezes que o
beberdes, em memória de mim.” Em memória de Jesus, bebamos do cálice.
Vamos orar neste momento.
Linhares, 28 de julho de 2014.
Pr.
Marcos José Milagre
sábado, 11 de outubro de 2014
“NÃO TEMAS!”
“NÃO TEMAS!”
(Isaías 41.8-14)
Sermão
preparado para a PIB Linhares, em 31/07/14, quinta-feira, noite.
Boa noite.
Por gentileza, fique de pé e abra sua
Bíblia no Livro do Profeta Isaías, capítulo 41, a partir do verso 8. Eu farei a
leitura até o verso 14:
“8.
Mas tu, ó Israel, servo meu; tu Jacó, a
quem escolhi, descendência de Abraão, meu amigo;
9.
tu, a quem tirei dos confins da terra, chamei desde os seus cantos e te disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não
te rejeitei;
10.
não temas, porque estou
contigo; não te assustes, porque sou o teu Deus; eu te fortaleço, ajudo e sustento com a minha mão direita e fiel.
11.
Todos os que se revoltam contra ti serão envergonhados e frustrados; serão
reduzidos a nada; e os que se opõe a ti perecerão.
12.
Ainda que busques os que lutam contra ti, não os encontrarás; e os que
guerreiam contigo serão reduzidos a nada e perecerão.
13.
Porque eu, o Senhor teu Deus, te seguro pela mão direita e te digo: Não temas; eu te ajudarei.
14.
Não temas, ó bichinho de
Jacó, nem vós povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é o Santo de Israel.” (Isaias
41.8-14).
Eu quero orar mais uma vez.
Este texto precioso da palavra de Israel em
que, por três vezes, Deus diz ao seu povo: NÃO TEMAS, NÃO TEMAS, e NÃO TEMAS!
(A repetição de algo na cultura judaica significava uma verdade absoluta, ou
algo completo).
Mas não temas o que? Não temas porquê? As
primeiras pessoas a ouvirem essas palavras foram os judeus, mais ou menos no
ano 700 a 720 antes de Cristo.
- Será que esse negócio ainda se
aplica? Será que Deus ainda fala comigo e com você hoje: não temas!
É sobre isso que nós vamos meditar nessa
noite: Sobre a segurança que temos quando confiamos em Deus!
Porque segurança é um problema sério,
sempre foi e até Jesus voltar sempre será. Há algum tempo atrás aqui em
Linhares um rapaz foi rendido quando chegava em casa, foi levado para uma
região atrás do Fórum e para tentar se livrar do assalto, ou da morte, jogou o
carro morro abaixo, quase parou dentro do Rio Pequeno.
Mesmo quem tem alarme, cachorro no quintal,
cerca eletrificada, arame farpado, mil e uma trancas na portar, pode não se
sentir seguro dentro de casa. E isso falando de segurança física e ou patrimonial,
mas e a insegurança emocional, aquele sentimento de que não se está pisando em
terreno firme (medo de perder o emprego, medo de não passar na prova, medo de
não conseguir assegurar um futuro).
Tem tanta coisa que pode dar medo, e o medo
traz insegurança.
O contexto do livro de Isaías não era o
mais tranquilizador para o povo de Israel. Aliás, na época em que esse texto
que lemos foi escrito, nós nem podemos falar em Reino de Israel. O Reino já
estava dividido, e o Reino do Norte chamado de Israel (onde ficava a região de
Samaria que aparece tantas vezes no Ministério de Jesus) havia sido dominado
pelos Assírios em 722 a.C., só restava o reino do sul, chamado de Judá, onde Isaías exerceu o seu ministério profético.
O Reino da Assíria havia tentado dominar Judá
alguns anos antes, no tempo do Rei Ezequias, nos capítulos 36 e 37. Deus deu um
livramento extraordinário ao povo.
Mas ainda pesava sobre o Reino de Judá a
ameaça de invasão do império assírio. Seria algo semelhante àquela tensão entre
Israel e a faixa de gaza. A qualquer hora pode cair um foguete sobre a sua
casa, ou explodir uma bomba, ou levar um tiro. Em algumas regiões de Israel as
pessoas têm de 60 a 90 segundos para chegar a um abrigo antiaéreo. Nós podemos
chamar isso de muita insegurança.
É em uma situação como esta que Deus fala:
“Não
temas, porque eu estou contigo; não te assustes, porque sou o teu Deus; eu te
fortaleço, ajudo e sustento com a minha mão direita fiel.” (v. 10).
Agora então nós precisamos trazer essa
realidade para nossas vidas, para os momentos em que nós sentimos fragilizados,
inseguros, com medo, ansiosos.
Em momentos como vivemos nestes últimos
dias com meu sogro, por exemplo, em que ele estava com o fêmur quebrado, internado
no Hospital Roberto Silvares, sem qualquer previsão de prazo para realizar a
cirurgia que era necessária.
Ou como a irmã Elza, que foi diagnosticada
com nódulos na vesícula, não sabia se eram benignos ou malignos, mas precisava
fazer uma cirurgia para extração.
E eu poderia ficar aqui a noite toda
citando exemplos de irmãos e familiares que perderam o emprego, que o
relacionamento conjugal passa por um abalo, enfermidades e tantas outras coisas
que trazem insegurança e medo.
Mas eu quero investir este tempo em que
estamos juntos, para meditarmos na resposta de Deus ao nosso medo, à nossa ansiedade e ao nosso clamor.
Deus nos diz claramente, e em primeiro
lugar: Não temas...
1) PORQUE EU CONHEÇO AS SUAS LIMITAÇÕES (v. 14).
14.
Não temas, ó bichinho de Jacó, nem vós povozinho de Israel; eu te
ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é
o Santo de Israel.” (Isaias 41.14).
Aqui Deus chama o seu povo de “bichinho de
Jacó” e “povozinho de Israel”.
A palavra “bichinho” que aparece aqui na
versão de Almeida Século XXI recebeu uma aliviada na tradução. Na verdade o
hebraico Tôla’at significa “verme”, até hoje, se buscar um dicionário
hebraico-português ou mesmo usar a ferramenta de tradução do google, o
significado é verme.
Mas porque Deus chama o seu povo de
“verme”? Será que Deus estava bravo com o povo: - Seus vermes!”. Será que
Deus me chamaria de verme?
Deus chamou o povo judeu de verme e também pode
muito bem nos chamar de vermes porque no contexto da mensagem que Deus estava
falando ao povo pela boca do profeta Isaias, “verme” era o bichinho mais desamparado, mais desprotegido
que Deus podia usar como comparação ao povo.
Verme
não é rápido (o bichinho se arrasta);
Verme
não é forte (alguns insetos têm ferrão ou tem uma
casquinha mais dura - o exoesqueleto
- ou tem alguma forma de defesa como a
lagarta de fogo que ninguém vai botar a mão intencionalmente; mas o verme não, qualquer
pisadinha que você der já era); e
Verme não se sustenta (ele não tem a
capacidade de produzir o próprio alimento, sempre depende de outro para se
alimentar).
Se nós pensarmos dessa forma, então nós
podemos ser chamados por Deus, somente por Deus, de vermes.
Porque quando nós olhamos para nossas vidas e
olhamos para a onipotência, todo esse poder que Deus tem, então é fácil nos
compararmos a vermes. Deus provê nosso sustento, nos dá o emprego, uma forma
honesta de ganharmos o pão de cada dia; Deus nos dá saúde, ou recupera a nossa
saúde.
Mas
o ponto principal em comparação com o verme é a nossa fragilidade.
Basta um vírus, que seja da gripe, e podemos até ficar de cama; como no caso do
meu sogro, bastou um tombo e o fêmur se partiu e colocou até a vida dele em
risco em razão da idade (ele tem 83 anos).
O
que Deus quer nos dizer quando nos chama de vermes é: Eu conheço a
fragilidade de vocês. Conheço seus medos; conheço a ansiedade que toma
conta das suas mentes e dos seus corações quando vocês não conseguem enxergar o
que vai acontecer.
Há um texto no livro de Hebreus que mostra
como é profundo e experiencial o conhecimento de Deus sobre a nossa limitação.
Hebreus 4.15:
“15.
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas, mas alguém que, à nossa
semelhança, foi tentado em todas as coisas, porém sem pecado.” (Hb
4.15).
Deus não conhece a fome, o frio, o abandono,
a dor, o medo só porque ouviu falar ou porque ele é onisciente, Deus conhece
tudo isso que acontece conosco porque um dia ele se fez homem e habitou entre
nós. Jesus Cristo conhece tudo aquilo que eu e você podemos passar em matéria
de medo e de ansiedade.
Deus sabe perfeitamente o que é perder um
amigo. Quando Lázaro morreu, ainda que ele tenha ressuscitado, o texto Bíblico,
na verdade o menor versículo da Bíblia (João 11.35), mostra Jesus chorando.
Quando Deus nos chama de vermes ele não
está nos ofendendo, Ele só está nos lembrando que nós somos muito limitados e
frágeis, e que Ele conhece bem essa fragilidade, porque ele sofreu na própria
pele tudo aquilo que nós sofremos quando escolheu se fazer homem de Jesus
Cristo.
Portanto, quando você se sentir só,
abandonado ou até mesmo traído por alguém; quando você sentir medo; quando você
estiver ansioso, seja pelo motivo que for; lembre-se: Deus conhece exatamente o
sentimento que você tem no seu coração e os pensamentos que se passam na sua
cabeça. Além de se onisciente (de saber todas as coisas), um dia ele também
passou exatamente por todas essas coisas.
E por nos conhecer desta forma
experiencial, tão intima, Deus nos diz mais uma vez, NÃO TEMAS...
2) EU TE AJUDAREI (vv. 14-b).
“14.
(...); eu te ajudo, diz o
Senhor, e o teu redentor é o Santo de
Israel.” (Isaías 41.14-b).
Mas Deus não diz só que conhece a nossa
limitação, em contrapartida, Deus diz no mesmo versículo em que nos chama de
vermes (verso 14), Ele ainda diz: “eu te ajudo, diz o Senhor,
e o teu redentor é o Santo
de Israel”.
É muito interessante que Deus use a palavra
“redentor”, aplicando a si mesmo, em relação ao seu povo.
A palavra usada para redentor é o hebraico
“go’el”,
a mesma que é usada em Números 35.19, para a pessoa que é encarregada de ser o
vingador do sangue, aquele que poderia matar um homicida.
Mas “go’el” também é a palavra usada também
para aquele que resgata o prisioneiro por dívidas e aquele que deve defender o
direito da viúva, essa palavra é usada com este sentido no texto de Rute 2.20:
“20.
E Noemi disse à sua nora: Seja ele abençoado pelo Senhor, que não deixou de
mostrar benevolência nem para com os vivos nem para com os mortos. Noemi ainda
lhe disse: Esse homem é parente nosso, um dos nossos resgatadores.” (Rt 2.20).
Neste texto Boaz é apontado como sendo o
resgatador dos direitos hereditários da família de Noemi, sogra de Rute.
Então
quando aplicada neste texto de Isaías 41.14, Deus está dizendo de si mesmo, que
ele é o protetor do oprimido e libertador do seu povo.
Quando Deus diz: NÃO TEMAS, o que fica
subtendido no texto é que eu e você não
devemos temer nenhuma das situações que nos aprisionam ou que tiram nossa
alegria de viver, porque é o nosso Deus quem vai nos libertar e nos resgatar
das garras desse medo.
Quando Deus chama o seu povo de verme, Ele
nos diz para compreendermos que somos limitados diante das adversidades, mas
quando ele se autodenomina de “redentor” Ele está dizendo para nós pararmos de olhar para nossas limitações,
afinal de contas, ficar dizendo o tempo todo que nós somos limitados não vai
ajudar em muita coisa; mas quando ele
diz para nós olharmos para Ele é para que nós enxerguemos que um Deus
todo-poderoso é quem está cuidando de nós.
Vocês são limitados, mas Eu sou ilimitado,
Deus diz. Aí as coisas mudam de figura.
Deus também é o seu ajudador. Ele conhece a
nossa fragilidade, e como isso pode nos dar medo, por isso Deus nos convida a
olhar para Ele: - Vocês são frágeis, mas sou Eu que os ajudo; vocês são fracos, por
isso Eu é que sou o redentor de vocês (o libertador).
É a esse Deus todo poderoso que eu convido
você a confiar, porque ele é quem pode nos ajudar em todos os momentos das
nossas vidas, em especial naquelas em que sentimos medo e desamparo.
Por fim, eu gostaria que nós pensássemos
que quando Deus nos diz: NÃO TEMAS...
3) Porque eu te fortaleço quando você está fraco (v. 10).
“10.
não temas, porque estou
contigo; não te assustes, porque sou
o teu Deus; eu te fortaleço,
ajudo e sustento com a minha mão direita e fiel.” (Isaias 41.10)
Uma última coisa que eu gostaria que nós
pensássemos nesta noite é sobre a oportunidade que temos de ser fortalecidos por
Deus quando estamos necessitados para atravessarmos a dificuldade.
Porque
existem situações em que não vai haver uma cura.
Por exemplo, Jesus não ressuscitou a João
Batista, ele morreu e como todo aquele que espera em Jesus, ele vai ressuscitar
somente quando Jesus voltar.
Existem situações em que nós teremos um
doente terminal e nós vamos orar por ele, para que Deus o cure se for da
vontade do Senhor, mas pode ser que não seja da vontade de Deus que ele se
cure. Então ele vai morrer. E a família vai estar enlutada. E o que vamos dizer
a essa família?
No texto que nós lemos, Isaías está
transmitindo a mensagem do próprio Deus ao povo: não temas, não temas, não temas....
Mas quantas pessoas destas que ouviram o
profeta anunciando a mensagem de Deus acabariam indo para o cativeiro
babilônico mais tarde, a grande maioria morreria sem rever Jerusalém.
O próprio profeta Isaías foi uma dessas
pessoas, que precisou ser fortalecido por Deus para suportar a provação, a
tradição judaica diz que ele foi morto pelo perverso rei de Judá chamado
Manassés, filho do rei Ezequias.
Seria em referência a ele que o autor da
carta aos Hebreus ao falar sobre os heróis da fé, disse no capítulo 11, verso
37 que uns foram “serrados ao meio”. A tradição judaica acredita que Isaias ao
fugir da perseguição do rei Manassés teria se escondido no tronco oco de uma
árvore, e por isso o rei teria determinado que o profeta fosse serrado junto
com a árvore.
Há casos em que somente Deus pode nos
fortalecer para continuarmos vivendo.
Ao pensar sobre isso, sobre casos em que a
provação durou o tempo de vida da pessoa aqui na terra eu me recordei da
história de um homem, que perdeu a perna durante a segunda guerra em razão da
perseguição nazista.
A história diz que o homem estava orando
silenciosamente e um ateu estava do lado dele olhou, viu que ele não tinha uma
perna, entendeu que ele estava orando e não satisfeito resolveu tentar defender
o ateísmo. O ateu então perguntou para o homem que orava: - Você está orando para Deus
devolver sua perna. O homem parou olhou aquele ateu nos olhos e disse: -
Não, eu não estou orando para que Deus devolva a minha perna, eu estou orando
para que Deus me ensine a viver sem ela.
(...)
Esse homem orava para ser fortalecido por
Deus, para ter sabedoria para pedir que Deus mude o que Deus mesmo entenda que
deve ser mudado, e para que Deus dê compreensão e força, para as dificuldades
que não vão mudar.
Pastor, mas eu quero uma resposta, eu
preciso ouvir Deus me falando porque isso aconteceu, porque o acidente, porque
essa enfermidade que levou meu ente querido. Porque isso?
Há uma coisa importante que eu preciso
dizer irmãos. Há coisas que estão ocultas ao nosso conhecimento, só Deus
conhece e nós vamos conhecer, possivelmente, no céu.
Há um texto muito precioso em Deuteronômio
29.29 que diz assim:
“29.
As coisas encobertas pertencem ao Senhor
nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e a nossos filhos para sempre,
para que obedeçamos a todas as palavras desta lei. (Dt. 29.29).
As coisas encobertas pertencem unicamente a
Deus, mas as coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos, para sempre.
E Deus se revelou aos homens em Cristo
Jesus, e foi Jesus quem disse (Mateus 11.28 e 29):
“28.
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para a
vossa alma.” (Mt 11.28-29).
Porque aconteceu isso com meu filho Pastor?
Não sei. Porque essa situação terrível demora tanto? Não sei. Quando Deus vai
responder? Não sei.
As coisas ocultas pertencem a Deus. Mas
Deus escolheu se revelar em Cristo Jesus e Jesus me disse que quando eu estiver
sobrecarregado com as minhas
dúvidas, com minhas aflições, com o meu medo, com a minha ansiedade; quando eu
não aguentar mais carregar esse peso psicológico; quando eu não aguentar
carregar mais esse peso emocional; e quando eu não aguentar carregar mais esse
peso espiritual, Jesus me convida a ir até ele, e então eu vou encontrar
descanso para minha alma.
Mesmo quando Deus não muda a situação (e há
situações que não vão mudar nesta vida, só na vida eterna) ele pode mudar o
nosso coração e nossa mente, para atravessarmos essas dificuldades com a alma
descansada.
CONCLUSÃO:
Por todas essas razões Deus nos diz todos
os dias: NÃO TEMAS, NÃO TEMAS, NÃO TEMAS.
Por isso eu quero convidar você, que está
enfrentando momentos de medo, ansiedade, frustração, que necessita do cuidado
de Deus para algo que tem afligido sua alma, quero te convidar, ENQUANTO
CANTAMOS ESTA ÚLTIMA MÚSICA, a vir até aqui à frente para que possamos orar
juntos, sabendo que somos fracos, mas que reconhecemos que temos um Deus todo
poderoso que nos resgata das nossas aflições, ou que nos fortalece para
atravessarmos as nossas aflições com a alma descansada, sabendo que é Ele quem
tem nossas vidas nas mãos.
É um momento de nós clamarmos juntos ao
Senhor, mas também de agradecermos.
Por isso, se você, como a nossa família já
recebeu esta benção do Senhor, como a que Deus concedeu ao meu sogro, eu quero
convidar você para que juntos agradeçamos a Ele. Porque Ele tem cuidado de nós.
Vamos orar.
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