segunda-feira, 26 de março de 2012


DO BANCO À CRUZ: UM LONGO CAMINHO


“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;” (Mateus 16.24 – AA).

Inicialmente ressalto que “banco” aqui não tem a conotação de instituição financeira, já temos muitos marxistas de plantão para atacá-los com as diversas acusações de exploração econômica e outras do mesmo quilate.

Trataremos do banco assento. Complicou mais? (é assento, não acento). Vamos especificar: É banco de igreja mesmo.

Motivou-me escrever este curto arrazoado as queixas recebidas dos colegas diáconos sobre a dificuldade em pedir para que uma irmão ceda seu lugar para um visitante.

Lendo parece algo tão comezinho, tão simples, mas suas raízes são profundas e muito perigosas.

O ato de deixar um banco, permitindo que um visitante possa sentar e participar do culto, tendo a oportunidade de ouvir a palavra de Deus[1], sinaliza que essa pessoa tem uma sincera preocupação com o seu próximo, e está interessado em que ele também tenha a oportunidade de conhecer a verdade em Cristo Jesus.

A contrario sensu, quem esperneia, argumenta para deixar a vaga para que um visitante venha a se sentar (já ouvi relatos de crentes que saíram com cara de poucos amigos), certamente está muito distante de negar-se a si mesmo e tomar a cruz para seguir a Cristo, como dito nas palavras de Jesus e relatado por Mateus (Mt. 16.24).

Aliás, devo registrar que tal ordem de Cristo também foi relatada por Marcos (8.34) e Lucas (9.23), mas escolhi propositadamente o apóstolo Mateus.

Certamente Mateus foi o discípulo que mais deixou, materialmente falando, para seguir a Cristo. Seus colegas, a maioria pescadores, tinham suas redes para voltar caso algo desse errado, Mateus não, como publicano ele havia comprado por grande soma o cargo que ocupava e não poderia regressar para o mesmo.

Como publicano era odiado por sua gente, pois seu ofício consistia em cobrar impostos dos judeus para a invasora Roma. Era um paria na sociedade, nem mesmo no templo ou nas sinagogas podia entrar. Em Lucas, capítulo 18, verso 13 (parábola do publicano e do fariseu) vemos que o publicano ficava ao longe.

Se para os judeus o publicano era um paria, para Roma, sua empregadora, ele não era alguém digno de confiança. Quem traía o seu próprio povo, com grande chance poderia trair também a nação estrangeira.

Mas quando instado a deixar seu cargo para seguir a Jesus ele se levantou da coletoria e o seguiu (Mt. 9.9).

Que facilidade em deixar tudo, negar a si mesmo e seguir a Jesus, mesmo sabendo que não haveria volta.

Que diferença daquele que tem dificuldade em deixar um lugar no banco da igreja.

Tal pessoa não vai à reunião da igreja para cultuar a Deus, vai para assistir ao culto (nunca entendi como alguém pode assistir aos cultos, como se assistisse a um jogo de futebol). A ideia não é ser servir, ser útil para o Reino de Deus, é ser servida.

Não vemos isso na Bíblia. Até mesmo no meio secular o empresariado já descobriu que é preciso servir para que empresa tenha sucesso (veja o livro de James C. Hunter “O monge e o executivo”). Muitos crentes ainda não descobriram a teologia da bacia e da toalha (João 13.4-17)

Jesus exemplificou isso ainda na parábola do bom samaritano (Lucas 10.29-37). O Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho em uma de suas pregações identificou as três teologias presentes nesta parábola:

a) A teologia dos assaltantes: O que é teu é meu;

b) a teologia dos religiosos: O que é meu é meu;

c) a teologia do samaritano: O que é meu é teu.

A conclusão final de Jesus é que somente o samaritano foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes.

Para quem tem tanta dificuldade em entender o caráter de serviço da vida cristã certamente há uma distância muito grande entre o um banco e a cruz.

Se você tem dificuldades em servir lembre-se: “quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. (Mateus 20.26-28

Fazendo isso, certamente você poderá deixar o banco e qualquer outra coisa que o impede de negar-se a si  mesmo, tomar a cruz e seguir a Jesus, dia após dia.

Deus o abençoe.


[1] Rm 10.17: “Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.”

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