segunda-feira, 5 de março de 2012

A CRUZ NOSSA DE CADA DIA TOMEMOS HOJE

“A CRUZ NOSSA DE CADA DIA TOMEMOS HOJE”
(Lucas 9.23)
Mensagem preparada para pregação na PIB Linhares, em 22/01/2012, manhã.

Bom dia, por gentileza, abram suas Bíblias no Evangelho de Lucas, capítulo 9. Nós leremos apenas o verso 23. Eu farei a leitura na versão de Almeida Século XXI.

A palavra de Deus nos diz assim:

23. Jesus disse a todos: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9.23).

INTRODUÇÃO:

A figura da cruz tem sido interpretada de muitas formas desde que Jesus subiu o monte calvário.

Este versículo em particular, tem sido usado para justificar as mais diferentes condutas dos homens ao longo da história, algumas as mais esdrúxulas possíveis. Muitas esquisitices surgiram da análise equivocada deste versículo.

Mas o texto fala do convite de Cristo para que o sigamos, sobre a forma como o discípulo de Jesus deve seguí-lo.

Assim, para a nossa compreensão, eu gostaria que nós pensássemos em apenas três aspectos sobre o tomar a cruz e seguir a Cristo.

E o primeiro aspecto que eu destaco é que:

1) Tomar a cruz é uma escolha e também uma condição para o discípulo de Cristo (v. 23).

23. Jesus disse a todos: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9.23).

Nós vemos algo que é muito peculiar no Cristianismo e que nos distingue de outras religiões, nós não somos compelidos, não somos obrigados a sermos Cristãos. Em apocalipse 3.20, vemos que Jesus bate à porta, ele não a arroba.

No verso que lemos, da mesma forma, Jesus fala aos seus ouvintes que “se alguém quiser” seguí-lo, “tome” a própria cruz.

Ninguém pode dizer: “Tornei-me um Cristão na marra”. É uma escolha voluntária.

A cruz não foi um acidente de percurso. Desde a eternidade a cruz já estava reservada para que Cristo morresse pelos nossos pecados.

Os mulçumanos dizem que Jesus foi um profeta, mas ele não foi tão esperto quanto Maomé, pois ele se deixou apanhar, Maomé não, ele foi esperto, quando quiseram matá-lo ele fugiu.

Não é isso que a Bíblia diz, no livro de Atos, capítulo 2, verso 23, nós encontramos o apóstolo Pedro afirmando que Jesus foi entregue por determinação e presciência de Deus:  

“A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;” (Atos 2:23).

Jesus não passou pela cruz por não ter sido um hábil fugitivo, a cruz estava no coração da Trindade desde a eternidade.

Da mesma forma, no livro de Apocalipse, João afirma que o cordeiro foi morto desde a fundação do mundo:

E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Apocalipse 13:8).

Mas para que ninguém diga que estes textos foram escritos em um momento posterior à crucificação, para não deixar dúvida, abra sua Bíblia no Salmo de nº 26, o Salmo do Servo Sofredor, verso 16:

“16. Pois cães me rodeiam; um bando de malfeitores me cerca; perfuraram-me as mãos e os pés.”

Um Salmo escrito mais de mil anos antes de Cristo fala de um crucificado.

Os judeus não tinham uma palavra para cruz, porque ela não fazia parte da vida deles quando o salmo foi escrito, por isso os tradutores quebraram a cabeça para entender o que o texto hebraico dizia. A cruz foi um instrumento de execução, inventado pelos fenícios e adotada pelos romanos para executar apenas os piores criminosos.

Isto nos faz refletir sobre o fato de que a Trindade, desde a eternidade decidiu que o Deus-Filho se tornaria homem para morrer naquela cruz no Calvário.

Foi uma decisão, não uma obrigação, ninguém poderia obrigar a Cristo a tomar sobre si a cruz.

Para você e eu a cruz tem também a natureza voluntária. Deus não coloca cruz sobre os nossos ombros.

Você já deve ter ouvido alguém dizer: “há, eu tenho que aguentar essa situação porque foi Deus quem me deu essa cruz”.

Deus não dá cruz a ninguém, ele diz que nós devemos tomá-la. A forma grega para tomar sobre si (airó), tem essa exata idéia: a de erguer, levantar, tomar sobre si.

Somos eu e você que, ao ouvir o chamado de Cristo, decidimos erguer a nossa cruz, lançá-la sobre nós e seguirmos o mestre Jesus.

Mas nós não podemos caracterizar a cruz somente como uma decisão, nós também podemos dizer que, além de ser uma opção, tomar a cruz também é uma condição para ser discípulo de Cristo, para ser um autêntico Cristão.

Hoje temos muitas pessoas oferecendo um evangelho fácil, um evangelho descompromissado, um evangelho que não passa pela Cruz.

Essas pessoas oferecem prosperidade, e a infinidade de bens materiais que a acompanham (casas, carros, negócios bem sucedidos) e cura física (não a espiritual), mas a cruz não faz parte da vida delas.

Jesus curou muitas pessoas, e alimentou outras tantas, mas ele advertiu essas pessoas sobre segui-lo por interesse, veja o que ele disse no Evangelho de João, capítulo 6, verso 26:

“Jesus lhes respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e ficastes satisfeitos.”

Inúmeras pessoas o seguiam por puro interesse, a cruz nunca fez parte da vida delas.

Ao longo do capítulo 6 do evangelho de Mateus Jesus faz uma exposição sobre a única forma de ser um discípulo autêntico.

Os que o seguiam por interesse, ao verem a verdadeira forma de ser um discípulo de Cristo por fim afirmaram, capitulo 6 de João, verso 60, parte “b”: “Esta palavra é dura; quem a pode suportar?

E no verso 66 nós lemos: “Por causa disso, muitos de seus discípulos voltaram atrás e deixaram de seguí-lo”.

Ser um verdadeiro discípulo, tomar sobre si a cruz é uma palavra muito dura, quem a pode suportar? Somente aqueles que estão dispostos a tomar sobre si todos os dias a própria cruz. Essa é a resposta.

Muitos deixaram de seguí-lo por buscarem uma cruz leve, uma cruz de aparência, sem compromisso.

Mas servir a Cristo importa em estar disposto a passar por tudo aquilo que Cristo passou, pela rejeição, pela incompreensão de um mundo que não o conhece e não entende porque agimos como agimos.

Para seguir a Cristo precisamos estar dispostos a afirmar, como o apóstolo Paulo em Gálatas 2, versos 19-20:

“19. Pois, pela lei, eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo.
20. Portanto, não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim. E essa vida que vivo agora no corpo, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.”

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Galup nos Estados Unidos há alguns anos perguntou se as pessoas que se diziam cristãs aplicavam no seu dia-a-dia os ensinos cristãos. Apenas 10% das pessoas disseram que sim. É um pena.

Mas e nós, nós que tomamos a decisão livre de seguir a Cristo, como e, principalmente, porque, estamos seguindo a Cristo? Que tipo de cruz estamos tomando para sermos reconhecidos como Cristãos?

Nós precisamos pensar nisso todos os dias, isso é um assunto fundamental, pois trata de seguir a Cristo, não é algo para ser tratado de forma leviana ou para ser negligenciado.

Para que nós aprofundemos essa idéia de como seguir a Cristo todos os dias, eu gostaria de ingressar segundo aspecto do texto que lemos que é o seguinte:

2) A cruz deve ser tomada todos os dias, durante todo o dia (v. 23).

23. Jesus disse a todos: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9.23).

A cruz de Cristo deve ser uma constante em nossa vida, a condição para sermos discípulos é a de tomarmos “a cada dia” a nossa cruz.

A cada dia, todos os dias.

Isto pode parecer tão corriqueiro, não é?

Então responda mentalmente, apenas para você e Deus?

TODAS as suas decisões são pautadas pelo que Cristo espera que você faça?

Como temos conduzido a nossa vida profissional, a nossa vida estudantil, a nossa vida familiar?

Será que tudo aquilo que fazemos nestas áreas da nossa vida estão de acordo com o que Cristo espera de nós?

Eu não estou julgando você, ou fazendo uma análise comportamental, pois nós estamos no mesmo barco: o de pecadores arrependidos e regenerados pela Graça de Deus, em um caminho chamado santificação.

Eu li um livro recentemente chamado “Em seus passos o que faria Jesus”, de Charles Sheldon - eu acredito que muitos irmãos aqui o tenham lido - é um livro de ficção escrito no final do século 19, que trata de um grupo de pessoas de uma igreja que decidiu que no prazo de um ano não tomaria uma única decisão sem se perguntar antes: “O que Jesus faria no meu lugar”.

As situações vividas e as respostas que eles deram a diversas situações foram surpreendentes, eles tomaram decisões baseadas naquilo que acreditavam que seria o que Cristo faria, e enfrentaram muitas dificuldades, mas tinham o coração em paz. Eu recomendo a leitura.

Mas a questão é a seguinte: Será que nós pensamos em qual seria a decisão que Cristo tomaria quando temos que decidir algo?

E ainda mais importante, será que estamos dispostos a assumir consequencias por vezes danosas para nossos negócios, para nosso rendimento escolar, para nossa imagem na comunidade? Estamos dispostos a ter algum tipo de “prejuízo” por amor a Cristo? Por tomar a nossa cruz e seguir a Cristo?

Ao ler o livro eu fiquei refletindo sobre isso por muitos dias: - Será que eu estou tomando a cruz de Cristo todos os dias, durante todo o dia e em todas as áreas da minha vida?

Será que eu tenho realmente carregado a minha cruz da forma que Cristo deseja?

Essas são perguntas que devemos nos fazer.

Nós não podemos ser inconstantes ou incoerentes no nosso comportamento como Cristãos. Ao tomar a cruz todos os dias nós temos que ter a compreensão que não somos cristãos apenas nos horários de culto ou nos momentos em que temos algum irmão próximo a nós, para nos comportamos como Cristãos para sermos vistos pelos conhecidos.

Lembre-se: O nosso compromisso de levar a cruz todos os dias e o dia todo é com Deus, e a Bíblia nos diz que “Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.” (Provérbios 15:3)

Temos que ser firmes no nosso compromisso em sermos cristãos, sabendo que é com Jesus Cristo que firmamos esse compromisso.

Para isso nós também temos que tomar cuidado com as influências que o mundo pode lançar sobre nós. E como o mundo tenta nos desorientar! Mas é mais preocupante as influências de algumas “igrejas” que com doutrinas estranhas à Bíblia tentam nos desorientar.

O apóstolo Paulo, na carta escrita aos efésios, nos alerta sobre a necessidade de sermos constantes, não deixando que nada que não provenha de Deus nos afaste do nosso compromisso de tomarmos todos os dias a nossa cruz (Efésios 4.14):

 “14. Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.
15. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,” (Efésios 4:14).

Cresçamos em tudo que diz respeito a Jesus Cristo, nosso Senhor, e sejamos sempre constantes no nosso compromisso de tomar a cada dia a nossa cruz.

É por isso que o versículo também fala e negação de nós mesmos.

Quem não coloca o desejo de seguir a Cristo acima de seus próprios interesses vai encontrar dificuldades ainda maiores em tomar a sua própria cruz para a glória de Cristo.

Pergunte-se sempre, o que eu estou fazendo glorifica a Cristo? Cristo faria isto? Como ele decidiria isso? Então nós estaremos demonstrando que verdadeiramente negamos nossos próprios desejos e tomamos sobre nós a nossa cruz e estamos seguindo ao Senhor Jesus.

Há ainda uma idéia relevante neste texto para o nosso crescimento que é a seguinte:

3) A cruz é o que é. (verso 23).

“23. Jesus disse a todos: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9.23).

A palavra grega usada para cruz é “staurós” e significa cruz, mas eu gostaria de ler o que o comentário Bíblico de Strong traz sobre os significados dessa palavra:

1) cruz
1a) instrumento bem conhecido da mais cruel e ignominiosa punição, copiado pelos gregos e romanos dos fenícios. À cruz eram cravados entre os romanos, até o tempo de Constantino, o grande, os criminosos mais terríveis, particularmente os escravos mais desprezíveis, ladrões, autores e cúmplices de insurreições, e ocasionalmente nas províncias, por vontade arbitrária de governadores, também homens justos e pacíficos, e até mesmo cidadãos romanos.
1b) crucificação à qual Cristo foi submetido.

A CRUZ É O QUE É.

Parece uma afirmação óbvia em si mesma, mas não é. Ao menos não é a compreensão que o mundo tem da cruz.

O mundo tem entendido a cruz como diversas coisas.

Nós já vimos as mais diversas esquisitices.

Tem gente que faz uma cruz literal para carregar, de madeira, e arrasta a dita cruz até alguma igreja e deposita ali como forma de obter alguma benção.

Outros não se satisfazem em apenas carregar a cruz, nas Filipinas vemos anualmente alguns homens que são crucificados para imitar o sacrifício de Cristo.

Eu não sei se todos se lembram do filme “A paixão de Cristo”, ele possui cenas muito fortes da crucificação de Jesus, mas eu me lembro que muitas pessoas criticaram o filme, disseram que ele era muito violento, ELE ERA CHOCANTE.

Muitos querem uma cruz de acordo com seus próprios interesses. Para uns ela é apenas um pingente, uma bijuteria, um patuá, um amuleto para dar boa sorte.

Para outros ela é a lembrança de algo muito violento, então deveria ser substituída por algo mais agradável, menos impactante.

MAS CRUZ É CRUZ, ELA É EXATAMENTE ISSO.

Carregar a cruz todos os dias pode ser cansativo. É preciso saber onde se quer chegar para não ficarmos desestimulados na caminhada. Vocês já observaram como é difícil construir algo e como é fácil destruir. Leva-se meses, até anos, para se construir um prédio, mas para implodi-lo basta alguns segundos.

Devemos saber que ser um Cristão autentico todos os dias não é fácil. Atingir a “medida da estatura completa de Cristo” como está escrito em Efésios 4.13, requer perseverança e muito tempo dedicado às orações e à leitura da Bíblia.

Mas a Cruz também é algo que pode machucar quem se dispõe a carregá-la. E como podemos ser machucados por alguns no mundo se decidirmos levar a sério o compromisso de carregar todos os dias a nossa cruz.

Você já foi chamado de fanático, ou outro termo depreciativo por ser um Cristão e por se comportar assim. Alguém no seu trabalho, ou no seu núcleo de amigos ou até mesmo na sua própria família já machucou você com palavras ofensivas pela sua decisão de seguir a Cristo?

Não se espante com isso, essas pessoas ainda não conseguem compreender como é maravilhoso tomar todos os dias a cruz e seguir a Jesus, como é bom manter o compromisso que firmamos com Ele no dia em que nos convertemos.

Paulo retrata essa incompreensão em 1 Coríntios, capítulo 2, verso 14:

Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” (1 Coríntios 2:14).

A verdadeira cruz não é bonita nem é agradável para o mundo, ele não nos entende.

Mas isso não deve nos desestimular, ao contrário, por sabermos exatamente o que significa tomar a cruz de cristo, e o quanto é maravilhoso servir a Cristo, o tamanho do privilégio de seguir ao Senhor Jesus, isto deve nos servir como estímulo para levarmos o evangelho da cruz a quem ainda não a conhece.

Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.” (1 Coríntios 2:2)

Por isso eu disse que a cruz é o que é, nós não podemos mudar o seu significado, o seu alcance, o seu Poder, porque é tomando a cada dia a nossa própria cruz que nos comprometemos com Cristo, que entendemos a nossa dependência de Jesus e assim compreendemos que devemos viver uma vida, nos mínimos detalhes, de acordo com o que Cristo espera de nós.

CONCLUSÃO:

1) TOMAR A CRUZ É UMA ESCOLHA E TAMBÉM UMA CONDIÇÃO PARA O DISCÍPULO DE CRISTO.

2) A CRUZ DEVE SER TOMADA TODOS OS DIAS, DURANTE TODO O DIA.

3) A CRUZ É O QUE É.

Como temos tomado as nossas decisões? Como você tem tomado as suas decisões?

Você pode dizer que Jesus tomaria essas mesmas decisões? O que você fala ou pensa? Cristo poderia falar ou pensar as mesmas coisas? Tomar a nossa Cruz importa em viver de acordo com os padrões de Cristo, esse deve ser o nosso alvo, até atingirmos a “medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4.13).

Curve a sua cabeça neste momento, feche os seus olhos, vamos orar, e, neste momento, se você entende que precisa da ajuda de Cristo para tomar todos os dias a sua cruz e segui-lo tomando todas as suas decisões de acordo com Jesus tomaria, coloque isso diante de Deus em oração.

Mas é importante que nós não saíamos deste local sem ter a convicção de que devemos tomar a nossa cruz, verdadeiramente, todos os dias e o dia todo, em cada decisão, ainda que pareça mínima para que somente o nome de Cristo seja glorificado.

ORAÇÃO.

2 comentários: