terça-feira, 6 de março de 2012

CRISTIANISMO OU SABATISMO?

Foi-me retransmitida por uma irmã em Cristo e amiga, uma mensagem eletrônica que ela recebeu de um grupo chamado “amigos da Escola Bíblica”, que faz parte de um determinado seguimento religioso que defende a santidade do sábado frente aos demais dias da semana.

Faz parte central da teologia daquele grupo a guarda do sábado, nos moldes do judaísmo veterotestamentário, inclusive, tal guarda é fundamental para a salvação do fiel.

No e-mail que recebi, tal grupo fez o seguinte arrazoado:

"os seguidores de Cristo dedicavam o sábado como dia de adoração (ver, por exemplo, Atos 13:42-44; 16:12-13; 17:2; 18:4)".

Vejamos os textos bíblicos usados pelos “amigos da Escola Bíblica”, para verificarmos se suas assertivas possuem realmente fundamento bíblico (os textos abaixo transcritos são da Bíblia na tradução de Almeida, versão Revista e Atualizada):

“42. Ao saírem eles, rogaram-lhes que, no sábado seguinte, lhes falassem estas mesmas palavras.
43. Despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, e estes, falando-lhes, os persuadiam a perseverar na graça de Deus.
44. No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.” (Atos 13.42-44).

O texto é claro ao demonstrar que os ouvinte não eram seguidores de Cristo, ERAM JUDEUS (a versão de Almeida Revisada e Fiel traz assim o verso 42: "E, saídos os judeus da Sinagoga"), é claro que um judeu iria à Sinagoga no Sábado.

Próximo texto:
 “12. e dali, a Filipos, cidade da Macedônia, primeira do distrito e colônia. Nesta cidade, permanecemos alguns dias.
13. No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido.” (Atos 16.12-13).

Mais uma vez encontramos judeus reunidos em um sábado, veja o comentário de D.L. Moody (Cometário Bíblico Moody):

“13. Ao que parece não havia uma colônia judia ou sinagoga em Filipos. Dez homens eram suficientes para se constituir uma sinagoga. Havia, entretanto, um lugar de reunião informal de um grupo de mulheres judias e um certo número de homens tementes a Deus, fora da cidade, à beira de um rio. De acordo com o melhor dos textos, onde nos pareceu haver um lugar de oração deveria ser onde supúnhamos haver um lugar de oração. A palavra usada para lugar de oração, nas obras judias, tem sido usada como sinônimo de "sinagoga". Assentando-nos. A posição normal para o professor judeu.

Outro:

“Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras,” (Atos 17.2).

É estranho que os “amigos da Escola Bíblica” tenham omitido o verso 1 deste capítulo, vejamos:

Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus.” (Atos 17.1).

O texto afirma que eram judeus de uma sinagoga, é claro que se reuniriam no sábado, não eram Cristãos, dispenso-me de maiores comentários.

A última citação:

E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos.” (Atos 18.4).

O texto fala em judeus e gregos em uma sinagoga, os judeus a frequentavam no sábado, como era costume da lei, alguns gregos também frequentavam a sinagoga (prosélitos), mas NENHUM DELES ERA CRISTÃO:

Vou colacionar alguns comentários de MOODY sobre o assunto, inclusive, a omissão que os “amigos da Escola Bíblica” fazem quanto à conversão de um dos “principais da sinagoga”, como eram chamados os anciãos, os líderes proeminentes, veja-se:

4. Os sábados eram dedicados à pregação na sinagoga. Uma inscrição foi encontrada em Corinto datada do primeiro século, que dizia, "Sinagoga dos Hebreus".”

7. Ao lado da sinagoga judia estava uma casa que pertencia a um certo Tício Justo, um gentio "temente a Deus" (cons. observação sobre 10:2) que freqüentava a sinagoga. Ele abriu as portas de sua casa a Paulo para pregar o Evangelho quando o apóstolo deixou a sinagoga.
8. A conversão de Crispo, principal da sinagoga (veja 13:15), com a sua família deve ter sido um golpe para os judeus e deu um grande ímpeto à missão de Paulo. O batismo de Crispo foi mencionado em I Co. 1:14.”

Assim, os “amigos da Escola Bíblica” deliberadamente omitem e alteram a verdade dos fatos.

Nenhum dos textos citados fala de Cristãos, mas de Judeus.

É de bom tom destacarmos quem deve guardar o sábado:

“Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos,
mas o sétimo dia é um sábado para o Senhor, o teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu nem teu filho ou filha, nem o teu servo ou serva, nem o teu boi, teu jumento ou qualquer dos teus animais, nem o estrangeiro que estiver em tua propriedade; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu.
Lembra-te de que foste escravo no Egito e que o Senhor, o teu Deus, te tirou de lá com mão poderosa e com braço forte. Por isso o Senhor, o teu Deus, te ordenou que guardes o dia de sábado.” (Deuteronômio 5:13-15).

Por isso”, ou seja, por terem sido libertos do Egito pela ação de Deus, os JUDEUS deveriam guardar o sábado.

Bom, agora que já vimos que Cristãos não se reuniam no sábado, vejamos alguns fatos ocorridos no DOMINGO:

a) Jesus ressuscitou no Domingo:

Quando Jesus ressuscitou, na madrugada do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios.” (Marcos 16:9).

b) Os discípulos estavam reunidos no primeiro dia da semana quando Jesus:

Ao cair da tarde daquele primeiro dia da semana, estando os discípulos reunidos a portas trancadas, por medo dos judeus, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: "Paz seja com vocês!" (João 20:19 )

c) Cristãos (agora Cristãos de verdade) reuniam-se no Domingo, para celebrar a ceia do Senhor (Leia o texto integral se desejar, para verificar que realmente eram Cristãos):

No primeiro dia da semana reunimo-nos para partir o pão, e Paulo falou ao povo. Pretendendo partir no dia seguinte, continuou falando até à meia-noite.” (Atos 20:7).

d) Cristãos separando ofertas para auxiliarem irmãos em dificuldades:

“Quanto à coleta para o povo de Deus, façam como ordenei às igrejas da Galácia.
No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar.” (1 Coríntios 16:1-2).

Gostaria de destacar o que eu considero um dos pontos doutrinários mais capengas deste seguimento religioso que sacraliza o sábado, que é:

mais importante em toda essa história é ter a Jesus, o ‘Senhor do sábado’ (Mateus 12:8; Lucas 6:5), como o Senhor da sua vida. E, ao observar o dia que Ele guardou, você estará evidenciando pelo menos mais três coisas:” (texto extraído do e-mail que recebi).

Vou colacionar o texto que eles apresentam:

Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.” (Mateus 12.8).

Agora a passagem completa, porque não se faz uma boa exegese de fragmento de texto:

“1. Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, estando os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer.
2. Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado.
3. Mas Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome?
4. Como entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes?
5. Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo:
6. aqui está quem é maior que o templo.
7. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes.
8. Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.” (Mateus 12.1-8).

A discussão é exatamente no sentido oposto, os Fariseus, que eram estudiosos da lei, criticaram os discípulos POR NÃO OBSERVAREM O SÁBADO.

Jesus diz que é Senhor do Sábado, e não o Sábado é seu senhor.

Um servo assim o é, por servir a um Senhor. Nós servimos a Jesus, não ao sábado.

Também é interessante que ele omitem a parte “misericórdia quero e não holocaustos (algumas versões trazem “sacrifícios”), verso 7.

Eles omitem isso porque a guarda do sábado é algo ritualístico, não é essência. O que esse versículo afirma é que Jesus não quer seguidores formais, não é o sábado, é QUEM criou o sábado, o domingo, a segunda a terça...

Qual a diferença em santidade de um dia para o outro? Seremos obedientes a Deus por nos reunirmos em UM DIA específico da semana?

Veja os textos que eles colocam como meio de amedrontar seus seguidores:

“3) Que o ama e decidiu obedecê-Lo – pois a obediência é uma prova de amor a Deus – João 14:15.
Deixo-lhe alguns textos bíblicos para reflexão:
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.Apocalipse 2;10.

“Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.”Atos 5:29.

Se a doutrina do sabatismo fosse tão importante quanto apregoada por este seguimento religioso, não é estanho que Jesus NUNCA tenha ordenado a ninguém a guarda do sábado.

Ele ordenou que amássemos a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos (Mc 12.28-33), ordenou que pregássemos a palavra (Mt 28.19-20) entre outras coisas, mas não a guarda do sábado.

Ser fiel a Deus não é guardar o sábado, ou o domingo, ou a segunda... é muito mais que isso.

A guarda do sábado esta ordenada aos Judeus em Deuteronômio 4.12, 14-15, que diz assim:

“12. Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o SENHOR, teu Deus.  (...)
14. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro das tuas portas para dentro, para que o teu servo e a tua serva descansem como tu;
15. porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado.” (Deuteronômio 5.12, 14 e 15).

Consoante o texto, o sábado é para os Judeus, os Cristãos não estiveram no Egito como escravos.

Jesus é categórico ao asseverar que o cristianismo não é a repristinação do Judaísmo (muito embora algumas igrejas tentem ressuscitar o judaísmo em sua eclesiologia), há uma superioridade sem mensuração na revelação completa em Cristo Jesus, veja:

“14. Vieram, depois, os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós, e os fariseus [muitas vezes], e teus discípulos não jejuam?
15. Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.
16. Ninguém põe remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura.
17. Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam.” (Mateus 9.14-17).

O judaísmo, com o templo, as sinagogas, os sábados e festas são odres velhos, vestes velhas. Por isso vivemos o evangelho (BOAS NOVAS), não a lei.

Ressalte-se que a Igreja Cristã, no primeiro Concílio realizado (o Concílio de Jerusalém), fixou quais seriam as práticas que os cristãos não-judeus deveriam observar. É curioso que o sábado (nem qualquer outra festa ou dia judaico), nem a circuncisão, tenham sido inclusos como de guarda obrigatória pelos Cristãos, vou destacar apenas alguns versículos de Atos, capítulo 15, colacionar o texto integral tornaria muito extenso este comentário, mas vale a leitura integral na Bíblia:

Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.
Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão.
E eles, sendo acompanhados pela igreja, passavam pela Fenícia e por Samaria, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos.
E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles.
Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.
Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.” (Atos 15:1-6).

A contenda era a seguinte: Os judeus queriam que os gentios guardassem a lei de Moisés (entre ela a guarda do sábado), veja o que foi decidido:

“Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus.
Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.” (Atos 15:19-20).

Só isso foi exigido dos gentios, ou seja, daqueles que não são judeus. Em tal relação não encontramos a guarda do sábado.

O apóstolo Paulo diz que o Cristão que considera um dia da semana diferente de outro e come só verduras e legumes é “FRACO NA FÉ” (versão NVI), mas que devemos acolher esta pessoa, veja o texto de Romanos 14, versos 1-6:

Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos.
Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais.
Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou.
Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar.
Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente.
Aquele que considera um dia como especial, para o Senhor assim o faz. Aquele que come carne, come para o Senhor, pois dá graças a Deus; e aquele que se abstém, para o Senhor se abstém, e dá graças a Deus.” (Romanos 14:1-6).

Não sou sabatista, sou Cristão, sirvo a Jesus, não sou escravo de nenhum dos dias da semana, procuro mesmo com minhas grandes imperfeições ser um servo fiel todos os dias, como Paulo diz:

“1. Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus,” (Romanos 1.1).

Os sabatistas dizem que sem observar a guarda do sábado a pessoa não vai para o céu, mesmo tendo recebido a Jesus como senhor e salvador. A Bíblia não diz isso:

“9. Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Romanos 10.9-10).

Não podemos ter dois senhores. Portanto temos que escolher a quem servir, a Cristo ou ao sábado (Mt. 6.24).

Em Cristo,

Marcos Milagre

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